Prioridade à redução no uso de água, emissões de CO2 e consumo de combustíveis fósseis
O projeto compreende a explotação de minério de ferro do Bloco D do corpo S11D por meio de lavra a céu aberto, bem como o beneficiamento do minério a umidade natural (sem a necessidade de barragem de rejeitos). Implantado no município de Canaã dos Carajás, no estado do Pará, trata-se de um projeto de classe mundial com a maior qualidade e o menor custo da indústria global de mineração.
As melhorias propostas para o projeto Ferro Carajás S11D representarão uma enorme diminuição dos impactos ambientais, sobretudo no que tange ao consumo de água e à emissão de CO2.
O projeto atualmente encontra-se em fase de instalação. Entre o protocolo dos estudos ambientais (EIA/RIMA) para obtenção da Licença Prévia até a obtenção da Licença de Instalação decorreram aproximadamente três anos.
Projeto S11D substitui o método de lavra convencional pelo sistema “Truckless”
O projeto original, descrito no Estudo de Impacto Ambiental, previa a lavra a céu aberto convencional, incluindo perfuração, desmonte (mecânico e com explosivos), carregamento e transporte do minério e estéril, por meio de caminhões fora de estrada. O minério seria transportado das frentes de lavra até as instalações de britagem semi-móvel previstas na área da cava, de onde o minério britado seguiria por TCLD até a Usina de Beneficiamento. O estéril seria disposto em três pilhas de estéril adjacentes a cava, localizadas no interior da FLONA de Carajás.
O Projeto Ferro Carajás-Melhorias apresenta uma nova alternativa tecnológica, que substitui o método de lavra convencional pelo sistema “Truckless”, que compreende a lavra do minério sem o uso de caminhões fora de estrada, com utilização de equipamentos e máquinas modulares.
Entre as adequações realizadas no plano diretor original, algumas merecem destaque e são descritas abaixo: eliminação da alternativa de construção de barragem de rejeito; implantação das cavas sem a supressão das lagoas permanentes do Bloco D; adequação do perímetro da cava em função da nova tecnologia de lavra e para preservar a área de proteção das cavidades de relevância máxima; redução do número das pilhas de estéril e sua implantação fora dos limites da Floresta Nacional de Carajás; utilização de áreas já antropizadas para implantação da fábrica de explosivos e paióis, das estruturas para apoio administrativo e das estruturas da Usina de beneficiamento e nova localização da área de disposição de materiais excedentes – ADME / área de estocagem de topsoil, eliminando impactos sobre drenagens.
Como em todo projeto de grande porte, as implantações de melhorias operacionais impõem alguns desafios e riscos adicionais que precisam ser superados. Os principais pontos de atenção com a implantação das melhorias neste projeto são: menor flexibilidade operacional; tendência à maior variabilidade na qualidade do produto; maiores investimentos (US$ 1 bilhão a mais); inovação operacional na empresa; instalação de beneficiamento única, para tratar diferentes tipos de minérios e necessidade de planejamento de mina com sondagens mais detalhadas.
A implantação do projeto ferro Carajás S11D-Melhorias propiciará uma redução de 93% no consumo de água, em relação ao projeto convencional, onde era prevista a construção de barragem de rejeito, considerando a redução de 38 milhões de m³/ano na captação de água nova.
As reduções previstas nas emissões de CO2 são da ordem de 77%, além de uma economia de energia de cerca de 18 mil MW por ano. Espera-se também uma economia de 76,9% no uso de combustíveis fósseis e uma importante redução na geração de resíduos (pneus, filtros, óleos, entre outros).
No que tange à supressão de vegetação e ambientes naturais, haverá uma redução de 51,46% em áreas ocupadas por campos rupestres ferruginosos, florestas ombrófilas e ambientes lacustres, sendo que a intervenção dentro da Unidade de Conservação Floresta Nacional de Carajás sofrerá uma redução superior a mil hectares. Além disto, haverá uma redução significativa em áreas de APP e na área diretamente afetada (ADA), preservando remanescentes residuais de campos rupestres ferruginosos e os perímetros das lagoas do Violão e do Amendoim.
Conheça o autor do trabalho
Rodrigo Dutra Amaral – Gerente de Meio Ambiente da Vale. Engenheiro Agrônomo – Universidade Federal de Viçosa (UFV) – 1988. Mestre em Solos e Ecossistemas Florestais – Universidade Federal de Viçosa (UFV) – 2002. Engenheiro Especialista em Meio Ambiente e Segurança do Trabalho pela Ecole de Mines de Alés – França – 2005 e MBA Executivo Empresarial na Fundação Dom Cabral – FDC, 2010. Atualmente é Gerente Meio Ambiente da Vale, responsável pela área de Licenciamento Ambiental dos Projetos de Capital do Minério de Ferro e Manganês.
Leia a íntegra do trabalho “Projeto S11D”.
Fonte: Revista Minérios & Minerales