Setor aposta em novas tecnologias, produtividade e proteção ao meio ambiente para crescer. Marcelo de Valécio
No Rio Grande do Sul existem aproximadamente 200 empresas que atuam na área de areia, brita e saibro, entre pequenas, médias e grandes mineradoras. De acordo com a Associação Gaúcha dos Produtores de Brita, Areia e Saibro (Agabritas) e o Sindicato das Empresas de Mineração de Brita, Areia e Saibro (Sindibritas), o setor possui faturamento da ordem de R$ 30 milhões mensais. Os materiais mais comercializados são a areia e a brita, sendo que a região que mais demanda produtos é a Grande Porto Alegre, seguida pela Serra Gaúcha e o Vale do Taquari.
Com a economia brasileira ainda entrando em processo de recuperação, o que implica em obras públicas e grandes empreendimentos em com passo de espera, o segmento de agregados busca alternativas para se adaptar às atuais demandas de consumo do País. “Atualmente, não está fácil, com a demanda desaquecida e a concorrência muito acirrada e predatória. Em um momento de retração do mercado, com poucas obras, as empresas acabam reduzindo sua produção e buscando alternativas de redução de custos”, afirma o presidente da Agabritas e do Sindibritas, Pedro Reginato.
A ordem agora, segundo o executivo, além de reduzir custos, é aumentar a produtividade, aproveitando 100% dos materiais utilizados no processo de produção. “O mercado não aceita nenhum tipo de reajuste, portanto, todos os mineradores estão voltados para dentro dos seus custos de produção, tentando reduzi-los o quanto for necessário”, sustenta Reginato.
Muitas empresas estão investindo nos processos de adaptação e melhoria das tecnologias mineradoras, garantindo mais produtividade e eficiência para as atividades desenvolvidas.
É fundamental, segundo o presidente da Agabritas/Sindibritas, que o setor ganhe mais eficiência e tenha condições de crescer, mesmo em meio à turbulência econômica do País. “O merca – do da mineração está investindo em automação e processos mais avançados sob o ponto de vista das tecnologias que utiliza, como em operações a céu aberto ou subterrâneas, para que possam ser mais eficientes na busca pelas metas de produção, de retorno financeiro e de proteção ambiental”, revela Reginato.
Em termos de novas tecnologias, estão sendo incorporadas na mineração cada vez mais a mecanização e a automação de grande parte dos processos. Entre as novidades, estão as peneiras de alto desempenho e os britadores VSI, “visto que cada vez mais o mercado das construtoras e concreteiros buscam por agregados mais cúbicos e peneirados”, destaca o presidente da Agabritas, No caso de desmonte de rochas a céu aberto, tem predominado a utilização de explosivos mais avançados e iniciação eletrônica, que possibilitam uma perfuração em diâmetro superior aliada a um custo reduzido, além de reduzir os impactos ao ambiente. “Com os primários de grande porte reduz-se a área de desmonte. Ou seja, gasta-se menos explosivo ampliando a malha de desmonte, uma vez que o primário tem capacidade de consumir pedra de maior tamanho”, explica Reginato.
Tem ocorrido também maior uso da tecnologia de análise de dados, como o reconhecimento do nível de dureza das rochas, o que permite um plano de perfuração mais eficiente. Sem contar a melhoria do transporte e carregamento dos materiais minerados, conferido maior agilidade e eficiência ao processo como um todo.
Dentro da proposta de redução de custos adotada pelo setor está também a conservação de água e de energia na indústria de agregados. Segundo Pedro Reginato, a maioria das instalações das empresas reserva as águas da chuva e vertentes. Já o aproveitamento da energia livre tem sido feito por meio da substituição de motores tradicionais por modelos de alto desempenho. “Além disso, muitas empresas estão migrando para o mercado de energia verde, onde é possível conseguir redução de custos e não precisa contratar demanda, pagando somente pelo consumo”, revela o presidente da Agabritas/Sindibritas.
Outra iniciativa em desenvolvimento pelo setor de agregados gaúcho em prol da produtividade tem desdobramentos importantes em termos de preservação ambiental e sustentabilidade, como salienta Reginato. “Estamos aproveitando 100% dos materiais. Tudo é levado em conta: águas, compensação vegetal, cortinas verdes nas áreas não exploradas, bancadas com menor altura, com futuro de aproveitamento nas áreas para futuras edificações ou aterros para construção”, diz o executivo. Todas as ações, segundo ele, são para minimizar o impacto ambiental e impedir
que se chegue à exaustão da jazida sem um aproveitamento completo. “Muitas cidades contam com áreas de aterro. Essas pedreiras serão, no futuro, um espaço bem interessante para a população aproveitar e ter onde colocar seus resíduos”, acredita Reginato.
Em que pese as dificuldades, o executivo vê o setor muito unido, resultado do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Sindibritas. “É um momento ímpar, em que temos um bom relacionamento com o governo estadual, órgãos ambientais, DNPM e Ministério Público. Estamos organizando o setor e o momento está favorável, com todos os envolvidos em uma mesma sintonia”, observa Reginato.
Pedro Reginato, presidente da Agabritas e do Sindibritas