Conheça as operações da Itaminas que vai investir R$ 1,5 bipara atingir 15Mt/ano de minério de ferro

Conheça as operações da Itaminas que vai investir R$ 1,5 bipara atingir 15Mt/ano de minério de ferro

Na pacata Sarzedo-MG, cidade com pouco mais de 36 mil habitantes, pode-se perguntar a qualquer morador que ele saberá indicar como chegar na planta da Itaminas, mineradora instalada no município e que ocupa a 10ª posição entre as maiores produtoras de minério de ferro do Brasil. Com 67 anos de atuação, a companhia recebeu a equipe da revista Minérios e Minerales no final de abril, e autorizou, com exclusividade, uma visita a todas as suas instalações mostrando detalhes de sua produção, equipamentos para a gestão de rejeitos e projetos implementados visando à compensação ambiental e preservação da área – uma preocupação evidenciada, a todo momento, pela Itaminas.

Nessa imersão dentro da mineradora, a equipe visitou as operações da Mina Engenho Seco, onde contou com uma entrevista in loco do diretor Técnico e de Desenvolvimento de Negócios da Itaminas, André Maciel Machado. Ele explicou cada etapa, desde a extração e processos de beneficiamento do minério de ferro, e também onde a companhia pretende aplicar os investimentos de R$ 1,5 bilhão de reais, anunciados em fevereiro deste ano. O aporte visa a modernizar e expandir a produção da Itaminas de 6,5 milhões de toneladas de minério de ferro anuais para 15 milhões de toneladas (aumento de 145%) até 2032.

INÍCIO DA PRODUÇÃO, POTENCIAL E INFRAESTRUTURA

Com três concessões minerárias que totalizam uma área de 690 hectares e lavra em cava a céu aberto, a Itaminas iniciou suas operações em janeiro de 1958, na Mina Engenho Seco. Ela produz quatro tipos de produtos derivados do beneficiamento do minério de ferro: sinter feed concentrado, sinter feed alta sílica, hematitinha e pellet feed. Atualmente, seus recursos minerais estão estimados em 600 bilhões de toneladas e, segundo o diretor Técnico, André Machado, esta estimativa deve aumentar à medida que avançam as pesquisas geológicas realizadas pela mineradora.

“Desde 58, de lá pra cá muita coisa mudou na Itaminas. Hoje a produção é de 6,5 milhões de toneladas por ano, e, no passado, era em média de 3 a 4 milhões toneladas. Nossa cava tem 4 km de extensão lateral e 1 km de largura, e nessa área de lavra temos 300m entre a cota mais alta e a mais baixa. Ao todo, são movimentados 4 milhões de toneladas de minério por mês, o que permite a produção anual de 6,5 milhões de toneladas até então”.

Com 800 funcionários diretos e mais 1500 indiretos, a operação da Itaminas é terceirizada e somente de equipamentos somam-se 600 unidades no total. “Na frota, por exemplo, contamos com 70 caminhões que suportam a lavra em si e mais 120 caminhões que fazem a expedição dos nossos produtos, além de 70 equipamentos entre escavadeiras e carregadeiras, entre outros”, detalhou André, que acrescentou como funciona essa gestão: “para gerenciar toda a frota usamos o software da FastMine, que permite analisarmos desde a mina, o movimento de caminhões e equipamentos ao longo da cadeia, medindo o tempo de ciclo e consumo de combustível. Nosso objetivo é reduzir não somente o custo, mas, principalmente, a emissão de carbono para a preservação ambiental”, frisou o diretor.

PROCESSOS DE BENEFICIAMENTO

A produção da Itaminas acontece a partir da extração do minério, em seguida beneficiamento, logística e escoamento, com transporte da produção até o terminal de embarque. A gestão de rejeitos é feita com a filtragem e desaguamento, eliminando a necessidade de barragens. O parque industrial conta com duas unidades de britagem e classificação (ITM 4 e ITM 9), duas unidades de concentração magnética de média intensidade (ITM 2), uma unidade de concentração magnética de alta intensidade (ITM 8), equipada com sistemas de desaguamento para concentrado e rejeitos.

“Nosso parque utiliza tecnologias na rota de concentração a úmido, e, do princípio ao fim, temos britagens nas etapas primárias, secundárias e terciárias. As britagens são duas, realizadas na ITM 4 e ITM 9, e elas permitem que façamos a cominuição do ROM (Run-of-Mine) que passa então do seu tamanho natural até finos, e segue para as etapas seguintes para a concentração magnética”, explicou André, detalhando: “As partículas que chegam nessa etapa de concentração magnética medem 13 mm (para Sinter Feed), e, a partir daí, alimentam as plantas principais, da IMT 2 e ITM 8.

A 2 contribui através de uma rota de médio e baixo campo magnético, onde temos tambores magnéticos que fazem esse trabalho, egeram o Sinter Feed concentrado. Já a ITM 8 é a que gera o produto
de maior valor agregado, que é o Pellet Feed (entre 0 mm a 3 mm). Esse passa por rotas de alto campo magnético, através de rotores de alta intensidade magnética, tecnologia em que a Itaminas foi pioneira no Brasil. Assim lavramos minério com 47% de ferro e convertemos a 62% de teor”, esclareceu o diretor.

FILTRAGEM: REJEITOS PRENSADOS EM PLACAS A CADA 20 MIN

Para esse processo, desde 2020, a Itaminas possui uma planta somente para a filtragem dos rejeitos. Lá, a companhia instalou quatro filtros prensa – equipamentos do tamanho de um caminhão cada – que transformam os rejeitos em tortas que parecem placas, dispensando o descarte em barragens. Todos os rejeitos são filtrados e dispostos a seco.

“Usar a filtragem e não mais barragens nos permite trabalhar com segurança. Os filtros são da Andritz, eles tem placas de 2 por 2,5 metros e cada um possui 600 placas que fazem a filtragem do rejeito. Os ciclos duram de 20 a 24 minutos, dependendo do material e a umidade. Com isso, o rejeito final que era para chegar a 17% de umidade atinge 14%, e isso em volumes de até 10 toneladas por dia de rejeitos filtrados”.

Antes da implantação da planta de filtragem, a Itaminas operava com duas barragens de rejeitos, identificadas como B1 e B4. Ambas se encontram atualmente em processo de descaracterização, em conformidade com a legislação vigente.

Segundo o técnico de Mineração e Geotecnia da Itaminas, Patrick Junio Resende, a Barragem B1 está na fase de estudos preliminares, que subsidiarão a execução das obras de descaracterização. Nesta etapa, foram contratados os serviços técnicos especializados para a elaboração do balanço hídrico da estrutura, estudo da contribuição de sedimentos e os projetos conceitual e executivo da descaracterização.

Já a Barragem B4 encontra-se em uma fase mais avançada, estando em execução as obras de modificação estrutural. Para esta etapa, foram contratados o projeto conceitual e executivo, bem como os serviços de acompanhamento técnico de obra e controle tecnológico, assegurando o atendimento aos padrões técnicos exigidos e à segurança da estrutura ao longo do processo de descaracterização.

INVESTIMENTOS PARA EXPANSÃO E SUSTENTABILIDADE

Em fevereiro deste ano, a Itaminas anunciou seu planejamento estratégico para sua expansão. Em 2024, foi vendida para um grupo de empresários mineiros – Rodrigo Gontijo, da AVG Mineração, Argeu Geo, da Ageo Agropecuária, e Daniel Vorcaro, do Banco Master. As tratativas foram conduzidas pelo presidente da Itaminas e fundador do centro cultural Inhotim, Bernardo Paz. Sob nova direção, a companhia divulgou um programa de investimentos de R$ 1,5 bilhão para a modernização da planta em Sarzedo (MG), visando a ampliação do volume de produção em 145%, além do aprimoramento dos processos para melhorar a qualidade do minério de ferro produzido e soluções voltadas para a descarbonização das atividades da mineradora.

“Estamos já na rota desse investimento com melhorias que vão até 2032, passando por todas as etapas produtivas, principalmente de moagem, britagem e classificação. Além dessas, a tendência, com esses investimentos, é que teremos moinhos bola, e em cerca de dois anos, pretendemos ter moagem por HPGR, que são moinhos de prensa para reduzir a granulometria do minério que está abaixo de 3 mm para abaixo de 2 mm. Associado a isso, vamos repotenciar as etapas de concentração colocando rotas com espirais, ao invés da rota tradicional que é magnética. A longo prazo, planejamos implantar a flotação para tratar a totalidade do recurso mineral”, contou o diretor. A companhia também irá adquirir mais filtros para a planta de filtragem– “tratamento de rejeitos é uma preocupação constante da Itaminas”, destacou.

Outro objetivo dentro do cronograma de investimentos é a construção de um novo terminal ferroviário, dobrando a capacidade de carregamento da empresa. “O novo terminal ferroviário vai suceder o atual que hoje tem capacidade de 10 milhões de toneladas e fica a 3km de distância da mina. Nosso projeto é reduzir essa distância pela metade e dobrar a capacidade de escoamento”, revelou André.

AÇÕES ESG

Com o slogan no outdoor de entrada “Itaminas, a mineração que sustenta vidas”, André Machado ressaltou as ações ambientais e sociais que a empresa vem promovendo. Além da geração de emprego no município de Sarzedo (MG), a companhia possui projetos sociais e culturais para os moradores, e adota práticas ambientais em suas operações como o reuso de água para lavagem de caminhões da própria companhia.

Outro projeto destacado é o horto comunitário, construído dentro da área da planta da Itaminas. Atualmente, são cultivadas cerca de 25 espécies, entre nativas, frutíferas e ornamentais produzidas com foco tanto na recuperação ambiental quanto na valorização estética de espaços urbanos. Essas mudas são amplamente utilizadas em projetos de paisagismo de obras executadas pela própria Itaminas, beneficiando diretamente o município de Sarzedo. As plantas são aplicadas em praças públicas, escolas, igrejas, centros de saúde e também em áreas de replantio interno da mineradora.

Um dos projetos mais significativos apoiados pelo horto foi o Parque Natural Municipal Cachoeira de Sarzedo, idealizado e construído pela Itaminas para o município de Sarzedo, cuja primeira etapa já está em funcionamento. Segundo o superintendente de Infraestrutura e Geotecnia, Henrique Lucas Freire de Faria, todo o paisagismo do parque foi inspirado no INHOTIM, e a maior parte das espécies utilizadas foi cultivada no Horto Florestal da Itaminas.

Além da produção de mudas, o espaço do horto também cumpre uma função educativa e de sensibilização ambiental. Frequentemente, o local recebe visitas de escolas, grupos comunitários e representantes de instituições locais.

Além do horto comunitário, a mineradora fomenta práticas ambientais internas visando a gestão eficiente dos recursos hídricos. Uma delas é a recirculação da água para lavagem de caminhões. Aproximadamente 97% da água utilizada nas unidades de beneficiamento é reutilizada no próprio processo, reduzindo a necessidade de captação de novas fontes.

Já na area social, dentre os projetos sociais da companhia, destacam-se o Big Day Itaminas, um dia que oferece serviços da área da saúde e oficinas de capacitação em parceria com o Senai para a comunidade, que atendeu mais de três mil famílias; projetos esportivos como Capoeira Mãos à Obra, que atende crianças a partir de 5 anos, e Mulheres em Movimento beneficia mais de 80 mulheres com aulas gratuitas de zumba, além de atividades que incentivam o bem-estar e o fortalecimento da imagem da mulher na sociedade. Na educação, há projetos como o Creche Recanto Feliz e Criança Feliz. O Recanto Feliz realiza doação mensal de pães e cestas básicas, beneficiando diretamente mais de 145 pessoas. Ao todo, somando outras iniciativas, mais de 1.300 pessoas são assistidas pelos projetos.

“Temos parcerias com a Prefeitura de Sarzedo, e, além do horto, temos várias obras sociais no município. Para nós, a frase ‘Mineração que sustenta vidas’ não é só um lema da Itaminas, mas um princípio, devido a responsabilidade que devemos ter com o meio ambiente e a sociedade. Com a arrecadação de R$140 milhões por ano que já revertemos para os cofres públicos, nós queremos ampliar esses benefícios, pois acreditamos que a mineração também promove desenvolvimento social, preservação ambiental e é dessa maneira que trabalhamos para deixar um legado”, concluiu André Maciel Machado.