Bennu é um asteroide relativamente pequeno, medindo 0,5 km de diâmetro no equador, rico em carbono, que passa perto do nosso planeta a cada seis anos. A NASA enviou o satélite Osiris-REx para coletar amostras dele, que foram devolvidas à Terra numa cápsula (à Terra) em 24 de setembro de 2023. As rochas que compõem Bennu se formaram cerca de 4,6 bilhões de anos atrás, num mundo primitivo que foi destruído numa colisão gigantesca.
O asteroide foi constituído com uma pequena porção desses fragmentos da colisão, cerca de 1 a 2 bilhões de anos atrás, e se posicionou na faixa principal ocupado por corpos espaciais similares entre Marte e Jupiter. A cada 6 anos, chega ao ponto mais próximo da Terra, a 299 mil km. A nave Osiris coletou 122 g de poeira e pedriscos. Pequenas porções desse material foram entregues a duas equipes de pesquisa separadas, cujos primeiros resultados foram publicados nas revistas Nature e Nature Astronomy.
Foram encontrados minerais ricos em sódio e a presença de aminoácidos, nitrogênio sob forma de amônia e até fragmentos de código genético. Se esses ingredientes combinarem com ambiente de água
salgada rica em sódio, como salmouras, podem dar origem à vida, segundo cientistas envolvidos na pesquisa.
A revista Nature Astronomy aponta que entre as provas mais convincentes estão os aminoácidos – havia nas amostras 14 dos 20 que a vida na Terra precisa para gerar proteínas; e as 5 nucleobases que a vida
terrestre utiliza para armazenar e transmitir instruções genéticas em biomoléculas complexas, como DNA e RNA, além de como organizar aminoácidos em forma de proteínas.
Essas descobertas fascinantes sinalizam para uma clara associação entre minerais e a origem da vida. Se os minerais (ou seus conteúdos metálicos) foram relevantes em relação à origem da vida, não é difícil perceber hoje sua importância em relação à qualidade de vida (conforto—além de atender as necessidades básicas) nas sociedades em todo o planeta.
Qualquer núcleo urbano, grandes ou pequenas cidades, é extremamente dependente de recursos minerais para absolutamente tudo, desde a infraestrutura necessária para uma vida confortável nos centros urbanos, considerando a necessidade de construção de moradias, hospitais, produção e distribuição de energia elétrica, fabricação de veículos, dispositivos pessoais, petróleo, asfalto e, inclusive, insumos para a produção agrícola.
A associação dos minerais ao início da vida na Terra tornou mais relevante o papel deles na qualidade de vida das sociedades atuais—que nós comprovamos no dia a dia, como fato corriqueiro.
Por conta do aquecimento global que gera os fenômenos climáticos extremos, há pressão crescente por transição energética para reduzir o uso dos combustíveis fosseis. Nesse cenário, os chamados minerais críticos tornaram-se alvos de embates políticos porque os EUA e países ocidentais querem reduzir a enorme dependência com relação à China, que detém os maiores depósitos dessas substancias e domina sua comercialização.
Eis que se desenha no horizonte uma reviravolta estratégica que vai valorizar os demais países que também possuem esses minerais críticos no subsolo, como o Brasil, Índia, Vietnã e Rússia. Falta ao País estruturar um plano de ação visando a acelerar a montagem dessa cadeia de produção, buscar funding
desde a fase de exploração geólogica, seguido pelas extensas etapas até a produção efetiva das minas, parcerias que vão fornecer tecnologias para se chegar aos concentrados, produtos finais ou metais, etc. Essa complexa cadeia demanda a mobilização das competências da iniciativa privada e do governo.

Uma liderança compartilhada será crucial– porque timing, know how e velocidade de decisão vão determinar o sucesso dessa iniciativa. Não podemos repetir os desencontros e a morosidade das providências para estruturar a conferência COP30 em Novembro próximo em Belém, para um País que ambiciosa ser um dos líderes da futura economia verde global.