Determinar a melhor rota de tratamento para minérios de ouro complexos (principalmente a partir do aprofundamento das minas) tornou-se um desafio contínuo para as mineradoras. Na Mina Córrego do Sítio, em Minas Gerais, da AngloGold Ashanti, duas usinas diferentes tratam minérios das operações a céu aberto e subterrânea.
O minério oxidado é tratado em uma planta de lixiviação em pilhas, enquanto o minério de sulfeto é tratado em uma planta de beneficiamento de minérios refratários.
As etapas de tratamento do ouro na planta sulfetado envolvem cominuição, flotação, pré-oxidação e lixiviação para recuperar o ouro dos diferentes corpos de minério. Além disso, minérios sulfetados de baixo teor são pré-concentrados com auxílio do equipamento de ore sorting para posterior beneficiamento em planta. Com o aprofundamento das minas, a zona de transição entre minério oxidado e sulfetado começou a emergir e, consequentemente, as recuperações de ouro passaram a diminuir na planta de lixiviação.
Com base na caracterização mineralógica, o ouro não refratário (transportado pela arsenopirita) e o ouro ultrafino (associado aos silicatos) tornaram-se mais comuns. Estudos mostraram o potencial para maximizar a recuperação de ouro do minério de transição, através da aplicação do equipamento de ore sorting. O processo resulta na separação dos sulfetos do minério oxidado, permitindo que as operações enviem os produtos para a planta de tratamento mais
adequada. Uma rota de processo foi desenvolvida com base na classificação do corpo de minério de transição por descrições geológicas, caracterização mineralógica e testes metalúrgicos.
A cava da mina a céu aberto, denominada Rosalino, localizada no município de Santa Bárbara, é a principal fonte de minério oxidado no complexo Córrego do Sítio. No entanto, a ocorrência de minério de transição na cava Rosalino, com significante conteúdo de ouro refratário não recuperável por cianetação direta, tornou-se frequente com avanço da profundidade da lavra, a partir da cota 800.
Neste trabalho é apresentado todo o estudo para tratamento do minério de transição na planta de ore sorting, destinando os seus produtos para as rotas de tratamento mais adequadas. O objetivo do estudo foi maximizar a recuperação de ouro no minério de transição, viabilizando seu tratamento no complexo.
Os resultados da caracterização demonstram a alta variabilidade das associações do ouro presente no minério de transição. Apesar da presença de ouro livre, sua granulometria fina dificulta a recuperação via gravimetria na planta sulfetado, mas é favorável a lixiviação direta na planta de lixiviação em pilhas. A existência de ouro associado a
sulfetos indica a possibilidade de melhora de performance, se tratado pela atual rota da planta sulfetado, embora a grande quantidade de ouro associado a óxidos de ferro possa dificultar a recuperação de ouro na flotação pela presença de lamas.
Os resultados dos testes de bancada mostraram potencial de aumento da recuperação global de ouro do minério de transição, a partir do envio do produto EP para tratamento na planta sulfetado. Nota- se uma concentração de 41% do ouro em 25% da massa. Também se percebe ganhos de recuperação com o envio dos finos e AW para a planta de lixiviação em pilhas a partir do aumento de recuperação na lixiviação com a redução da quantidade de sulfetos refratários nesses produtos.
No balanço global do teste, houve um aumento na recuperação de ouro de 22,6% com a separação do minério de transição na tecnologia ore sorting e a destinação dos produtos à rota de tratamento mais adequada.
AUTORES: Marcus Félix Magalhães, especialista em metalurgia, mining e technical; Mariana Gazire Lemos, especialista em geometalurgia, mining e technical; Vinícius Moreira Assis, gerente sênior de metalurgia; e Márcio Salgado Pereira, gerente de planejamento e processo – todos da AngloGold Ashanti.