Estratégia de Operação Concomitante – da lavra à reabilitação ambiental em processo contínuo
Na região da Zona da Mata mineira, onde a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) opera minas cativas de bauxita para abastecer sua planta de alumínio localizada no interior de São Paulo, os depósitos superficiais, sem estéril e altamente dispersos, são localizados nos topos e encostas de morros. Essas características exigem uma lavra progressiva, em pequenas áreas e com ciclos curtos, demandando movimentações constantes de pessoas e equipamentos.
Diferentemente de outras minerações, em que a exploração ocorre de forma centralizada e contínua, a operação em Miraí, pela CBA, demanda um modelo descentralizado e dinâmico. Cada novo conjunto de áreas precisa ser identificado, sondado, licenciado, negociado com os superficiários e liberado para operação, o que pode levar mais de uma década. Porém, quando chega-se no momento de lavrar, essa dinâmica exige uma gestão fundiária ágil e tempos variados de ocupação em propriedades privadas – o que significa uma grande diversidade de processos em uma dispersão espacial muito grande.
Diante desse cenário, a CBA viu a necessidade de uma abordagem integrada e adaptada à realidade da lavra. Assim desenvolveu-se a estratégia de Operação Concomitante, que integra — de forma contínua e simultânea — as etapas de extração, reconformação e reabilitação ambiental, para reduzir o lapso temporal de ocupação territorial, mitigar os impactos ambientais e aprimorar a reintegração paisagística.
COMO FUNCIONA A METODOLOGIA
A Operação Concomitante consiste em integrar, de forma coordenada e transpassada, as etapas envolvidas na lavra a céu aberto, desde a abertura das minas, passando pela exploração e o fechamento, chegando até a devolução da propriedade rural numa condição melhor do que a original.
Para sua implementação, foram estruturadas cinco etapas principais:
1) Construção de um Mapa de Processos Multiáreas;
2) Redefinição de um ciclo eficiente de uso territorial, manejo segregado dos horizontes de solo e o
aprimoramento da qualidade das reabilitações ambientais;
3) Melhores práticas operacionais, otimizando o uso de equipamentos com integração entre lavra e reconformação;
4) Adoção da reconformação topográfica plena eliminando os taludes de divisa (propriedades e licenciamentos), criando transições naturais para as áreas reabilitadas;
5) Parceria com a Universidade Federal de Viçosa – UFV para o desenvolvimento de pesquisas científicas aplicadas, com foco na reabilitação ambiental.
Assim, implementou-se a lavra progressiva, onde cada fase é detalhada, projetada, licenciada, implantada e reabilitada concomitantemente, caracterizando uma abordagem “farm mining” (fazenda de mineração). Essa metodologia permite a minimização dos impactos no meio rural e a criação de ganhos ambientais e produtivos, através da reconformação topográfica, que elimina descontinuidades e integra a operação ao “mar de morros” a partir da reabilitação paisagística.

Em paralelo, enfrentam-se desafios operacionais, como movimentação constantes das frotas e ocorrências de furtos, decorrentes da elevada exposição dos equipamentos. Para mitigar esses fatores e otimizar a ocupação do território, consolidou-se a Operação Concomitante.
RESULTADOS E BENEFÍCIOS
A análise comparativa entre áreas mineradas sob a abordagem sequencial e aquelas desenvolvidas com a nova estratégia indicou uma redução média de 20% no tempo de ocupação territorial. Em alguns casos, o intervalo entre extração e início do plantio caiu de 15 para 12 meses.
Esse redesenho dos ciclos operacionais possibilitou que as frentes de trabalho avançassem de forma transpassada e, concomitantemente, o processo de reabilitação ambiental passou a ser concebido no momento da montagem da estratégia de avanço da lavra, eliminando o lapso temporal entre as atividades de campo, reduzindo o tempo de exposição das áreas em lavra e também dos equipamentos móveis.
Nos aspectos ambientais, destaca-se a eliminação dos taludes de divisa por meio de uma reconformação topográfica plena, utilizando a movimentação de materiais residuais das regiões exauridas, viabilizando melhor reintegração paisagística da área reabilitada ao “mar de morros” da região, além de favorecer a absorção da água da chuva e o desenvolvimento de drenagens com conformações naturais.
Outra técnica inédita implementada foi o decapeamento seletivo, com segregação dos horizontes de solo em duas leiras, O+A e B. O armazenamento segregado possibilita a reaplicação em camadas, preservando melhor os organismos vivos, essenciais para o processo de revegetação.
Em resumo, a nova estratégia operacional da CBA destaca o traspassamento da atuação multidisciplinar, a gestão pelo menor tempo de ocupação territorial e a mitigação dos riscos com a eliminação dos lapsos temporais entre as etapas de extração, reconformação e reabilitação, e permitindo reduzir em até 20% o tempo total entre extração e plantio.





