Terra Goyana investe em tecnologia e prevê aumentar 15% a produção de bauxita em 2025

Terra Goyana investe em tecnologia e prevê aumentar 15% a produção de bauxita em 2025

Uma das principais mineradoras de bauxita do Brasil, a Terra Goyana Mineradora (TGM) pretende aumentar em 15% a produção em 2025, superando 2 milhões de toneladas – a empresa fechou 2024 com mais de 1 milhão e 700 mil toneladas produzidas. Com operação na mina em Barro Alto (GO) e sede administrativa na capital Goiânia, possui relações comerciais na América do Sul, Europa e Ásia. É responsável por 5,5% da produção nacional de bauxita.

A expectativa de superar os 2 milhões de toneladas é motivada por acordos comerciais, inclusive de exportação para China, Venezuela, EUA, Índia.

“Estamos firmando contratos que aumentarão nossa demanda, nossa escala produtiva. Hoje, nosso complexo industrial, onde a Terra Goyana está inserida – fazemos parte de um grupo econômico formado por três mineradoras – Terra Goyana Mineradora, Mineradora Santo Expedito e Supergran – e também o braço do grupo responsável pela verticalização e agregação de valor na cadeia. Por conta disso, nossos processos consistem, basicamente, em britagem, peneiramento, moagem e calcinação, e com projetos já desenvolvidos para avançar para sinterização, eletrofusão e briquetagem”, destaca José Maurício Theodoro, gerente de planejamento da Terra Goyana.

A TGM atua nas atividades de pesquisa e desenvolvimento mineral, mineração, beneficiamento e comercialização de bauxita. É detentora dos direitos minerários no município de Barro Alto, onde realiza lavra e faz a exploração da bauxita, que é o principal mineral do alumínio. Foi a primeira bauxita revelada no Brasil Central, com recursos superiores a 200 milhões de toneladas certificados pelo padrão canadense. A primeira operação foi registrada em 1972. Em 1999 tiveram início os trabalhos de pesquisa pelo grupo até que, em 2013, deram start na lavra. Inicialmente, o foco era atendimento ao mercado de metalurgia para produção do alumínio primário. Ao longo dos anos, a operação tem se diversificado em termos de produtos e mercados atendidos.

“A produção atende, hoje, mercados da siderurgia, cimenteiras, químicos, refratários e abrasivos. É uma operação bastante singular em termos de bauxita, não só no Brasil, mas no mundo, por conta da sua excepcional qualidade em termos de conteúdo metálico e de teor de contaminantes. É uma operação a céu aberto, uma lavra em costa com baixíssima relação estéril-minério. Praticamente podemos dizer que é uma mina sem estéril quando a gente leva em consideração que há aproveitamento econômico para todos os litotipos, dentro destes mercados que estamos citando. E outros mais que vêm sendo desenvolvidos por meio de nossas áreas de pesquisa e desenvolvimento”, explica o gerente de planejamento da Terra Goyana

A TGM iniciou as atividades em 2013, quando produziu pouco mais de 40 mil toneladas/ano. O salto na produção previsto para 2025 está diretamente relacionado ao investimento feito na adoção de uma nova tecnologia para beneficiamento da bauxita. Para garantir um produto competitivo, a empresa enfrenta desafios ambientais, sociais e, especialmente, comerciais com o claro objetivo de transformar a bauxita compacta em um material com teores ideais de cálcio e alumínio, atendendo a padrões cada vez mais rigorosos do mercado.

“É uma mina cujo processo é acíclico, não faz uso de barragem de rejeitos e que tem se destacado e chamado a atenção de players nacionais e internacionais por conta, especialmente, por este momento que vive o mercado, em que se demandam produtos com qualidade cada vez maior, para agregar valor e reduzir custos. E nós temos bastante destaque neste cenário”, ressalta José Maurício.

Com o avanço da exploração na mina, a necessidade de soluções tecnológicas inovadoras se tornou ainda mais urgente e a TGM implementou a tecnologia Sensor-Based Sorting (SBS) da Steinert para aprimorar o processo produtivo.

“A tecnologia é considerada uma inovação, mas já está no mercado desde 2013 rompendo barreiras e paradigmas na mineração, tentando trazer os melhores resultados em termos de aproveitamento de material e, também, soluções sustentáveis para as empresas fazerem uma mineração cada vez mais inteligente. E contamos com parceiros como a Terra Goyana, que abraçaram esta ideia para concretizar este projeto”, comenta Camila Senna, gerente comercial da Steinert.

Anteriormente, a classificação do material era feita exclusivamente por peneiramento, o que resultava na permanência do anortosito — uma litologia mais resistente e rica em Ferro (Fe) e Óxido de Cálcio (CaO) — nas frações mais grosseiras.

Foi planejada a criação de um novo produto com maior valor agregado. Definiu-se como principal necessidade a redução da contaminação por cálcio para níveis abaixo de 0,15%, garantindo a remoção eficiente de impurezas. Além disso, elevar o teor de Óxido de Alumínio (Al₂O₃) para a faixa de 62% a 63% seria interessante, uma vez que permitiria a produção de um material premium. Para alcançar tal objetivo, seria necessária a criação de uma rota de beneficiamento do material oriundo do peneiramento. As rotas convencionais para bauxita envolvem etapas de cominuição, separação magnética, lavagem, desaguamento ou até mesmo flotação.

Foi nesse contexto que surgiu a parceria com a Steinert Latinoamericana, trazendo para o centro da operação a tecnologia de separação por sensores (Sensor-Based Sorting – SBS), mais conhecida como Ore Sorting. Diferente do método tradicional, o Ore Sorting permite a separação a seco, baseada em sensores que identificam a composição do minério em tempo real. Esta solução não só aprimora a qualidade do produto, como também elimina a necessidade de uso de água e barragens, promovendo uma operação mais sustentável e eficiente.

“A aplicação do Ore Sorter é crucial para atender mercados específicos, como o de abrasivos refratários, devido às rigorosas exigências quanto ao teor de Óxido de Cálcio (CaO)”, observa o gerente de Planejamento da TGM.

Dentre os mercados atendidos pela mineradora está o de refratários e abrasivos, que possui restrição quanto ao teor de cálcio por conta dos complexos que o óxido de alumínio forma, trazendo redução da dureza e, também, na resistência térmica – que é algo totalmente indesejado para estes mercados.

“O mercado abrasivo almeja um produto com alta dureza. E o de refratários busca materiais com alta resistência térmica. O cálcio traz essa redução e é algo que nossos clientes não desejam. A forma com que lidávamos, hoje na nossa mineralogia, nosso contexto geológico – a nossa bauxita é, majoritariamente, derivada do anortosito – que é o próprio minério, a rocha que deu origem à bauxita. E este anortosito é a principal fonte de cálcio do nosso minério”, detalha José Maurício.

O grande desafio da TGM para atender estes mercados que possuem restrição quanto ao cálcio era separar a fonte de cálcio do nosso minério, que é o próprio anortosito. A forma como este processo era feito, de certa forma, trazia prejuízo à produtividade, tornando a operação um pouco complexa e um tanto quanto improdutiva.

“Nós buscávamos, ainda no momento da lavra, no momento da escavadeira, antes de fazer o carregamento dos caminhões, nós impúnhamos um grau de seletividade demasiado nas carregadeiras. Depois que esse material iria até o pátio de beneficiamento e iniciava-se a britagem, havia uma outra oportunidade de selecionar aqueles fragmentos que, por algum motivo, passaram pela lavra. E no peneiramento, da mesma forma. Já chegamos, em algum momento, a fazer catação, dado que o anortosito tem algumas propriedades físicas que o difere bastante da bauxita – densidade e cor”, lembra José Maurício.

PARCERIA TRANSFORMA BENEFICIAMENTO DA BAUXITA

O início da colaboração entre TGM e STEINERT ocorreu em 2022, com testes para validar a eficiência da tecnologia. Amostras foram enviadas para o Centro de Testes em Matozinhos (Minas Gerais), onde o equipamento STEINERT KSS | XT CLI, equipado com sensores raio-X de transmissão, cor, laser 3D e indução magnética permitiu uma análise precisa do material.

Na primeira rodada de testes, com duas toneladas de amostras, os resultados foram excepcionais: uma configuração personalizada para cada tipo de material, com destaque para a combinação do RaioX de transmissão e o laser 3D, que garantiu uma separação altamente eficiente.

O sucesso inicial motivou uma segunda leva de testes, focada em um desafio ainda maior: obter uma bauxita premium, com teores elevados de óxido de alumínio (Al₂O₃) e redução de contaminantes como dióxido de silício (SiO₂), óxido de ferro III – hematita (Fe₂O₃), óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO), em uma fração de tamanho mais fino de +1” -2” (de uma a duas polegadas).

Após ajustes finos, a tecnologia da STEINERT demonstrou total capacidade de rejeitar partículas com altos teores de ferro, aumentar significativamente o teor de Óxido de Alumínio (Al₂O₃) e reduzir impurezas aos níveis exigidos pelo mercado.

O segundo teste confirmou a eficiência da tecnologia XRT (RaioX de Transmissão) na remoção de contaminantes, atingindo os parâmetros desejados (óxido de cálcio (CaO) < 0,1%) e reduzindo a contaminação por óxido de ferro (Fe₂O₃) no rejeito, que apresentou teores entre 7% e 22%.

A estratégia de direcionamento dos produtos do Ore Sorter da TGM reforça o conceito de rejeito zero, possibilitando a produção de bauxita de alto valor agregado e a comercialização do rejeito para diversas indústrias, como cimento, cerâmica e metalurgia, ampliando a sustentabilidade e a viabilidade econômica do processo.

Com essa inovação, a Terra Goyana aprimora a competitividade no setor e se posiciona como uma referência em mineração sustentável, alinhada às melhores práticas ambientais e à crescente demanda global por operações mais responsáveis.

“A instalação deste equipamento nos trouxe benefícios muito grandes, pois tiramos toda a improdutividade, aquele gargalo lá na lavra. Agora o trabalho se dá de uma forma mais fluida, mais produtiva, já que nós temos um processo com o objetivo de fazer essa seleção e essa pré-concentração, desafogando toda a cadeia produtiva para atendimento destes mercados que são chave para o nosso negócio, para a nossa verticalização. E com ganho para o produto que nós fornecemos”, finaliza o gerente de planejamento da empresa.

SOBRE A TERRA GOYANA MINERADORA

A TGM responde por cerca de 200 empregos diretos do município de Barro Alto. Além de ser uma importante geradora de impostos e grande fomentadora de outros negócios, investe em iniciativas que contribuem para o desenvolvimento regional e é certificada por normas nacionais e internacionais ligadas à saúde, segurança, gestão ambiental e responsabilidade social.

A empresa integra o grupo Supergram, que atua em diversos setores, incluindo a extração de bauxita comercial. Por meio da Bautek, produtora de bauxita calcinada, o grupo fortalece a verticalização do seu produto. A empresa também está presente em Poços de Caldas, Minas Gerais.

Iniciou a trajetória com a denominação de Mineradora São Benedito em 1985, atuando em exploração mineral, lavra, beneficiamento e comercialização de minérios em escala industrial em todo o território nacional. Em 1999, foi descoberta uma jazida de Bauxita nos municípios de Barro Alto e Santa Rita do Novo Destino, com dimensão de 200 milhões toneladas.