Resumo
O projeto teve como objetivo principal o aumento do peso dos vagões carregados com minério de ferro (MFe) no Terminal Ferroviário de Andaime (TFA), através do acompanhamento via balança de fluxo do peso em toneladas carregado em cada vagão. Todo o trabalho foi desenvolvido pela metodologia Seis Sigma.
O TFA é o maior terminal de expedição do sistema sul da Vale, e foi detectado um gap entre a tonelada útil disponível do vagão versus a tonelada útil realizada.
A aplicação de ferramentas estatísticas permitiram analisar o comportamento dos focos definidos no projeto, através da análise do peso médio de acordo com o tipo de pilha de cada produto, equipe, silo de carregamento e tipo de vagão.
A partir da análise do processo de carregamento que possibilitou o conhecimento das variáveis que influenciam no peso médio, foram criadas ações que permitiram alavancar o peso médio dos vagões. No período de março/16 até maio/16 verificou-se um aumento de 2,72 toneladas por vagão, saindo de um patamar médio do baseline de 103,8 ton/vg para 106,52 ton/vg. Isso possibilitou uma redução potencial de R$ 0,09/ton no frete ferroviário pago à MRS Logística, que aplicado na massa transportada anualmente gera uma economia da ordem de R$ 7 milhões de reais.
Como conclusão percebemos que o resultado alcançado permitiu uma mudança de patamar no peso médio da diretoria de ferrosos Sul da VALE, melhorando a eficiência dos ativos ferroviários, sem impactar no equilíbrio dos pesos entre eixos, demonstrando que o resultado é sustentável e alinhado aos valores de saúde e segurança da empresa.
Palavras chave: peso médio dos vagões, focos definidos no projeto, análise do processo e frete ferroviário.
1 INTRODUÇÂO
O Terminal Ferroviário de Andaime é o maior terminal de expedição do sistema Sul (VALE), sendo responsável por expedir as produções das unidades de Abóboras, Vargem Grande e Pico, que atualmente corresponde a 70% da expedição total deste sistema.
Devido à grande escala de expedição do TFA e o desafio de redução de estoques destas unidades, é latente a busca por maior eficiência de expedição e redução de custos.
Foram realizadas análises e constatado um gap entre a tonelada útil disponível do vagão versus a tonelada útil realizada.
O Indicador utilizado no projeto será: PESO MÉDIO DOS VAGÕES CARREGADOS COM MFe no TFA em unidade de Toneladas/vagão.
- Quantidade Tonelada Líquida Carregada = é o peso de MFe carregado num determinado vagão ou grupos de vagões, medido pelo balança de fluxo da correia transportadora do sistema de carregamento.
- Número de Vagões Carregados = é a quantidade de vagões carregados.
2 DESENVOLVIMENTO
Todo o projeto foi desenvolvido seguindo a metodologia Seis Sigma, que em suma caracteriza-se por conceitos, pacotes de ferramentas estatísticas e de análises visando a redução de variabilidade no processo estudado. Se a variabilidade é reduzida em torno de valores considerados ótimos, ocorrerá a otimização progressiva do processo e a redução das ineficiências como falhas, erros, desperdícios, retrabalhos. Todo o trabalho foi acompanhado por orientadores Seis Sigma internos da VALE, sendo aplicado o mapa de raciocínio, utilizado pela VALE para aplicação do PDCA (Plan, Do, Check, Action).
Fonte: Mapa de raciocínio programa Seis Sigma VALE
Figura 2. Fases metodológicas
Os dados de peso médio por tipo de MFe são oriundos do GPROD, o tipo de vagão é fornecido pela empresa que realiza o transporte ferroviário chamada MRS Logística, e as informações de operador e turma são provenientes do controle do TFA. Esses dados são extraídos e compilados formando um banco de dados e logo após as informações são utilizadas para construir os gráficos de monitoramento. A seguir temos o gráfico contendo o comportamento histórico do indicador:
Para o estabelecimento da meta geral foi utilizado o baseline de outubro/14 até junho/15 e aplicado a metodologia da lacuna.
A meta geral definida é aumentar o peso médio total de MFe do Terminal Ferroviário de Andaime em 0,93 Ton/vagão, saindo de 103,80 Ton/vg para 104,73 Ton/vg, até fevereiro/16.
Após estabelecimento da meta geral deu-se início a análise do fenômeno, através da estratificação dos dados, e foi definido 14 focos de atuação estratificados por tipo de vagão e pilha de origem:
Uma vez definidos os 14 focos acima foram feitos a variação de cada um deles, onde observou-se também diferenças de pesos médios entre silo de carregamento, turno e equipe. E na sequencia foram estabelecidas as metas específicas de cada foco, seguindo a metodologia da lacuna.
A seguir temos o exemplo para 1 foco, onde a mesma estratificação foi realizada para os demais.
FOCO 1: Lump Ore da usina de Vargem Grande com peso médio do vagão GDU abaixo da capacidade. (GDU LO VGR )
Uma vez estabelecidas as metas específicas procederam-se a identificação das causas potenciais dos problemas. Foi realizado o mapeamento do processo de carregamento do TFA e através das técnicas de brainstorming e 5 porquês foram aplicadas em conjunto com o diagrama de causa e efeito pela equipe de trabalho em busca das causas potenciais de cada foco do problema.
Foram levantadas 33 causas potenciais de impacto nos focos identificados, a partir daí foi realizada uma priorização das causas levando em consideração impacto sobre o peso médio, peso bruto por eixo e autonomia. Foram priorizadas 12 causas e em seguida realizado a comprovação das causas.
Uma vez comprovadas as causas, elaborou-se um plano de ação para mitigação dos impactos. Foram, então, tomadas ações pontuais através de campanhas de conscientização, mudanças em procedimentos operacionais, alterações e incrementos em modelo de carregamento, treinamentos, intercâmbio entre operador e maquinista, e o incentivo à conscientização da necessidade de uma mudança cultural.
- Redução de R$ 0,09 na tarifa média paga à MRS no modelo tarifário vigente, e que aplicado ao orçamento de 2016 do sistema sul corresponde há uma economia de R$ 6.948.282,26 no frete, validado pela gestão econômica da VALE. Redução de 0,42%.
- Aumento médio de 2,72 toneladas por vagão sem impactar no indicador
ferroviário. - Aumento potencial de volume expedido no ano, que corresponde há um ganho de 1,283 milhões de toneladas. Um aumento de 2,62%!
- Registrado aumento médio de 2,72 toneladas por vagão, possibilitando melhor aproveitamento da TU do vagão.
- Redução de 66% da variabilidade dos pesos médios.
- Processo se tornou super capaz (PPK=2,53).
- Todas as metas específicas (dos focos) foram superadas.
- Maior integração entre as áreas de operação e planejamento do sistema sul.
- Melhoria na moral da equipe.
- Maior sinergia entre os operadores de carregamento e maquinistas da MRS.
4 CONCLUSÂO
O aumento do peso médio dos vagões carregados no Terminal Ferroviário de Andaime resultou numa mudança significativa de patamar, percebido pela Diretoria de Ferrosos Sul da VALE, e consequentemente na melhor utilização da capacidade do vagão, melhorando a eficiência dos ativos ferroviários.
A análise de cada foco permitiu verificar diferentes ganhos de pesos médios, onde comprovou-se que cada foco tem desempenho diferente.
O importante indicador ferroviário de peso bruto por eixo não sofreu alteração, embora aumentamos o peso médio total do vagão a distribuição entre eixos se manteve praticamente constante antes e depois do projeto, aliados aos valores de saúde e segurança da VALE.
Sabe-se que a formação de uma cultura é um processo complexo, percebemos que o trabalho em equipe quando realizado de forma estruturada e aliado à metodologia Seis Sigma potencializa resultados incríveis, e que também é fundamental o respeito e envolvimento da equipe operacional na busca do entendimento e soluções dos problemas.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos nossos gestores pelo desafio a nós confiado, ao apoio fundamental da Cláudia Almeida e Roberta Chendes que contribuíram com orientações técnicas e análises estatísticas. Agradecemos especialmente aos operadores, técnicos de planejamento e técnicos de apoio administrativo, que com o comprometimento e empenho com o projeto, possibilitaram a superação da meta.
Agradecemos também às equipes de manutenção mecânica, elétrica e automação pelo apoio no levantamento de informações e implementação das ações.
REFERÊNCIAS
PROGRAMA SEIS SIGMA VALE – Green Belts
Conheça os autores do projeto
Adriano Marques Braga – Graduado em Engenharia de Telecomunicações pela FUMEC e pós-graduado em Gestão de Projetos pela IBMEC. Trabalha na Vale desde 2002. Atualmente ocupa o cargo de Engenheiro.
André Toledo Alves – Graduado em Engenharia de Telecomunicações pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC). Trabalha na Vale desde 2004. Atualmente ocupa o cargo de Engenheiro.
Ronaldo José Tete – Graduado em Engenharia de Produção pela Faculdade Pitágoras. Trabalha na Vale desde 2004. Atualmente ocupa o cargo de Engenheiro.
Tiago Pessoa de Ávila – Graduado em Engenharia de Produção pela Faculdade Pitágoras e pós-graduado em Gestão de Produção pela UFV. Trabalha na Vale desde 2012. Atualmente ocupa o cargo de Engenheiro
Fonte: Revista Minérios & Minerales