Mulheres aumentam participação em cargos de liderança na mineração, mas participação geral não tem mudança em 2025
A 5ª edição do Relatório de Indicadores 2025 do Women In Mining Brasil (WIM Brasil), lançada na terça-feira (2), mostrou que a participação feminina na força de trabalho geral da mineração ficou “presa” em 22%. Apesar disso, foram registrados avanços na participação feminina em cargos estratégicos.
Conforme o relatório, a representação de mulheres em posições executivas saltou 3%, atingindo 25% do mercado. Por outro lado, a presença em conselhos administrativos aumentou 17%, somando 28% do setor.
Apesar deste avanço no topo, o planejamento de longo prazo para manter e expandir essa liderança sofreu um revés. A participação de mulheres em programas de desenvolvimento de lideranças caiu drasticamente de 31% (2024) para 18% (2025), quebrando uma sequência de três anos de crescimento. Além disso, menos de um terço das promoções foram destinadas a mulheres.
O relatório aponta ainda para um gargalo estrutural, em particular, no que tange à interseccionalidade de gênero e raça. Nos programas de sucessão monitorados por cor/raça – que representam apenas 30% das empresas –, a participação das mulheres se distribui da seguinte forma:
Mulheres brancas: 57,5%
Mulheres pardas: 17,9%
Mulheres pretas: 6,1%
Segundo a WIN Brasil, os números demonstram uma sub-representação alarmante das mulheres negras (pretas e pardas) em comparação com as brancas nos caminhos para a liderança. O desafio é agravado pelo fato de que 79% das empresas não monitoram a sucessão com o recorte de gênero e raça.
Quedas nas denúncias acende alerta
Outro ponto de preocupação do relatório foi na área de segurança e ética, em que houve um retrocesso na formalização dos mecanismos de denúncia.
Apenas 84% das empresas declararam possuir um canal confidencial para temas de discriminação e assédio, o menor percentual desde 2021.
O relatório registrou 122 denúncias de assédio sexual, sendo 76 procedentes (62%), um índice que evidencia a consistência das ocorrências.
Em contrapartida, houve uma queda drástica de 71% nas denúncias gerais recebidas pelos Canais de Ética. Luciana Félix, diretora de DEI da WIM Brasil, sugere que essa redução, em contraste com a alta taxa de procedência dos casos de assédio sexual, indica uma “preocupante subnotificação”.
Apesar de ter os canais formalizados, a gente notou do ano passado pra esse ano que teve uma queda brusca no número de casos de assédio sexual. Pode ser uma melhora no ambiente, a gente espera que seja, mas corre o risco de ser uma subnotificação que a gente precisa ficar atento”, destaca Luciana.
Contratações de mulheres chegam a 41%
O levantamento indica ainda que a contratação de mulheres representou 41% do total de admissões. Além disso, as iniciativas de formação educacional de meninas e mulheres quase dobraram, saltando de 17 para 31 empresas.
Para Patricia Procópio, diretora presidente da WIM Brasil, o relatório de 2025 sinaliza que o progresso “não é linear”.
“Vemos progressos importantes na presença feminina em cargos de alta liderança. No entanto, os retrocessos em áreas críticas como governança, capacitação e sucessão feminina nos mostram que o progresso não é linear. Precisamos transformar a intenção em ação estrutural e sustentável”, afirmou durante o lançamento do relatório em Belo Horizonte.
O estudo ouviu 57 empresas do setor mineral (mineradoras e fornecedores), um aumento de 256% na participação desde 2021.


