Augusto Diniz – Belo Horizonte (MG)
Para gerir suas 149 barragens, sendo 109 em operação ou em implantação e 40 inativas, de 27 minas pelo Brasil, a Vale adota um conjunto de práticas reunidas no Sistema Integrado de Gestão de Riscos Geotécnicos. Com a maioria das barragens localizada no chamado Sistemas Sudeste Sul da mineradora – 118, no total -, onde se concentra um grande contingente populacional, a empresa redobra a atenção nas estruturas.
A engenheira Marilene Lopes, gerente de Gestão de Riscos Geotécnicos de Ferrosos da Vale, que apresentou o modelo durante o I Seminário Internacional de Tecnologia e Gestão de Barragens, realizado em Belo Horizonte (MG), no final de janeiro, explicou que antes existia uma gestão de segurança (com monitoramento, manutenção e inspeção), de riscos (análise e controle) e de emergência (elaboração do PAEBM – Plano de Ação de Emergência das Barragens de Mineração e treinamento), mas voltada a atender a própria empresa. Porém, após o acidente da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015, o contexto mudou, sendo necessário desenhar um modelo de aproximação com os stakeholders, ressaltou ela.
Pressões internas e externas, notadamente de agentes fiscalizadores, sociedade, comunidades do entorno de barragens e novas legislações fizeram com que se estabelecesse uma nova postura no tema barragens.
O Sistema Integrado de Gestão de Riscos Geotécnicos, de acordo com a definição da Vale, é a “interligação de componentes para alcançar um determinado objetivo. Tais componentes incluem a organização, os recursos e os processos. Portanto, fazem parte do sistema as pessoas, os equipamentos e a cultura, bem como as práticas e as políticas documentadas. O sistema integra todos os componentes do negócio da organização e num único sistema coerente, de forma que seja possível alcançar seu propósito e missão”.
Assim, a empresa passou a desenvolver aproximação nessa questão com os stakeholders apoiados em novos pilares, numa abordagem de desmistificação das estruturas de barragens, acompanhamento e suporte institucional.
Um desses pilares refere-se à necessidade de mostrar o papel das barragens no processo de mineração e valorizar o produto mineral na vida das pessoas.
PREVENÇÃO
O segundo pilar relaciona-se à cultura de prevenção com o sistema de gestão envolvendo pessoas, processos e informação. Na gestão de segurança, assegura-se a estabilidade física e segurança hidráulica da estrutura e garante-se o cumprimento dos requisitos legais, envolvendo monitoramento e inspeções, manutenção, plano de segurança e auditoria externa.
Na gestão de riscos, dentro do segundo pilar do Sistema da Vale, o objetivo é ter, através de um conjunto de ações coordenadas, a gestão efetiva e transparente de todos os riscos associados a estruturas geotécnicas, evitando perdas potenciais, por meio de análises de riscos, administração do portfólio e governança.
No pilar de operacionalização dos planos de ações emergenciais, os procedimentos recaem sobre o PAEBM, visando essencialmente a preservação de vidas humanas.
Por fim, no último pilar, o compromisso é de melhoria contínua voltada à redução da dependência da barragem de rejeito. Segundo dados da Vale, a produção a úmido das plantas de mineração da empresa alcançavam 60% em 2016; já a seco, ficou em 40%. A meta, até 2022, é baixar a produção a úmido para 30%, e elevar a seco a 70%, caindo drasticamente o uso de barragens em suas minas.
O Sistema Integrado de Gestão de Riscos Geotécnicos é composto por vários módulos, com tecnologia de ponta aplicada no monitoramento de estruturas, incluindo rede sismológica; ferramentas GIS (sistema de informação geográfica); levantamentos topográficos, aéreos etc.; e sistemas de dados.