Parametrização de critérios de depleção de recursos minerais de longo prazo

Parametrização de critérios de depleção de recursos minerais de longo prazo

Como otimizar a gestão dos recursos minerais, garantindo a eficiência e a precisão na exclusão de áreas já escavadas e operacionalmente inviáveis? Esse é o objetivo do projeto “Parametrização de Critérios de Depleção de Recursos Minerais de Longo Prazo”, aplicado na Mina de Jacobina, na Bahia, uma das principais operações subterrâneas de ouro do país da Pan American Silver – Jacobina Mineração.

O processo de depleção, do conceito DEPLET, consiste em uma expansão das áreas lavradas, a qual é então utilizada para a exclusão dos volumes de minério situados próximos às escavações já realizadas, por serem considerados inviáveis operacionalmente no método de lavra atualmente utilizado. Na declaração de recursos e reservas, o DEPLET desempenha um papel crucial, pois envolve a geração de novos sólidos de recursos e reservas. Portanto, a parametrização eficiente dos critérios de depleção é essencial para assegurar a consistência e a otimização dos processos de desenho dos sólidos de depleção.

Segundo a autora do projeto, a geóloga de Recursos Pleno na Jacobina Mineração, da Pan American Silver, Malena Lopes Borges, o objetivo do projeto era estabelecer critérios eficientes para a depleção de recursos de longo prazo. Além disso, buscava-se redesenhar os sólidos de deplet de acordo com os padrões estabelecidos, aplicando-os a todas as minas, garantindo assim uma gestão mais precisa e eficiente dos recursos minerais.

COMO A METODOLOGIA FOI DESENVOLVIDA E AUTOMATIZADA

De acordo com Malena, historicamente, o processo de confecção dos sólidos de depleção era feito por meio do desenho em seções no software Vulcan. Essa abordagem resultava em subjetividade, variações entre profissionais, susceptibilidade a erros humanos e inconsistências entre áreas, gerando sólidos sub ou superdimensionados, dificultando a reprodutibilidade. Foi então que o projeto foi estruturado por meio de uma abordagem Lean Six Sigma Green Belt, sendo o principal KPI (Tempo médio por Stope) medido para a confecção do sólido de depleção.

A metodologia foi então desenvolvida por meio de um script automatizado no software Studio RM, em uma parceria com a Datamine, que converte sólidos de lavra em sólidos de depleção padronizados. O processo aplica uma expansão tridimensional controlada (X, Y e Z), remove blocos abaixo do piso de lavra e gera furos de sondagem virtuais com amostras artificiais, respeitando critérios de orientação e distância máxima. A estimativa por Vizinho Mais Próximo (NN) une volumes lavrados próximos e gera sólidos suavizados, assegurando padronização, reprodutibilidade e flexibilidade para diferentes contextos, respeitando distanciamentos definidos pelo usuário.

A automação reduziu o tempo médio por stope de 4,5 minutos para 13 segundos — uma queda de 95 — com entregas mais rápidas e consistentes. Os sólidos passaram a seguir critérios padronizados e auditáveis, eliminando variações subjetivas e permitindo aplicação replicável em diferentes áreas.

BENEFÍCIOS NA GESTÃO DE RECURSOS

Seguindo a política de declarar apenas os recursos localizados dentro de unidades mínimas lavráveis (SMU), após o projeto, a Pan American Silver conduziu um estudo comparativo com os dois cenários de depleção — um com a metodologia antiga e outro com o novo script — aplicados sobre a mesma base estimada, o modelo de blocos. A partir disso, foram geradas automaticamente as unidades lavráveis de recursos utilizando o Mineable Stope Optimizer (MSO), o que permitiu comparar os cenários de forma objetiva.

O modelo gerado com a nova metodologia apresentou um ganho equivalente a um aumento de 3% nos recursos minerais estimados. No cenário anterior, sólidos de depleção superdimensionados reduziam o volume de recursos lavráveis. Com a nova abordagem, os sólidos gerados refletem com maior precisão a expansão nas cercanias de áreas lavradas. Essa diferença mostra como a ausência de critérios padronizados pode levar à subdeclaração de recursos, enquanto a metodologia automatizada promove ganhos técnicos relevantes e melhor aproveitamento do depósito.

Resumindo, a nova metodologia também viabiliza a revisão dos sólidos antigos, permite a inclusão de volumes antes desconsiderados e assegura aderência às boas práticas de declaração pública de recursos e reservas. Para Malena, este projeto foi crucial para o processo de Geologia. “Através das análises e da nova metodologia aplicada, conseguimos uma redução de 95% no tempo e um aumento de cerca de 3% nos recursos minerais”. Segundo a autora, para garantir a continuidade dos resultados.

foi implementado um plano de auditoria trimestral. “A nova metodologia facilita a replicabilidade do processo e permite a utilização de diferentes cenários de depleção, assegurando melhorias contínuas e sustentáveis”, concluiu.