Projeto Carina, que prevê produção industrial de Terras Raras para 2028, adota metodologia “mineral circular”
Com o nome de Colheita Mineral Circular (CMC), a metodologia sustentável patenteada pela Aclara Resources, e aplicada no Projeto Carina, em Goiás, faz jus ao seu significado. A planta piloto, que foi inaugurada em maio deste ano e teve a sua primeira produção de terras raras no final do mesmo mês, utiliza uma tecnologia baseada na reciclagem. Essa estratégia se dá pelo desenvolvimento de recursos minerais hospedados em depósitos de argila iônica, os quais no Projeto Carina, por exemplo, são encontrados elementos terras raras como Neodímio, Praseodímio, Disprósio e Térbio. Lá, o processo de extração é realizado como uma colheita: após a extração das argilas iônicas, sua filtragem e diversos processos, elas voltam para a cava, como uma reciclagem.
Segundo o projeto da Aclara, o foco está na construção de uma cadeia de suprimentos verticalmente integrada para ligas de terras raras utilizadas em ímãs permanentes.
Além do Projeto Carina, outro projeto da Aclara, chamado Módulo Penco, na região de Biobío, no Chile também utiliza a tecnologia Colheita Mineral Circular.
COMO FUNCIONA A METODOLOGIA
Um depósito de terras raras está ligado quimicamente aos argilominerais, em uma ligação química fraca, chamada de adsorção. As cargas positivas dos íons de terras raras encontram um ambiente e condições favoráveis para se ligar as cargas negativas dos argilominerais. O processo de recuperação dos elementos de terras raras se chama troca iônica, onde é feito a adição de uma solução com o reagente que fará o processo de dessorção, que no caso da Aclara será o Sulfato de Amônia.
O minério da mina será alimentado ao processo por meio de grelhas estáticas, que rejeitam material de grandes dimensões (por exemplo, vegetação, rochas) para proteger os processos a jusante. O minério será enviado para a o tambor de lavagem através de correias transportadoras. A polpa gerada na área de peneiramento será bombeada para o tanque de condicionamento, onde é adicionada a solução e alimentará o primeiro de dois espessadores.
A área de filtragem de argila processada, recebe a polpa proveniente do espessador. A polpa é bombeada para um tanque e a partir desse tanque, começa o estágio de filtragem, que compreende quatro fases: Alimentação, Lavagem, Compressão e Secagem.
O objetivo dessas fases é lavar as argilas, atingindo um teor de umidade adequado para o empilhamento a seco, o que garante a estabilidade física do material. A solução proveniente da área de filtragem é
alimentada aos reatores de impureza dispostos em série. No primeiro reator, uma solução de hidróxido de amônio é adicionada para ajustar o pH, permitindo que impurezas como o alumínio sejam removidas por precipitação, e o produto da reação é descarregado no segundo reator.
A última etapa corresponde ao estágio de purificação do produto, seguido pela filtragem das impurezas e do concentrado de elementos de terras raras (REE). O sistema de tratamento da solução final recupera a água e remove outras impurezas que poderiam afetar a qualidade do produto final.
A Colheita Mineral Circular inicia com a extração das argilas iônicas através de desmonte mecânico, com uso de escavadeira hidráulica e caminhões para o transporte do minério para a área de beneficiamento.
A companhia também não necessita de etapas de britagem e moagem em suas etapas de beneficiamento.
A Aclara também não utiliza barragem de rejeitos, porque o processo não gera resíduos líquidos já que as argilas retornarão para a cava. Foram definidas áreas de disposição das argilas lavadas, que terão um
projeto específico de engenharia para o seu empilhamento a seco. Além disso, o processo da Aclara reutiliza 95% da água utilizada no processo, e recupera 99% do principal reagente, que é um fertilizante natural fundamental na etapa de revegetação da área.






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