Mineração Taboca projeta quadruplicar produção em Pitinga até 2035
Sob nova gestão da controladora chinesa CNMC (China Nonferrous Metal Mining) desde abril deste ano, a Mineração Taboca anunciou um plano de crescimento ambicioso que visa quadruplicar a produção de sua principal unidade, a mina de Pitinga, no Amazonas, até 2035. A meta de expansão foi detalhada por Eduardo Orban, CEO da mineradora, em entrevista à Revista Minérios & Minerales.
Segundo o executivo, o plano estratégico busca elevar drasticamente a produção de seus dois principais produtos: o estanho, que passará das atuais 6 mil toneladas anuais para cerca de 25 mil toneladas, e as ferroligas, que sairão de 4 mil toneladas para um volume entre 16 mil e 20 mil toneladas por ano.
“Podemos enfatizar, pois não é uma questão estratégica, que a meta é quadruplicar a produção de Pitinga e quadruplicar nossos recursos e reservas. O ponto sensível é a discussão sobre prazos. Digo isso porque os chineses, na China, considerando uma proposta muito mais avançada que a nossa, conseguem licenciar um projeto e construir em dois ou três anos. Aqui, demoramos em média dez anos. Precisamos equalizar essas expectativas e entender como podemos acelerar”, afirma Orban.
Orban explica que a ideia da mineradora é dobrar a produção até 2030 e atingir a meta de quadruplicar nos próximos dez anos. Questionado sobre o valor que seria investido para alcançar tais objetivos, o CEO adiantou que “envolve alguns bilhões”, mas não entrou em detalhes.
“Há várias discussões no país sobre a política de minerais para tornar os processos mais céleres, sem perder, sob qualquer forma, a qualidade exigida em relação ao meio ambiente. Estamos equalizando algo como dobrar em cinco anos e quadruplicar em dez, mas ainda não está 100% detalhado. O montante para investimentos dessa natureza envolve alguns bilhões, mas também não alinhamos quanto será investido em cada ano”, apontou.
Para viabilizar a expansão nesse prazo, a Taboca destinará entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões em 2026 para a realização de estudos de viabilidade (feasibility). Segundo Orban, esses estudos focarão na otimização da capacidade instalada, na possibilidade de construir novas plantas mais eficientes e no desenvolvimento de rotas tecnológicas.
Além de estanho e ferroligas, a mineradora está dedicando recursos para pesquisa e desenvolvimento de novos mercados minerais, como o háfnio, o zircônio e as terras raras, com o objetivo de diversificar sua matriz produtiva.
A nova gestão também está injetando capital em tecnologia. Eduardo Orbán ressaltou a expertise em automação da CNMC, que já mobilizou equipes de empresas como a Huawei para discutir a implementação de minas autônomas em Pitinga. A incorporação dessa tecnologia é vista como crucial para sustentar a escala de produção projetada. “Estive recentemente na China e a capacidade de tecnologia e desenvolvimento deles é um negócio impressionante. Eles têm trazido bastante expertise e já enviaram uma série de missões técnicas da China, compostas por universidades, centros de pesquisa e fornecedores de soluções”, comenta.
Segundo Orban, a Mineração Taboca, que anualmente já destina US$ 30 a US$ 40 milhões em investimentos de sustentação operacional (Sustain in CapEx), sinaliza que os próximos anos serão de “intensa transformação” em Pitinga.
ESG e Desafios de Diversidade
Orban detalha que a Mineração Taboca tem reforçado seu compromisso com a agenda de Environmental, Social e Governance (ESG), buscando alinhar suas práticas com os mais altos padrões da indústria e com a inclusão. O CEO ressaltou que a empresa tem como objetivo de longo prazo atingir a representatividade de 50-50 de gênero. A participação feminina atual está em cerca de 15%.
“Nossa intenção é, primeiro, dar apoio a um movimento que considero extremamente importante, bonito e fundamental, não só para a mulher na mineração, mas para a mulher como um todo. Ainda vemos coisas absurdas na sociedade em relação às mulheres. Como pai de duas meninas, tenho ainda mais preocupação com situações dessa natureza e isso reforça nosso interesse. O segundo ponto é aprender com quem já está na nossa frente”, conta.
Orban conta que o principal desafio reside na operação de Pitinga, onde 80% do quadro de funcionários trabalha sob regime de alojamento (10 dias embarcados por 8 dias de folga). O CEO afirma que essa particularidade cria “complexidades em atrair e reter funcionárias mulheres”.
“Temos trabalhado continuamente para melhorar as condições da vila e oferecer atividades para as mulheres durante o tempo em que estão embarcadas. Estamos repensando constantemente investimentos, benefícios e flexibilidade de jornada de trabalho, com o objetivo de atrair cada vez mais mulheres. Nossa representatividade no corporativo é bastante positiva, mas na operação ainda enfrentamos um grande desafio”, destaca.
O CEO da Taboca representou a mineradora durante o lançamento da 5ª edição do Relatório de Indicadores da Women in Mining Brasil (WIM Brasil), realizado em Belo Horizonte, na última terça-feira (2).






