Vale e mineradoras iniciam negociações de preço com siderúrgicas japonesas pressionadas pela crise do aço

As negociações anuais de contratos de minério de ferro entre as maiores mineradoras globais e siderúrgicas japonesas têm início nesta semana, com foco na possível primeira redução de preços em sete anos. A Vale, ao lado das australianas BHP Billiton e Rio Tinto, se reunirá com representantes das siderúrgicas em Tóquio, em encontros que ocorrem em meio à pressão da crise econômica global.

Segundo fonte próxima às tratativas, a Nippon Steel — segunda maior produtora de aço do mundo — lidera o grupo de siderúrgicas do Japão, que buscarão reduções de até 40% nos preços do minério de ferro, retorno aos níveis de 2007/2008.

Queda de preços e recuperação parcial no mercado à vista

Os preços do minério de ferro no mercado spot chegaram a despencar 70% em relação ao pico de US$ 200 por tonelada (fevereiro de 2008), caindo para US$ 60 em outubro. Desde então, houve uma recuperação para cerca de US$ 80 por tonelada, o que pode acelerar o fechamento de acordos entre usinas e mineradoras.

“As siderúrgicas estão sendo pressionadas por montadoras como a Toyota, que exigem cortes nos preços do aço automotivo”, destacou a fonte.

Crise do aço afeta estimativas de produção

Tradicionalmente iniciadas em novembro, as negociações foram atrasadas neste ciclo devido à instabilidade no mercado de aço, que tornou incerta a previsão de demanda e preços para o novo ciclo, com início previsto para abril.

O presidente da JFE Steel, Hajime Bada, declarou que pretende ver os preços retornarem aos patamares pré-crise, o que exigiria cortes de 39% por parte da Vale e até 45% por parte das mineradoras australianas.

Aliança estratégica entre Japão e China

As siderúrgicas chinesas, que começaram suas negociações informais no final do ano anterior, uniram-se ao posicionamento da JFE Steel pela redução de preços. A ação conjunta dos principais mercados consumidores de minério pode fortalecer o poder de barganha frente às gigantes da mineração.

Em 2008, a Vale conquistou aumento de 65% nos contratos de longo prazo com siderúrgicas japonesas, enquanto as rivais australianas conseguiram quase 80% de reajuste.