Votorantim contrata funding de IFC para expandir uso de combustível alternativo

Votorantim contrata funding de IFC para expandir uso de combustível alternativo

A fábrica de Salto de Pirapora, localizada na região de Sorocaba, no estado de São Paulo, está em operação desde 1977 e produz cimento, agregados e calcário agrícola. A área construída da planta é de cerca de 71 mil m2. Como diferencial da operação, a unidade possui um transportador de correia de longa distância (TCLD) com extensão de 4 km, que transporta o calcário da Mina Ponte Alta até o pátio de matéria prima da área fabril. O projeto de modernização também inclui uma unidade de preparação de resíduos, para queima no forno.

De acordo com Olavo Kaehler, gerente geral de projetos global da Votorantim Cimentos, atualmente, mais de 30% dos combustíveis utilizados pela fábrica de Salto de Pirapora são considerados combustíveis alternativos – como biomassas de madeira, pneus usados e combustível derivado de resíduo (CDR) -, reduzindo a utilização de combustível fóssil. Com a implementação desse projeto, a unidade deverá dobrar a capacidade de utilização de combustível alternativo.

Kaehler explicou que o coprocessamento é uma tecnologia usada globalmente – e que, no Brasil, a Votorantim Cimentos foi a pioneira –  substituindo os combustíveis fósseis, principalmente o coque de petróleo, por outros alternativos como, por exemplo: resíduos urbanos, industriais, pneus e biomassas nos fornos de produção de cimento. Promove, assim, a economia circular. 

Por meio dessa tecnologia, os resíduos utilizados como combustível são completamente consumidos nos fornos da indústria cimenteira, onde as cinzas geradas nesse processo são incorporadas no clínquer, sem impactos na qualidade do cimento e sem gerar nenhum passivo ambiental. Isto ocorre devido às altas temperaturas durante o processo de queima (1.450 oC).

O gerente disse ainda à revista Minérios que, nesse empreendimento, a Votorantim Cimentos seguirá a sua prática tradicional de elaborar o projeto e coordenar o desenvolvimento da engenharia. “Cuidaremos da integração de empresas especializadas e locais de engenharia civil, mecânica, elétrica e automação, tomando como base as informações oriundas dos fornecedores dos equipamentos principais, sendo as contratações mediante as demandas de avanço do projeto”, destacou.

Sobre o financiamento

O contrato de financiamento foi assinado com a International Finance Corporation (IFC) – maior organização de desenvolvimento voltada ao setor privado em países emergentes e membro do Grupo Banco Mundial. O projeto faz parte da estratégia de sustentabilidade de longo prazo da Votorantim, que é a primeira cimenteira brasileira a firmar um contrato conectado a indicadores de sustentabilidade junto à IFC.

O documento possui compromissos de sustentabilidade atrelados e prevê a redução do custo financeiro para a empresa em caso de atingimento da meta de redução de CO2 acordada pela Votorantim com a Science Based Targets initiative (SBTi). Adicionalmente, a IFC dará suporte técnico em outros projetos que fazem parte da jornada de descarbonização da empresa.

“A meta global, estabelecida nos nossos Compromissos de Sustentabilidade 2030 (documento público) é atingir 53% de substituição térmica, percentual de energia vinda de combustíveis alternativos aos combustíveis fósseis. Globalmente, a Votorantim Cimentos substituiu 26,5% dos combustíveis por fontes alternativas em 2022”, informou Kaehler. 

No Brasil, a Votorantim Cimentos atingiu, em 2022, o índice de substituição térmica de 31,3%, utilizando 1,3 milhão de toneladas de resíduos e biomassas nas operações brasileiras por meio do coprocessamento. 

Êle salientou que “essa substituição auxilia na redução de emissões de gases de efeito estufa tanto durante a produção de cimento quanto no processo de decomposição dos resíduos, que deixam de ir para os aterros, com efeito positivo na redução das emissões de CO2”.

A meta de descarbonização da Votorantim Cimentos para 2030 é atingir 475 kg de CO2/t de cimentícios (meta baseada na ciência, aprovada pelo SBTi). Em 2022, o resultado global de emissões da companhia foi de 579 kg de CO2 por tonelada de cimentício – uma redução de 3% em comparação com o ano de 2021.