Hydro muda operações para reduzir emissões e testa novos produtos com rejeitos de bauxita

Hydro muda operações para reduzir emissões e testa novos produtos com rejeitos de bauxita

Comprovar que é possível produzir mitigando seus impactos e, ao mesmo tempo, colaborar com o crescimento das comunidades locais e a preservação ambiental, é o desafio da Hydro, companhia que possui três unidades na região amazônica (mineração de bauxita em Paragominas e refinaria e produção de alumínio em Barcarena, ambas no Pará). A companhia, que vem implementando nos últimos anos diversas iniciativas em busca da descarbonização de sua produção tem mostrado executar esses objetivos por um futuro sustentável na prática, com mudanças em suas operações, ampliação de projetos sociais e testes de novos produtos.

A Hydro extrai bauxita em Paragominas (PA),que é processada e bombeada por um mineroduto até a refinaria de Alunorte, situada em Barcarena (PA), onde é transformada em alumina. Sua produção de bauxita na mina em Paragominas gira em torno de 11 milhões de toneladas, e de alumina, na refinaria Alunorte é de 6,2 milhões de toneladas, sendo 70% da bauxita proveniente da Mineração Paragominas e 30% da Mineração Rio do Norte.

“A Hydro tem o princípio sempre de atuar como um bom vizinho onde quer que ela esteja e a cadeia do alumínio tem que se unir para criar soluções em prol não somente do meio ambiente, mas de promover ações de desenvolvimento nos territórios onde a companhia atua. Por isso, nós temos buscado alternativas para cumprir a meta de atingir zero emissões líquidas até 2050 ou antes, e, desde 2022, participamos de investimentos, de mais de R$12,6 bilhões em descarbonização, reflorestamento e energias renováveis. Realizamos a troca de caldeiras elétricas, tecnologias, fizemos investimentos em plantas de energia renovável, solar, entre outras. Mas a gente também se compromete com a parte social. Porque não existe esse descolamento do ambiental e do social”, destacou Anderson Baranov, CEO da Norsk Hydro Brasil.

Além da substituição de óleo combustível por gás natural, já realizada em 2024, e a adoção das caldeiras elétricas, a Hydro está testando a substituição do carvão por biomassa a partir do caroço do açaí. “Nossa jornada já está muito bem definida, “A Hydro se comprometeu em reduzir suas emissões e tem se tornado uma referência global. A descarbonização é uma prioridade e já é realidade na Hydro. Estamos trabalhando novas tecnologias para cumprir isso”, explicou o vice-presidente sênior e COO da Hydro Bauxita & Alumina, Carlos Neves.

Outra iniciativa, é que a empresa consolidou uma metodologia inovadora e sustentável para destinação de rejeitos da mineração. O Tailings Dry Backfill consiste em secar o rejeito e transportá-lo de volta para as cavas de onde a bauxita foi extraída, evitando a construção de áreas de armazenamento permanente e eliminando a necessidade de construção de barragens convencionais.

Além dessa destinação para os rejeitos, a companhia está testando outra solução, a criação de produtos como ferro-gusa, cimento, concreto e condicionador de solo através da transformação do alto volume produzido de resíduo de bauxita nos processos.

Novo produto a partir do rejeito da bauxita

Segundo Raphael Costa, vice-presidente de tecnologia da Hydro, durante o Workshop Opex 2025, realizado pela revista Minérios e Minerales, a empresa, que produz mais de 4,5 milhões de toneladas de resíduos de bauxita por ano procurou inovar para descobrir como reduzir o armazenamento dos rejeitos, desenvolvendo o piloto para tentar reaproveita-los.

“Há 7 anos começamos um programa de pesquisa e desenvolvimento para utilização econômica dos altos volumes de resíduo de bauxita. A Hydro Alunorte produz mais de 4,5 milhões de toneladas de resíduos de bauxita por ano e atualmente desenvolve três fluxos de trabalho: na siderurgia – com ferro gusa – onde temos a planta piloto em parceria com a Newwave; na construção civil – com resíduos em produtos como cimento e concreto e na reabilitação de áreas; com resíduos misturados a biomassas e transformando-os em um condicionador de solo”, afirma. 

O projeto de ferro gusa foi premiado na França, em outubro de 2024, no maior evento da indústria de alumínio do mundo, o International Committee for Study of Bauxite, Alumina e Aluminium (ICSOBA). Após uma longa temporada de testes, o vice-presidente de tecnologia da Hydro destaca que a empresa já tem “maturidade”  suficiente para iniciar uma planta piloto, que está sendo construída dentro da Alunorte, e irá produzir ferro-gusa a partir dos resíduos da bauxita. 

“É uma demonstração de que temos certeza que a tecnologia vai funcionar. Vão ser usadas microondas, não se queima nenhum tipo de combustível, e para chegar nessa solução demandou muitas simulações. O uso de microondas nessas escalas maiores era difícil por conta da calibração, hoje em dia com o sistema computadorizado é possível”, completa. 

Segundo Raphael, a planta que será comissionada irá processar até 50 mil toneladas de resíduos de bauxita por ano para produção do ferro gusa, a partir da combinação de microondas em duas rotas que serão testadas e uma delas usa um forno de indução.

“As fases são estocagem de matérias-primas, peletização, micro-ondas wave-belt, ferro gusa e co-produto. Em um período de um ano, vamos conseguir demonstrar o processo e escalar para uma instalação industrial para utilizar mais de 4 milhões e meio toneladas de bauxita e que vai eliminar o armazenamento de rejeito de bauxita”, destaca.