O fundo de R$ 1 bilhão para projetos de minerais estratégicos para transição energética lançado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME), no início deste ano, foi um dos principais assuntos do Invest Mining Summit 2024. Realizado na B3, em São Paulo, o evento teve representantes de entidades empresariais, instituições públicas e agentes financeiros para destacar como o mercado de capitais pode impulsionar investimentos no setor mineral.
Na ocasião, foi apresentado ao mercado financeiro oportunidades de investimentos da mineração com objetivo de fazer a aproximação entre as partes. A realidade atual do mercado também foi tema de painéis que discutiram pontos críticos e reveladores de potencialidade para investimentos para que o Brasil se posicione, cada vez mais, como um grande player de mineração.
O setor que gera mais de 210 mil empregos diretos e cria mais de 2,2 milhões de empregos indiretos, faturou R$ 248,2 bilhões em 2023. Alcançou a produção de 1,24 bilhão de toneladas de minérios e US$ 42,98 bilhões em exportações, o que representa 392 milhões de toneladas de 91 tipos diferentes produzidos no Brasil. Presente ao Invest Mining Summit 2024, o diretor de Sustentabilidade do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Julio Nery, destacou que a estimativa do setor é de receber investimentos de US$ 64,5 bilhões no período de 2024 e 2028.
As mineradoras na bolsa de valores brasileira têm enfrentado desafios e oportunidades em um cenário de mudanças constantes. Demanda por commodities, oscilações no preço dos minérios e políticas ambientais impactam diretamente o desempenho dessas empresas.
Algumas vêm ganhando destaque no mercado, como a canadense Aura Minerals que, com foco na extração de ouro e cobre, tem se beneficiado das tendências de valorização do ouro como um ativo seguro em tempos de incerteza econômica.
O presidente e CFO da empresa, Rodrigo Barbosa, foi um dos participantes do painel “Empresas Capital Aberto – Casos de Sucesso”, que também teve como convidados Rodrigo Barbosa, da Aura; Ana Cabral, CEO da Sigma Lithium; Renato Gonzaga, CFO da Brazilian Rare Earths (BRE), e o vice-presidente Executivo de Desenvolvimento Corporativo da Bravo Mining, Alex Penha. José Ricardo Pisani, da Comissão Brasileira de Recursos e Reservas (CBRR), foi o moderador.
Rodrigo Barbosa comentou a respeito do amadurecimento das empresas brasileiras diante das dificuldades oferecidas pelo mercado e também, como citou Pisani, do “preconceito que muitas vezes a mineração tem junto aos investidores”.
“Já está acontecendo (esse amadurecimento). O case da Aura, mesmo, conseguindo listar, aqui no Brasil, um nicho completamente diferente, mostra que já é possível e que tem investidores que estão com apetite. Lógico que, quando é ‘junior mining’ é mais complexo. Talvez eu faria até uma provocação para os investidores: olhem os casos listados aqui, a Aura saiu de 20 milhões para quase 1 bilhão; a Bravo 500 milhões, Terras Raras 500 milhões, a Sigma é multibilionária. Tudo isso, na maioria com investidores de fora do Brasil investindo no país. Não é a hora do brasileiro investir para ter este benefício?”, questionou o CFO da Aura Minerals.
Rodrigo Barbosa citou o desenvolvimento registrado no Canadá há duas, três décadas e comentou que as empresas vêm “abrindo capital canadense e pondo dinheiro no Brasil”.
“Vocês não sabem a quantidade de minas de ouro ou outras mineradoras que só têm ativos no Brasil e que são listadas no Canadá. É uma coisa absurda! Temos uma oportunidade única, pois o capital secou no Canadá. Vale a pena provocar. Sei que no Brasil é complexo, disputar com CDI não é uma tarefa simples, mas há oportunidades. Aprofundem, analisem, ganhem experiência. É isso que precisa para investidores ganharem musculatura, confiança. Porque os projetos vão vir. E se não acharem capital aqui, vão para fora. Prefiro que fiquem aqui. Tem muitas coisas boas acontecendo”, salientou o CFO da empresa canadense.
A Aura Minerals é uma mineradora de ouro e cobre com operação nas Américas. A companhia de capital aberto possui duas operações no Brasil (em Tocantins e no Mato Grosso) e duas internacionais (Honduras e México), além de quatro projetos que estão em diferentes estágios de desenvolvimento no Brasil e na Colômbia: Projeto Borborema, localizado em Currais Novos (RN), o projeto Matupá (MT) e Serra da Estrela (PA), além do projeto Tolda Fría, na Colômbia. A estratégia de crescimento divulgada pela Aura passa por desenvolver projetos greenfield, aumentar recursos e reservas e investir em M&A (Mergers and Acquisitions, que significa fusões e aquisições em português).