Vale Verde restaura taxa de recuperação de cobre no Projeto Serrote com geometalurgia, tecnologia e planejamento
Localizado no Agreste Alagoano, em Craíbas, a duas horas de Maceió, a mina Serrote conviveu com problemas devido à queda da recuperação metalúrgica de cobre em 2024. Para retomar as taxas de extração do minério, a mineradora Vale Verde investiu em um projeto de geometalurgia que utilizou dados geológicos, mineralógicos e metalúrgicos, permitindo identificar domínios com diferentes comportamentos de moagem e flotação, além de otimizar os blends de minério e ajustar a granulometria.
O resultado foi um aumento de 8% na recuperação metalúrgica no segundo semestre de 2024, em comparação com o primeiro semestre. O projeto, liderado pelo geólogo Josemar Clemente da Silva, foi apresentado durante o Workshop Opex, da revista Minérios, nos dias 30 e 31 de julho, em Belo Horizonte.
“Esse projeto nasceu para resolver um problema que tínhamos de produção, de recuperação metalúrgica na mina. Antes de 2024, tínhamos recuperações próximas de 80%, no ano seguinte tivemos uma queda, caindo para 76% de recuperação. Nasceu a necessidade de buscar soluções. Uma das soluções foi o projeto de geometalurgia, nasceu a equipe, todas as etapas necessárias para conseguirmos”, destaca Josemar.
Segundo o geólogo, o minério da Mina Serrote foi subdividido em dois tipos: o tipo 1, com mineralização disseminada, e o tipo 2, remobilizado por alteração hidrotermal. Foram realizados testes de flotação em bancada que mostraram que o minério do tipo 1 apresentou melhor desempenho, com uma recuperação de 83%, enquanto o tipo 2 ficou com 71%.
Ainda conforme o especialista, a caracterização geometalúrgica e a análise das diferentes granulometrias possibilitaram ajustes operacionais que contribuíram para a melhora na recuperação. O ajuste da proporção dos domínios e a redução do P80 na moagem permitiram uma recuperação média de cobre de 79,7% no segundo semestre de 2024, após uma queda para 73,8% no primeiro semestre.
O projeto, denominado “Modelagem Geometalúrgica Aplicada à Recuperação de Cobre”, foi um dos agraciados com o Prêmio de Excelência da Indústria Minero-Metalúrgica 2025 durante o Workshop Opex 2025.
Mina Serrote
As operações na Mina Serrote começaram em 2020. Desde então, a mineradora Vale Verde movimenta 13 milhões de toneladas por ano. Segundo Josemar, a meta desse ano para a empresa é de produzir 96 mil toneladas de concentrado de cobre.
Segundo o geólogo, a mineradora também busca novas expansões, como a ampliação do pitch na entrega do último modelo de blocos da mina. “Neste ano, estamos perfurando cerca de 7 mil metros de sondagem diamantada, na borda do pitch, para tentar localizar novos corpos próximos da cava”.

Outra novidade apresentada pela mineradora é a utilização da sondagem em RC, para definir melhor o contorno dos corpos já existentes. Conforme Josemar, a mineradora quer fornecer uma melhor aderência dos corpos ao modelo de blocos, gerando uma produção mais segura até o fim de 2027.
O objetivo da Mineradora Vale Verde é a abertura de uma mina a céu aberto para o beneficiamento e produção do concentrado de cobre e exportação do minério majoritariamente para o mercado asiático.
A expectativa é de lavrar cerca de 4,1 milhões de toneladas por ano. A vida útil estimada da Mina Serrote é de cerca 14 anos, mas, segundo a mineradora, pesquisas minerais estão em andamento para ampliar esse prazo no decorrer do empreendimento.
Produção da Mineradora Vale Verde
ROM anual: 4,2 m ton;
ROM médio mensal: 350 k ton;
Produção anual de concentrado: 96 k ton;
Média mensal de concentrado: 8 k ton;
Teor médio de cobre no concentrado: 22%;
Produção anual de cobre contido: 20 k ton;
Média mensal de cobre contido: 1,7 k ton.
A operação da Mineração Vale Verde utiliza, em sua maior parte, tecnologias tradicionais e amplamente utilizadas na mineração, como, britador primário de mandíbulas, britadores secundários e terciários cônicos Metso-Outotec, peneiras convencionais de dois decks, moinho de bolas FLSmidth, células tank cells da Metso-Outotec para flotação Rougher, Espessadores e filtros-prensa.
Adicionalmente, a MVV conta com outras tecnologias, menos convencionais, como células pressurizadas de flotação na etapa Cleaner, modelo DFR (Woodgrove) e remoagem do concentrado Rougher via higmills, moinhos verticais da Metso-Outotec que realizam a fragmentação do minério em granulometrias finas (média de 25 microns) para alimentar a etapa Cleaner.
A Mineração Vale Verde possui somente uma planta de tratamento de minério, sendo seus principais processos:
(1) britagem primária,
(2) britagem secundária,
(3) britagem terciária, com um peneiramento terciário em circuito fechado com a britagem,
(4) moagem,
(5) flotação,
(6) remoagem,
(7) espessamento
(8) filtragem.
Estas etapas do processo podem ser divididas na via seca e seca e via úmida
Internamente, na mina, os principais meios de transporte são caminhões rodoviários 8×4 Volvo e caminhões fora de estrada de 70t Sany. A operação de mina é terceirizada.
Externamente, o transporte é feito por caminhões rodoviários de aproximadamente 32 toneladas de capacidade utilizando as rodovias estaduais, de Craíbas até a capital alagoana, onde o concentrado de cobre é colocado em depósitos do Porto de Maceió, aguardando os devidos embarques para o exterior. O concentrado é exportado via navios em lotes de 9 a 11 toneladas secas.
Dimensões da cava da Mina Serrote:
● Profundidade (atual): 149,56 m;
● Comprimento da cava (atual) — norte a sul: 848 m; e
● Comprimento da cava (atual) — oeste a leste: 987,23 m.

A operação na mina conta com uma frota mista de equipamentos On-Road e Off-Road, gerenciada integralmente por um sistema de despacho em tempo real. Segundo a Vale Verde, a tecnologia permite otimizar os ciclos de transporte, reduzir tempos de espera e garantir a máxima performance operacional.





