Minas na Austrália e Canadá colocam gás natural para teste de longa duração em caminhões

Há crescente interesse pelo uso do GNL em países como Ucrânia, Indonésia, Rússia e China
A despeito dos baixos preços de petróleo terem esfriado o movimento para uso de gás natural liquefeito como combustível em frotas de mineração, o desenvolvimento da tecnologia não parou. Segundo a revista IM-International Mining, há crescente interesse pelo uso do GNL em países como Ucrânia, Indonésia, Rússia e China. Na mina de fosfato da Eurochem Kovdorskiy na Rússia, uma estação para abastecer GNL foi instalada dentro do perímetro da cava e o contrato de fornecimentos dos caminhões Belaz prevê sistema bi-combustivel.

Na 1ª metade de 2015, a mina Kovdorskiy encomendou a instalação do sistema bi-combustível em dois caminhões Belaz 75139, de 130 t.

Sabe-se que a Caterpillar tem em testes um modelo 793D com o sistema proprietário DGB-Mistura Direta de GNL em Tinaja Hills, nos EUA. Ainda não se sabe quando tal sistema se tornará disponível para novos caminhões e para retrofit. Conforme a revista IM, que entrevistou John Ingle, gerente de Marketing e Performance de Caminhões de Mineração de Grande Porte da Caterpilllar, o atual diferencial de preço entre diesel e GNL não justifica a conversão dos caminhões de mineração em muitas partes do mundo. Entretanto, há perspectivas positivas para sua adoção a longo prazo.

A Caterpillar está se valendo de tecnologias maduras sobre o uso de GNL na indústria de óleo e gás para desenvolver um sistema apropriado para caminhões de grande porte. Além de ter um caminhão em testes em Tinaja Hills, há outro modelo piloto em operação experimental numa mina. “Nós identificamos algumas dificuldades que ainda não foram avaliadas pelas mineradoras, como o kit de conversão para GNL não atender os padrões de emissão de metano em alguns mercados altamente regulados. Existe também o custo de suprir grandes volumes de GNL, que pode se tornar proibitivo dependendo da localização das minas.

Há testes ainda de um sistema de gás natural comprimido de alta densidade (GNC) na Austrália que envolveu a conversão de um caminhão 789C, concluído em Morayfield, Queensland. Este GNC de alta densidade tem o dobro de energia do gás natural comprimido normal, custa menos que o diesel e gera menos poluentes. O caminhão é acionado por um motor Cat 3516B, que utiliza a tecnologia de monitoramento e gerenciamento de combustível aperfeiçoada pela IntelliGas Group e sistemas de combustível projetados para GNC de alta densidade.

A empresa Mine Energy Solutions-MES propõe uma solução completa para as mineradoras: ela vai converter os motores, fornecer o gás natural, já comprimido para alta densidade, no sítio da mina e instalar estações de abastecimento no local. Seu diretor, Craig James, revela que os testes com GNAD mostram potencial para substituir o diesel com vantagens. “Os testes indicam que esse combustível em gás pode substituir o diesel em 80% do ciclo de transporte na mina, sem perda de torque ou potência. As mineradoras vão poder reduzir os custos de combustível, cortar as emissões de carbono em 25%, reduzir o material particulado emitido — sem comprometer o desempenho do caminhão”. A MES é uma associação entre a IntelliGas Group australiana e a International Sime Darby, da Malasia, proprietária do distribuidor Caterpillar em Brisbane, Hastings Deering.

Na Indonésia, a United Tractoors converteu um caminhão Komatsu HD785 para GNL, instalando dois tanques adjacentes para o gás no equipamento. Já houve testes bem sucedidos com um HD465-7R na mina de carvão da Berau Coal em 2014.

A Teck Resources do Canadá iniciou um programa piloto para testar GNL na sua frota de caminhões na sua mina de carvão metalúrgico de Fording River, instalando os sistemas EVO-MT 8300 e EVO-MT9300, fornecidos pela GFS Corp., em seis caminhões Komatsu 830 e 930. GFS é o fabricante líder de sistemas de retrofit para queimar uma mistura de GNL e diesel em caminhões de mineração, cuja rede de distribuidores autorizados foi ampliada no Canadá com a nomeação de Wajax Power Systems e Cullen Diesel Power.

A Teck é pioneira no uso de GNL na frota de mineração no Canadá, mirando ganhos em termos ambientais e custos operacionais. O GNL não produz material particulado ou dióxido de enxofre, além de reduzir outros gases de efeito estufa em pelo menos 20%, quando comparado ao diesel. Existe uma redução potencial de 35 mil t anuais de CO2 nesta mina de carvão metalúrgico e economia equivalente a 20 milhões de dólares canadenses ao ano na adoção da mistura GNL com diesel. A empresa FortisBC está transportando o GNL ao sítio da mina e contribuiu com recursos financeiros ao programa piloto.

A Teck ampliou a oficina de manutenção dos caminhões em Fording River, adquiriu kits de conversão, instalou estações de abastecimento e um amplo programa de segurança relacionado ao manuseio de GNL. A província de British Columbia conta hoje com uma frota de 400 veículos comerciais rodando com GNL.

Esse programa piloto da Teck amplia a frota de caminhões convertidos para GNL usando o sistema EVO_MT da GFS, com tanque suficiente para turnos de 12 horas, que já soma 300 mil horas acumuladas de operação considerando caminhões Cat 793 e Komatsu 830/930. Essas frotas incluem a mina de carvão Black Thunder, da Arch Coal, e a mina Eagle Butte, da Alpha Coal West