Vale reduz custo de produção de minério de ferro em 41%

Aumento da produtividade, utilização de correias transportadoras de longa distância, otimização do uso de equipamentos, são algumas das medidas que permitiram uma redução nos custos da mineradora

Apesar da desvalorização do minério de ferro no mercado global, a Vale apresentou bons resultados operacionais durante o evento Vale Day, realizado em Nova York (EUA). Com iniciativas que visam aumentar a produtividade e reduzir custos, como implantação de correias de longa distância, padronização dos equipamentos e otimização de mina e da capacidade da frota de transporte, o custo de minério de ferro entregue a China (principal cliente da empresa) caiu mais de US$ 25/t entre o quarto trimestre de 2014 e outubro de 2015, ficando em US$ 31/t.

A mineradora espera reduzir ainda mais o custo por tonelada produzida com a entrada do projeto S11D, previsto para o segundo semestre de 2016. O complexo terá o menor custo de produção, podendo atingir US$ 7/t (a média será de US$ 10/t) e irá contribuir para que o valor gasto pela empresa para levar a commodity para a China fique abaixo dos US$ 24/t em 2018.

Como parte do seu programa de reduzir custos, a empresa fez a substituições de caminhões por correias transportadoras nas unidades de Carajás e Itabira, reduzindo em 40% a distância transportada e dispensando o uso de carregadores, o que faz parte do programa truckless. Outra medida refere-se à padronização de máquinas, que engloba a utilização de equipamentos de poucos fabricantes, que resulta, segundo a empresa, em maior produtividade, confiabilidade e menores custos de manutenção em função do maior conhecimento e especialização em menos modelos.

Na parte de otimização da mina e capacidade da frota de transporte houve um aumento de 40% na vida útil dos equipamentos da mina como resultado da nova estratégia de manutenção, redução na relação estéril/minério devido a atualização do modelo de mineração, aumento de 22% na produtividade dos caminhões devido ao maior controle de velocidade e menores tempos de carga, descarga e espera.

Outra estratégia da Vale diz respeito à instalação do Centro de Distribuição da Malásia, que faz a blendagem do minério de ferro do Sistema Norte com o minério do Sistema Sul, aproximando estoques aos clientes na Ásia. O produto, denominado Brazilian Blend Fines (BRBF), é um mix de 70% do minério de Carajás com 30% do minério dos sistemas Sul e Sudeste. Em comparação ao produto australiano, o minério de ferro tem maior teor de ferro, menos fósforo e menos alumina. Em função da qualidade e boa aceitação da matéria-prima no mercado global, o produto tem sido negociado com um prêmio médio de US$ 3,0/t. A capacidade total do centro de distribuição é de 30 Mtpa e deve ser alcançada no segundo semestre de 2016. Já as vendas de BRBF devem alcançar 20Mt em 2015.

Investimentos

Para 2016, a empresa pretende investir US$ 6,2 bilhões, abaixo dos US$ 7,6 bilhões estimados em janeiro de 2015. Considerando os números revisados, a Vale vai cortar em 24% do investimento em 2016. A companhia, que tem sido a maior produtora global de minério de ferro, prevê investir US$ 3,2 bilhões em projetos de capital e US$ 3 bilhões em manutenção e reposição em 2016.

Segundo informações da empresa, o motivo é que seu ciclo de investimentos de crescimento está quase no fim, sendo que, em 2017, o único investimento significativo em andamento será nos segmentos logísticos do S11D. Após isso, os investimentos serão majoritariamente em manutenção e reposição.

S11D terá custo médio de US$ 10/t

A companhia planeja produzir entre 340 milhões e 350 milhões de toneladas de minério de ferro em 2016, pouco avanço ante a previsão de produzir 340 milhões até o fim deste ano. A extração da commodity no próximo ano é também menor do que a planejada em dezembro de 2014, quando a empresa estimava produzir 376 milhões de toneladas em 2016.

S11D

O S11D terá capacidade inicial para 90 milhões t/ano de minério de ferro com teor de 66,7% e custo total na casa dos US$ 17 bilhões, sendo US$ 6,868 bilhões para a parte da mina e o restante para a logística de transporte do minério até o porto.

Em dezembro, a companhia finalizou a montagem das primeiras máquinas de pátio do S11D, uma empilhadeira de lança dupla e uma recuperadora tipo ponte. O trabalho durou cerca de 10 meses e foi finalizado em dezembro. Com isso, o avanço físico do complexo atingiu 77%.

As máquinas fazem parte do pátio de regularização e em breve entrarão em comissionamento. Cada equipamento tem capacidade para trabalhar em média com cinco mil toneladas por hora. No total, 14 máquinas vão compor os pátios de regularização e de produtos da Usina do S11D e a conclusão de todas as montagens estão previstas para abril de 2016.