Olhando o cenário econômico da década recente, é patente a carência de uma política industrial como parte de um projeto de País atinado à nova era do conhecimento, acelerada pelas tecnologias digitais. Como posicionar o Brasil na economia global das próximas décadas.
Enquanto a economia brasileira se preocupar em manter-se protegida e dispor de “reserva de mercado”, ela vai ficando para trás em termos de competitividade global. A indústria da mineração precisa se diversificar em direção aos novos nichos do mercado global, como os metais demandados em volume crescente para produção e armazenamento de energia limpa e a difusão dos veículos elétricos.
É ótimo termos superávit na balança comercial devido à alta do minério de ferro, ouro e dos grãos do agronegócio, tracionada pela locomotiva da economia chinesa. Mas não podemos nos acomodar nesse “berço esplendido”! A aliança informal QUAD, reunindo EUA, Austrália, Japão e Índia, sinaliza a decisão tática de romper a atual dependência do Ocidente com relação à China no suprimento de minerais estratégicos, como terras raras e outros. Isso inclui desenvolver fontes de suprimento em outros países. (Ver Coluna do Geólogo nesta edição).
O cobre é pouco lembrado, mas continua essencial no ciclo de energia limpa e veículos elétricos que se expande, embora ainda carente de uma ampla rede de recarga elétrica. Os analistas citam ainda o níquel e nióbio — e o badalado lítio, no qual Chile e Argentina são as estrelas nas Américas.
Na fronteira exuberante do agronegócio brasileiro, ainda há pesado déficit de potássio, fosfato e nitrogenados que é suprido por importação crescente. O calcário como corretivo de solo ainda tem demanda reprimida colossal — considerando ainda que é pouco lembrado recorrer-se a geólogos e análises do solo para identificar o tipo correto de calcário a ser aplicado.
No segmento de não metálicos que suprem a cadeia da indústria da construção, há amplas possibilidades de agregar valor em produtos finais específicos. O exemplo da indústria de revestimentos cerâmicos finos, cujas novas linhas são referendadas por arquitetos de renome – atuando desde a jazida de argila à prateleira do megastore de materiais de construção – mostra um caminho, nada fácil – a seguir. Dá trabalho diversificar-se e agregar valor a novos produtos finais.
Voltando agora à rotina das operações diárias, convidamos todos ao 12º WORKSHOP OPEX 2021 da revista MINÉRIOS & MINERALES, agora reprogramado para 1º e 2 de setembro próximo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em formato presencial + streaming pelo YouTube, que aliás teve mais de 10 mil visualizações no ano passado — uma audiência espetacular! O júri independente do 23º Prêmio de Excelência da Indústria Minero-Metalúrgica Brasileira entregou sua deliberação em fins de março, cujo resultado já deve ser de conhecimento público quando esta edição chegar aos leitores.
Além dos trabalhos técnicos premiados, que mostram o crescente uso de tecnologias digitais para expandir a capacidade dos ativos existentes nas minas e plantas, o workshop terá uma sessão dedicada a barragens e tratamento de Rejeitos, tema principal desta edição, além de um amplo painel sobre NOVOS INVESTIMENTOS E PROJETOS DE MINAS E PLANTAS, que vai de terras raras e níquel a cobre, fosfato, glauconita e, naturalmente, minério de ferro.
A mineração brasileira precisa ingressar em novas fronteiras e se sintonizar com os novos ciclos industriais dos mercados globais. Agregar tecnologia — para eliminar contaminantes ou afinar propriedades dos minerais – é a rota para valorizar os produtos finais.