A indústria brasileira de cimento registrou no primeiro trimestre a venda de 15,6 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 5,9% em comparação ao mesmo período do ano passado. Dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) apontam que em março, a alta foi de 5,2% frente ao mesmo mês de 2024, com 5,3 milhões de toneladas comercializadas do produto. Apesar de um início do ano positivo, a projeção para 2025 é de um crescimento mais modesto, entre 1% e 1,5%. De acordo com o sindicato, o desempenho dependerá da evolução da economia, da política monetária e dos investimentos em infraestrutura e habitação.
A produção de cimento no Brasil está dividida em 12 grupos, de médio e grande porte (sete nacionais, quatro estrangeiros e um de capital compartilhado), além de 11 pequenas empresas com foco microrregional. São mais de 90 fábricas, controladas por 23 grupos industriais e espalhadas pelas cinco regiões. De acordo com dados publicados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Cimento, relativos a 2022, a produção atual é de 63,5 milhões de toneladas por ano – capacidade de 94 milhões de toneladas.
Uma destas empresas é a Cimento Planalto S.A. (Ciplan), fundada em 1968, em Brasília, e uma das primeiras e poucas cimenteiras genuinamente brasileiras que atuam no país. Cimento é o produto de uma atividade industrial integrada, obtido a partir da lavra e do beneficiamento de calcário e argila: a industrialização ocorre mediante moagem, homogeneização e produção da farinha (mistura crua) e posterior processamento físico-químico em clínquer (cimento não pulverizado) e respectiva moagem.
Produtos fabricados pela Ciplan estão presentes em obras grandiosas na capital federal, como a Catedral de Brasília, o estádio Mané Garrincha e a Ponte JK. Possui uma fábrica de cimento, duas pedreiras, 14 usinas de concreto e cinco centros de distribuição no Brasil – Minas Gerais (Uberlândia, Uberaba e Belo Horizonte), Tocantins, São Paulo (capital e interior), Mato Grosso do Sul e Goiás (Rio Verde, Caldas Novas, Goiânia e Valparaíso de Goiás).
Opera, principalmente, no Centro-Oeste e distribui para as regiões Norte, Nordeste e Sudeste nos segmentos de cimento, argamassa, agregados e concreto.
A Ciplan iniciou as operações em 1969, na DF-205, km 2,7, em Sobradinho (DF). A fábrica matriz fica na região operária de Fercal, formada por 14 comunidades que tiveram papel fundamental na construção de Brasília e conhecida, principalmente, por duas fábricas de cimento, entre elas a Ciplan, além de por inúmeras empresas de exploração de minério.
Desde 2019, faz parte do grupo francês Vicat, que tem origem em Louis Vicat – que inventou o cimento artificial em 1817 – e operações em 12 países. Com 56 anos de tradição e expertise, a Ciplan oferece produtos de excelência, submetidos a rigorosos controles de qualidade em todas as etapas de produção. A empresa tem compromisso com o aprimoramento tecnológico e aumento da capacidade produtiva. Realizou, recentemente, um investimento estratégico com a aquisição de um britador Roller Press e peneiras de alta frequência, ampliando a produção de areia para argamassa.
Perspectivas do setor
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, ainda que o volume aportado pela iniciativa privada e pelo poder público no setor de infraestrutura tenha evoluído, não é suficiente para superar a baixa performance em setores como transportes e logística, que afetam a competitividade brasileira. A atualização do marco legal das concessões será um movimento importante para impulsionar o investimento em infraestrutura.
Na comparação por dia útil, as vendas de cimento registraram em março 244,9 mil toneladas, um crescimento de 5,6% em comparação a fevereiro e de 10,1% em relação a igual período de 2024. Assim, o resultado trimestral apresentou uma alta de 6,0% ante os três primeiros meses do ano passado. O resultado é atribuído ao contínuo aquecimento do mercado de trabalho e renda da população, com recorde da série histórica da massa salarial e carteiras assinadas em fevereiro de 2025, além da taxa de desemprego, que foi a menor para um trimestre desde 2014, quando marcou 6,8%.
Para os próximos anos, a Ciplan projeta uma expansão significativa no mercado de agrominerais, onde já atua com calcário agrícola dolomítico de alta qualidade, beneficiado por meio da tecnologia de moinhos verticais de rolos, que proporcionam excelente grau de finura, fator essencial para a eficiência agronômica.
A Mina Fercal, em operação desde 1968, surgiu como resposta à crescente demanda de cimento impulsionada pela construção da nova capital federal. Com uma produção anual de 5,8 milhões de toneladas ROM e recursos minerais estimados em 517 milhões de toneladas (base 2024), a unidade é essencial para o fornecimento de cimento, agregados e insumos agrícolas.
A mina opera em sistema a céu aberto, com profundidade de 220 metros e dimensões da cava de 1.155 x 1.020 metros. Toda a operação é conduzida, em sua maioria, com equipamentos e equipes próprias: três perfuratrizes DTH Furukawa, seis escavadeiras e uma pá carregadeira Volvo de médio porte, além de 24 caminhões Volvo FMX.
O desmonte de rochas é realizado com o apoio técnico da Enaex, por meio da aplicação de Engenharia de Desmonte, garantindo segurança e alta performance nas detonações. Todo o processo é monitorado por um sistema de despacho em tempo real, que controla 100% da frota e gera relatórios analíticos por meio da plataforma Power BI.
Processamento de alta capacidade
A planta de britagem da Ciplan conta com dois britadores primários instalados no interior da mina: um britador giratório com capacidade superior a 1.500 t/h e um britador de barras de impacto com capacidade superior a 1.800 t/h.
Após a britagem primária, o minério é direcionado para pilhas de homogeneização, que abastecem os processos subsequentes. Parte do material segue para as moagens de cru, responsáveis pela produção de clínquer, componente essencial do cimento. Outra parte segue para a britagem secundária e terciária do tipo hidrocônicos, onde é classificada em peneiras com diferentes granulometrias, de acordo com os padrões exigidos para agregados.
Complementando esse processo, a Ciplan opera uma moderna planta de areia artificial, que retoma os agregados graúdos e realiza a britagem utilizando britadores autógenos (VSI) e moinhos de rolo (HPGR). Combinado com peneiras de alta frequência e separadores dinâmicos, o sistema produz areias artificiais de alta qualidade, utilizadas na planta de argamassa e nas usinas de concreto da companhia.
Em abril do ano passado, a produtora de cimentos anunciou um acordo de cooperação com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para reduzir as emissões de CO2 a partir do uso de biomassa como combustível na produção de cimento. A oficialização da parceria ocorreu no final de março, durante o Fórum Econômico Brasil-França 2024. A Ciplan tem a maior parte do seu capital gerido pelo grupo familiar francês Vicat – que tem meta de neutralidade de carbono até 2050 – e terá de substituir combustíveis fósseis na produção de cimento, que respondem por um terço das emissões de CO2 do setor.
O processo de produção envolve a combinação de calcário, argila, areia e minério de ferro, queimados em fornos com temperaturas que chegam a quase 1500 graus e que são alimentados principalmente com combustíveis fósseis – como carvão ou coque de petróleo – contribuindo para as emissões de CO2.
A parceria entre a Ciplan e a Embrapa mira a substituição dessas fontes fósseis por biomassa na produção de cimento. Os fornos deverão ser abastecidos com combustíveis produzidos localmente, como eucalipto e capim elefante (forrageira tradicional), o que, segundo a empresa, deve reduzir significativamente as emissões de CO2. A meta é atingir 70% dos combustíveis alternativos até 2030 – atualmente, o índice está em 35%.
Produtos da Ciplan
Cimento – O cimento de uso geral da Ciplan é ideal para diversos tipos de construção, ele garante resistência e durabilidade em cada etapa da obra, desde fundações até acabamentos. É desenvolvido para atender às necessidades dos profissionais da construção civil, oferecendo desempenho superior em qualquer projeto. O cimento técnico é especialmente desenvolvido para garantir alta performance em diversos tipos de projetos, para obras de todos os portes e etapas. Com uma fórmula que promove aderência, resistência e durabilidade. Já o cimento granel CPV-ARI da Ciplan é a solução para obras que exigem alta resistência do início ao fim. Com tecnologia avançada, garante desempenho superior em projetos desafiadores, como pisos industriais e estruturas pré-moldadas. Desenvolvido para oferecer rapidez e eficiência, o CPV-ARI tem composição exclusiva que permite ganho de resistência em curto prazo, otimizando o tempo de execução das obras.
Calcário – Utilizando tecnologia de ponta em moagem vertical de rolos, o calcário da Ciplan tem granulometria fina e uniforme, ideal para corrigir a acidez do solo, fornecer cálcio e magnésio, e imobilizar o alumínio tóxico. Além disso, promove a atividade biológica do solo e estimula o crescimento radicular, resultando em lavouras mais saudáveis e produtivas.
Argamassa – A argamassa para contrapiso Ciplan é utilizada para nivelamento e regularização de bases. Com formulação desenvolvida para atender aos padrões mais exigentes do mercado, garante uniformidade, aderência e resistência. Ideal tanto para áreas internas quanto externas, proporciona estabilidade e segurança em pisos de diferentes aplicações. A facilidade de manuseio reduz o tempo de trabalho e aumenta a eficiência da equipe, otimizando o cronograma da obra.