Uma das principais mineradoras do mundo, a Vale conta, desde janeiro de 2023, com uma subsidiária criada para operar os ativos de minerais básicos do minério de ferro. A Vale Metais Básicos é uma das maiores produtoras mundiais de níquel de alta qualidade e uma importante produtora de cobre e cobalto de origem responsável. Detida em 90% pela Vale S.A. e 10% pela Manara Minerals Investment Company, a Vale Base Metals Limited está sediada em Londres, Reino Unido, com seu centro de operações globais em Toronto, Canadá. A empresa também tem operações em Newfoundland & Labrador, Ontário, Manitoba, no Canadá, Indonésia, Brasil e Japão.
O negócio de metais para transição energética – que inclui níquel, cobre, cobalto, metais do grupo da platina (Platinum Group Metals – PGM) e outros metais preciosos, é conduzido pela subsidiária, Vale Base Metals Limited (VBM).
No Pará, tem operações de níquel em Onça Puma. A produção de cobre é realizada nas minas de Sossego e Salobo, em Carajás, é a maior do Brasil, com reservas de classe mundial com vida útil, aproximadamente, até 2060, e uma das maiores cavas a céu aberto em volume movimentado do país. A empresa também recebe pagamentos pela prata e ouro contidos nos concentrados de cobre produzidos na operação em Salobo.
São dois complexos minerários e três projetos de mineração: Salobo (operações integradas de lavra a céu aberto e moagem) e Sossego – quatro principais minas a céu aberto (Sossego, Sequerinho, Pista e Mata II) e uma planta de processamento para concentrar o minério, além de depósitos satélites (118, Cristalino, Bacaba, Barão e Visconde). A Vale Metais Basicos possui, também, três projetos: Alemão, Paulo Afonso (composto por Paulo Afonso e os depósitos minerais Polo, Gameleira e Grota Funda) e Furnas.
Sossego e Salobo são depósitos de óxido de ferrocobre-ouro (IOCG), tendo o cobre e o ouro como principais elementos de interesse económico e explorados a céu aberto. Alemão é um depósito IOCG localizado na Floresta Nacional de Carajás. O projeto visa a desenvolver uma mina subterrânea em subnível. Paulo Afonso é um depósito de IOCG e o projeto prevê o desenvolvimento de uma mina a céu aberto e uma subterrânea. Furnas é um depósito IOCG, com cobre e ouro como principais elementos de interesse económico e os estudos indicam que um cenário de mineração subterrânea é preferível.
Em relação às propriedades minerárias, Sossego tem duas concessões e pedidos de concessão minerária sem data de expiração em uma área de 119.661 ha. Já a concessão minerária de Salobo, que tem área de 9.181 ha, não tem prazo de validade, assim como a de Alemão (área de 10.000 ha). Paulo Afonso (área de 38.360 ha) tem um pedido de concessão de lavra e um alvará de pesquisa, enquanto Furnas (9.832 ha de área) tem dois pedidos de concessão de lavra.
Os dois complexos minerários estão em fase de produção. Sossego está em operação desde 2004 e o Salobo desde 2012. Alemão e Paulo Afonso estão em fase de exploração (estudo técnico de pré-viabilidade em andamento) e Furnas está em fase de exploração.
Instalações de processamento
O minério bruto (run-of-mine) é processado nas instalações de processamento do Sossego em quatro etapas: britagem, moagem, flotação e desaguamento de concentrado. Em Salobo, o minério bruto é processado por meio de britagem primária e secundária padrão, moagem com prensa de rolos, moagem de bolas, flotação do concentrado de cobre, disposição de rejeitos, espessamento do concentrado, filtragem e carregamento.
Espera-se que o projeto Alemão tenha como instalações de processamento britador primário, moagem de bolas, flotação de concentrado de cobre, concentração magnética, filtragem e disposição de rejeitos. O projeto greenfield de Paulo Afonso está atualmente em um nível de estudo de escopo para suas instalações de processamento. O projeto Furnas está atualmente em fase de estudo conceitual. A infraestrutura regional é adequada para apoiar o desenvolvimento e a operação dos projetos.
Em relação a Sossego e Salobo, o concentrado é transportado por caminhão para um terminal de armazenamento em Parauapebas e, depois, pela ferrovia Estrada de Ferro Carajás para o Porto de Itaqui em São Luís, no Maranhão, onde a Vale arrendou um terminal de armazenamento até 2023, com uma proposta de extensão por mais 20 anos – atualmente em análise pelas autoridades
Produção de cobre
No cobre, a empresa planeja atingir uma produção de 350.000 t/ano até 2030. Em 2024, a Vale produziu 265.200 toneladas (t) de cobre, com Salobo respondendo por 199.800 t e Sossego 65.400 t.
Sossego foi a primeira operação de cobre da Vale no Brasil. Teve início em 2024. Em junho deste ano, visando o crescimento da produção de metais críticos para a transição energética, a companhia anunciou ao mercado que obteve a Licença Prévia para o projeto de Bacaba, localizado em Canaã dos Carajás (PA), que tem como objetivo estender a vida útil do Complexo Minerador de Sossego, contribuindo com uma produção média anual de aproximadamente 50 mil toneladas por ano ao longo de oito anos de operação.
Em fevereiro do ano passado, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Pará suspendeu a licença de operação (LO) da mina, alegando descumprimento de condicionantes ambientais. A Vale ajuizou Tutela Provisória de Urgência e teve restabelecidas a vigência e validade da licença de operação. No entanto, em abril, o Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA) suspendeu a liminar. Dois meses depois, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, homologou, acordo firmado entre o Estado do Pará, a Vale S.A., a Mineração Onça Puma e a Salobo Metais para possibilitar a retomada da extração na mina.
A maior parte da produção de cobre está em Salobo, localizado em Marabá, no sudeste do Pará. A reserva mineral também é maior do país, avaliada em 1,2 bilhão de toneladas a um teor médio de cobre 0,64%. A jazida apresenta grande diversidade de minerais em sua composição, como granada, biotita, calcopirita, entre outros, com altos teores dos metais de interesse (Cu, Au e Ag), mas também com altos teores de deletérios, sendo principais, Carbono, Cloro, Flúor e Urânio. O processamento do minério da planta de Salobo envolve as seguintes operações: britagem primária e secundária, peneiramento, prensagem, moagem, flotação, remoagem, espessamento e filtragem.
Maior projeto da Vale, Salobo continua em fase de crescimento da produção na unidade integrada por mina a céu aberto e usina de beneficiamento em Marabá. A primeira fase do projeto, conhecida como Salobo I, entrou em operação em 2012 com capacidade de 100 mil toneladas anuais de cobre em concentrado. Em maio de 2014, começou a operar Salobo II, para produzir mais 100 mil toneladas por ano.
A partir de dezembro de 2022, com o início da operação da usina Salobo III, o complexo de usinas Salobo atinge a capacidade nominal combinada de processamento de 36 milhões de toneladas de minério por ano, 12 milhões t por usina. Por meio do processo de flotação, o concentrado de cobre com teor médio de 37,5% é produzido, gerando como coproduto ouro e prata, e que agregam valor ao concentrado. O concentrado produzido em Salobo é transportado via caminhões rodoviários da mina até o entreposto, onde o mesmo é carregado em vagões com destino ao Porto de Itaqui, Maranhão.
Salobo opera com método a céu aberto, utilizando escavadeiras para produção de minério e estéril, juntamente com pás carregadeiras, frota de caminhões fora de estrada e equipamentos auxiliares para manter o acesso às áreas de produção e drenagem de talude.
As usinas de Salobo I e II têm, juntas, capacidade máxima instalada para beneficiar 24 milhões de toneladas de minério bruto (Run of Mine – “ROM”) por ano. Com o início da operação de Salobo III, essa capacidade de processamento foi ampliada em 12 milhões t, passando de 24 milhões de toneladas/ano para 36 milhões t.
Salobo III compreende a terceira fase de expansão do complexo de Salobo, maior instalação para produção de cobre no Brasil e eleva a capacidade de produção para 220 mil t/ano. A Vale considera a mina de cobre de Salobo como um ativo singular, que já produziu 1,8 milhão de toneladas de cobre desde 2012 e ainda tem reservas de 1,1 bilhão de toneladas com 0,62% de cobre e 0,35 gramas de ouro por tonelada, o que aponta para uma perspectiva de mais 40 anos de vida útil.
Mas, de acordo com a mineradora, Salobo ainda tem potencial para aumento significativo de recursos, o que poderá ser comprovado por sondagens profundas. Além das reservas, Salobo tem atualmente recursos de 551 milhões de toneladas com 0,47% de cobre e 0,23 gramas de ouro por tonelada. A empresa tem planos de aumentar a capacidade de produção em Salobo através de melhorias operacionais, como a introdução da flotação de partículas grossas. Com isso, prevê que possa melhorar a produtividade em 25 a 30%, com potencial de produção adicional de 20 a 30 mil t/ano e maximizar sinergias com os equipamentos e infraestrutura atuais, tendo como consequência o aumento na capacidade de Salobo III – o que poderia agregar mais 20 mil t/ano à capacidade.
Produção de níquel
A Vale Metais Básicos iniciou, no dia 30 de setembro, a operação do segundo forno de processamento de níquel no Complexo Mineral Onça Puma, no sudeste do Pará, aumentando significativamente a capacidade de produção. Informou que o projeto foi concluído dentro do cronograma e quase 13% abaixo do orçamento, sem acidentes com afastamento ao longo de três anos.
A empresa informou que a entrada em operação do Forno 2 consolida a Onça Puma como a maior operação de ferroníquel do Brasil, adicionando 15 mil toneladas de capacidade de produção de níquel, elevando a operação a uma capacidade de produção nominal de 40 mil t/ano.
O projeto Forno 2 gerou 2.500 empregos durante a fase de construção, e sua conclusão posiciona a Onça Puma na metade inferior da curva global de custo de produção do níquel. Com mais de 1.800 empregados permanentes e contratados, o Complexo Onça Puma é um importante polo de geração de emprego e renda no Pará e contribui significativamente para o desenvolvimento socioeconômico da região.
A Vale Metais Básicos destacou que segue no caminho para cumprir a previsão de níquel para 2025, de 160-175 mil t. O início da operação do Forno 2, juntamente com o aumento da mineração subterrânea em Voisey’s Bay, no Canadá, contribuirá para atingir uma produção de níquel entre 210 mil t e 250 mil t até 2030.
A Onça Puma iniciou as operações em 2011, estabelecendo o Brasil como exportador estratégico de níquel para a indústria de aço inoxidável .




