O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Vale anunciaram, em outubro, a criação de um consórcio para gerenciar um Fundo de Investimento em Participações (FIP) com foco em projetos de pesquisa, desenvolvimento, implantação ou operação de ativos de minerais estratégicos para transição energética, descarbonização e minerais fertilizantes.
A iniciativa tem estimativa de mobilizar até R$ 1 bilhão, recursos que poderão ser investidos em até 20 empresas júnior e de médio porte que atuem em pesquisa mineral, desenvolvimento e implantação de novas minas de minerais estratégicos no Brasil. Impulsionamento importante que pode ser considerado uma etapa à Bolsa de Valores, pois pode ajudar as empresas a entrarem no mercado de capitais no futuro mais preparadas. E com mais bagagem para ir atrás de investidores. Assim como ocorreu com a Sigma Lithium.
Após se consolidar como um dos maiores complexos mínero-industrial de lítio do mundo, a companhia, que tem como principal negócio um projeto de lítio de rocha dura na Grota do Cirilo, no Brasil, caminha para dobrar a produção com a construção de uma segunda planta de beneficiamento de lítio verde e carbono zero, prevista para entrar em operação em 2025, isso graças a um financiamento obtido junto ao BNDES.
Aprovado em agosto, o financiamento tem prazo de 192 meses (16 anos). O recurso, segundo a Sigma, vai viabilizar uma unidade “greentech” com tecnologia mais moderna e capacidade para produzir 240 mil toneladas ao ano de concentrado de lítio (contendo 6% de óxido de lítio), ampliando a capacidade total de oferta de concentrado no mercado mundial para 510 mil toneladas por ano a partir de 2025, quando deverá entrar em operação. No segundo trimestre deste ano, a empresa reportou receita de US$ 45,9 milhões.
A companhia está listada na Nasdaq (Nova York) e também na bolsa de Toronto, no Canadá. Estreou na Bolsa de Valores do Brasil (B3) em julho do ano passado, com a negociação de seus Brazilian Depositary Receipts (BDRs). Durante o Invest Summit, na B3, a CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral, avaliou a importância de as empresas serem transparentes e realistas nas projeções para conquistar a confiança dos investidores. Segundo Ana, “essa transparência foi determinante para a companhia atrair investidores de referência como a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo”.
A CEO da Sigma disse também que o Brasil é um ator global neutro que dialoga com vários países. Segunda ela, é uma vantagem competitiva. “Essa neutralidade dá ao Brasil certo protagonismo em pautas complexas. Todos os investidores são bem-vindos. Então está aí, para a Bovespa, uma vantagem competitiva”.
Ana Cabral citou ainda que existem grupos de capitais buscando oportunidades que poderiam investir nas empresas juniores brasileiras, mas que estão migrando para a África. “Por que não aqui? Por que não no Vale do Jequitinhonha? Por que não desenvolver nossas pessoas?”, indagou.
Proteção ao risco
A CEO da Sigma Lithium destacou que, para desenvolver o mercado de capitais, os reguladores atuais do setor precisam organizar um ecossistema de proteção ao risco para atrair capital utilizando as melhores práticas dos mercados canadense e australiano.
“Quando esses reguladores se juntarem para esse projeto usando melhores práticas desses mercados de ação que são referência mundial no segmento cria-se um ambiente de proteção institucional ao risco. Ou seja, as diretorias das empresas e seus auditores externos minerais passam a ter responsabilidade fiduciária sobre os relatórios técnicos que publicam. Da mesma forma que os auditores contábeis e a diretoria da empresa tem responsabilidade fiduciária sobre as demonstrações financeiras. Daí passamos a atrair esses investidores com perfil de capital de risco para a nossa bolsa de valores”, orientou.
A respeito da estrutura de capital da Sigma Lithium, o fundo de private equity a10 detém 46% da empresa. Os outros 54% são distribuídos entre investidores institucionais, fundos de capital privado e os investidores individuais. No segundo trimestre deste ano, a companhia reportou receita de US$ 45,9 milhões.
Ana Cabral mencionou que levou 12 anos de trabalho contínuo para construir a empresa, hoje uma referência global na produção industrial de lítio verde. Destacou ainda que, um dos principais pilares para o sucesso da companhia foi a dedicação obsessiva e a aplicação de tecnologia de ponta no desenvolvimento de tecnologia de beneficiamento, construindo a primeira planta industrial de lítio carbono zero do mundo no Brasil, e competindo igualmente com players globais da China, Austrália e Estados Unidos.
“A cultura de trabalho 24/7, típica do Vale do Silício e da Ásia, foi crucial para chegarmos até aqui”, afirmou a CEO.

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