Seminário técnico reúne 150 especialistas e engenheiros

Evento reuniu profissionais de mineração de diversas regiões do País

Secretaria de Energia e Mineração paulista organizou evento para avaliar o estado da arte em projeto, construção e operação de barragens de rejeitos

Os maiores especialistas do País em mineração, barragens, recuperação de água, eliminação de rejeitos e prevenção de acidentes participaram em 21 de janeiro de um seminário sobre barragens de mineração organizado pelo grupo de trabalho (GT), criado pelo Governo do Estado e coordenado pela Secretaria de Energia e Mineração.

“Além de verificarmos as ações que dão garantia e segurança à população, queremos mostrar para todo o setor mineral que somos parceiros e queremos fomentar a cadeia produtiva, transformando a imagem que a mineração possui atualmente, criando empregos e atingindo um novo patamar”, ressaltou João Carlos Meirelles, secretário Estadual de Energia e Mineração.

A fiscalização das barragens de mineração no País é de responsabilidade do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). W Arcoverde, diretor do DNPM, destacou a importância do seminário. “Esse grupo de trabalho é uma excelente iniciativa. A informação é o caminho e estou trazendo algumas informações que contribuirão com este grupo”, afirmou.

Em dezembro, o Governo do Estado de São Paulo instalou o grupo de trabalho (conforme noticiado por Minérios & Minerales).

“É fundamental reunir as secretarias, mas também as instituições e empresas, este é o caminho. As ações de prevenção, fiscalização e modernização são a melhor forma de minimizar riscos”, afirmou Monica Porto, secretária-adjunta de Saneamento e Recursos Hídricos.

O GT irá apresentar, até o final de fevereiro de 2016, um relatório com recomendações para as empresas responsáveis pelas barragens visando à adequação das estruturas, adoção de novas tecnologias e a mitigação de riscos conforme as leis vigentes. “Temos que diminuir as possibilidades de desastres e só com planejamento e adoção de medidas que teremos segurança”, frisou o coronel José Roberto dos Santos, secretário da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil do Estado de São Paulo.

O grupo de trabalho é coordenado pelo subsecretário de Mineração da Secretaria Estadual de Energia e Mineração, José Jaime Sznelwar. “O GT já visitou seis barragens e até o final de fevereiro vamos visitar as outras 15 barragens cadastradas na ANA e no DNPM, além de instalações que não estão cadastradas”, detalhou Sznelwar. O relatório final também irá apresentar recomendações para o aperfeiçoamento dos sistemas de fiscalização dos órgãos públicos federal, estaduais e municipais.

Colunista da Minérios & Minerales participou como palestrante

Dividido em quatro painéis, o seminário teve início com a apresentação do presidente da J.Mendo Consultoria Empresarial e colunista da revista Minérios & Minerales, José Mendo de Souza, que mostrou a percepção da mineração brasileira após o acidente da barragem da Samarco na cidade de Mariana (MG). O diretor de fiscalização do DNPM, WArcoverde, detalhou a situação atual do controle de barragens de mineração e o assessor técnico do Comin da Fiesp, Daniel Debiazzi, mostrou um panorama atual do controle de barragens de mineração em São Paulo.

O primeiro painel intitulado “Métodos de Construção de Barragens de Rejeito em Mineração e Problemas Associados” contou com duas apresentações. O geotécnico da VOGBR, José Mario Mafra abordou os tipos, normas e métodos de construção de barragens de rejeito de mineração, bem como as vantagens e desvantagens de cada modelo. Já o engenheiro Joaquim Pimenta, da Pimenta de Ávila Engenharia, mostrou as anomalias e incidentes típicos em barragens.

O segundo painel do dia denominado “Estado da Arte da Tecnologia de Monitoramento e Controle” teve o engenheiro Geraldo Moretti, da Moretti Engenharia, apresentando o tema, em seguida o engenheiro do IPT, Ronaldo Rocha, explicou as metodologias e equipamentos para monitoramento da estrutura das barragens e o professor da USP, Edvaldo Simões Fonseca Junior, detalhou as técnicas geodésicas de monitoramento de barragens.

Ainda no painel 2, Carlos Nobre da Conceição, da TecTor, falou sobre o radar para monitoramento de movimentações topográficas, já o representante da Tenova Brasil, Flávio Barros, apresentou o sensor inteligente para estabilidade de barragens.

No início da tarde o terceiro painel abordou as “Novas Tecnologias de Processamento Mineral para a Eliminação de Barragens de Rejeitos”. Desaguamento de rejeitos para empilhamento a seco foi o tema da palestra dos engenheiros Celso Tessaroto da Exceltech e Rotenio Castelo Chaves Filho da RZ. O tema do painel foi abordado nas palestras dos representantes do Cetem/MCTI, Claudio Schneider, da FACIX/Matec, Vinicius Vilela, da Metso, Vinicius Lisboa de Souza, dos técnicos do IPT, Sandra Moraes e Marsis Cabral, da i9 Tecnologia Alexandre Passos e Flavio Frascino, da Haver & Boecker, Paula Novaes Right, Weir do Brasil, Ricardo Elie Baracat, e da Steinert, Paulo da Pieve.

O último painel do seminário técnico sobre barragens de mineração debateu a “Prevenção e atuação em situações de emergência”. O pesquisador titular da Área de Lavra de Minas do Instituto Tecnológico Vale – ITV, Vidal Félix Navarro Torres, apresentou os contaminantes ácidos e sólidos resultantes das operações de ruptura de depósitos de resíduos na mineração. Já o representante do Setor de Atendimento a Emergências da Cetesb, Marco Antônio Lainha, mostrou o desastre ambiental de Cataguazes como agente motivador para a criação do Plano Nacional de Prevenção e Respostas Rápidas Ambientais com Produtos Químicos Perigosos.

Finalizando o seminário, o secretário Estadual da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil do Estado de São Paulo, coronel José Roberto de Oliveira, mostrou a importância da existência de planos emergenciais em caso de rompimento de barragens nos municípios paulistas.

“Com certeza saímos desse seminário com informações valiosas que ajudarão o grupo de trabalho de barragens de mineração a produzir um relatório ainda mais rico e capaz de ajudar os órgãos fiscalizadores e empresas do setor a exercerem uma mineração responsável, dando segurança à população, aos empregados e apoiando a retomada da economia”, finaliza Sznelwar.

São Paulo é o terceiro maior produtor de bens minerais do país e o maior consumidor de insumos da cadeia de construção. O Estado também é o maior produtor de equipamentos e insumos para a indústria mineral, empregando mais de 200 mil trabalhadores.

O Estado possui mais de 2.800 minas em operação, com 95% de produção em areia, brita, calcário e argila. Só a Região Metropolitana de São Paulo recebe, diariamente, mais de 9 mil carretas de areia e brita.

A fiscalização das barragens de mineração é uma responsabilidade do DNPM