Pigmento de titânio: fábrica da Largo materializa a economia circular

Pigmento de titânio: fábrica da Largo materializa a economia circular

Os investimentos previstos pela cadeia produtiva da mineração na Bahia são de US$ 5,94 bilhões para os próximos cinco anos, de acordo com dados do Ibram divulgados em novembro de 2022 pelo governo do Estado. Um dos projetos de destaque é a construção da fábrica da Largo para produção de pigmento de titânio, material bastante utilizado nas indústrias química e de construção. De acordo com Paulo Misk, CEO da Largo, os aportes são da ordem de R$ 2 bilhões em 10 anos.

A previsão é de que a nova unidade, que está sendo construída no Polo de Camaçari, esteja pronta em meados de 2023. A fábrica vai recuperar o titânio presente no rejeito da produção de vanádio, em Maracás, viabilizando o novo produto, que segundo o CEO da empresa, tende a atender a dois terços da demanda de pigmento de titânio consumido no Brasil.

Ainda seguindo o conceito da economia circular, o rejeito do processo de fabricação do pigmento de titânio também será reaproveitado para produção de sulfato de amônia. “Vamos recuperar cerca de 50% do efluente ácido da planta e a outra parte vamos produzir sulfato de amônia, que é um fertilizante. Então do rejeito da produção de vanádio vamos obter um produto novo, que é o pigmento de titânio, agregando valor para a Bahia. Do efluente dessa nova indústria de pigmento de titânio vamos produzir o fertilizante– para continuar gerando benefício. A partir de uma atividade de mineração vamos ter o aproveitamento de dois minerais”, explica Misk.

 O executivo, que também é presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minerais Metálicos, Metais Nobres e Preciosos, Pedras Preciosas e Semipreciosas e Magnesita Da Bahia (Sindimiba), diz que o setor anda em ritmo mais acelerado no estado do que no país. “Somente em 2022, enquanto o setor apresentou queda no Brasil, aqui na Bahia o faturamento foi de R$ 7,74 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, o que representa um aumento de 14,2% em relação a 2021”, afirmou.

 “Mesmo em um cenário em que as condições externas, como o preço das commodities, interferiram no desempenho do setor, a Bahia continuou crescendo. Em um ritmo menor, mas seguiu crescendo. Isso mostra o potencial da mineração aqui no estado”, destaca Misk.

Segundo ele, um dos diferenciais da atividade na Bahia é a diversidade de minérios explorados, e a capilaridade de estar presente em todas as regiões baianas. “Estamos falando de cromita, cromo, níquel, ouro, diamante, vanádio, magnésio, talco, granito, mármores, além de toda a parte de insumos para Construção Civil, como brita e areia, por exemplo”, afirma Misk.

Todo esse potencial deve ter maior aproveitamento com o avanço de projetos que estão em fase de desenvolvimento e que devem ser executados nos próximos anos, tanto em investimentos quanto em produção. Para isso, um fator crucial é o avanço de projetos de logística e infraestrutura. Um deles está à cargo da Bamin, responsável pela construção de um corredor logístico que engloba o trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e o Porto Sul, em Ilhéus.

A previsão é que tanto o trecho 1 da FIOL quanto o Porto Sul estejam prontos em 2026. A ferrovia, que vai ligar os municípios de Caetité a Ilhéus, com 537 km de extensão, terá capacidade de movimentar até 60 milhões de toneladas por ano. Deste total, 40% serão utilizados pela Bamin, que tem como meta produzir 26 milhões de toneladas de minério de ferro em 2026. Os outros 60% serão disponibilizados para outras mineradoras e para o agronegócio.

Já o Porto Sul terá capacidade anual de movimentar até 42 milhões de toneladas. Para exportar sua produção de minério de ferro, a Bamin vai utilizar 60% desta capacidade, enquanto os outros 40% serão disponibilizados para cargas de outras empresas e também para o agronegócio.

 “Estamos construindo para a mineração e para o agronegócio as soluções logísticas mais adequadas. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL – Trecho 1) e o Porto Sul, em Ilhéus, formam um importante corredor logístico de integração e de exportação, mas acima de tudo um corredor de oportunidades para alavancar os municípios da Bahia e os projetos de mineração”, pontua o CEO da Bamin, Eduardo Ledsham.