Filtros de disco a vácuo reaproveitam até 46% da água utilizada no processo

Água limpa após passar pelo sistema de filtragem será reaproveitada no processo de beneficiamento do minério

Ferro+ Mineração instalou equipamentos da Minexcell em planta localizada em Congonhas (MG)

Um equipamento que vem de encontro com as atuais necessidades do Brasil. É assim que José Eustáquio Vieira, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Ferro+ Mineração, define os filtros de disco a vácuo com placas de cerâmica fornecidos pela empresa finlandesa Minexcell, que tem fabricação na China. Pioneira no País no uso do equipamento na filtragem de rejeitos, a mineradora teve sua realidade modificada, a partir da implantação dos sistemas de filtragem que auxiliam no reaproveitamento de até 46% da água que antes era perdida no processo convencional, com a utilização de canais de decantação.

“Antes da implantação dos filtros, passamos por alguns transtornos operacionais com a utilização de canais para fazer a decantação, tanto do rejeito quanto do concentrado fino. Desgastes acentuados dos equipamentos móveis, excesso de umidade no produto, tempo de espera para possibilitar o transporte, excesso de lama ou sujeiras nas pistas, ou seja, operações delicadas e de custos elevados. Além da logística complexa, algumas perdas de material eram inevitáveis”, destaca Vieira.

Diante deste cenário, a Ferro+ fez em 2012 os primeiros contatos com a Minexcell, que enviou à planta, localizada na cidade mineira de Congonhas, técnicos da empresa para a realização de uma série de testes em escala de bancada para avaliar o comportamento do material utilizando a tecnologia das placas de cerâmica. O resultado foi positivo e verificou-se que para o tipo de minério da empresa seria possível a aplicação da tecnologia de filtragem à vácuo com as placas de cerâmica. Um equipamento em escala industrial foi adquirido e testado com rejeitos e concentrados por um período de três meses, apresentando a eficácia prevista na avaliação prévia. Atualmente, a mineradora conta com sete filtros KS100 em operação, sendo quatro na linha de rejeitos e três na linha de concentrados.

De acordo com Vieira, a filtragem deixou as operações mais limpas e o processo mais dinâmico, prático e econômico. O gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Ferro+ Mineração explica que anteriormente, após a concentração magnética de alta intensidade, os concentrados e rejeitos eram destinados aos canais de decantação, onde a infiltração natural no solo gerava perdas substanciais, além do excesso de água transportada para os estoques de produtos, no caso dos concentrados, e os rejeitos para as pilhas. Agora o destino dos concentrados e rejeitos são os espessadores de polpa, que realizam o adensamento, onde se recupera cerca de 65% da água recebida. Após esta etapa, a polpa passa por um refinamento ainda mais cuidadoso nos filtros cerâmicos a vácuo.

“Ao contrário dos filtros convencionais que utilizam telas grossa de nylon e perdem partes dos ultrafinos no filtrado, os equipamentos da Minexcell contam com placas de cerâmica, que possuem capilaridade, possibilitando que a água filtrada fique totalmente cristalina. O resultado final é um material na faixa de 10% de umidade para o concentrado e 14% para o rejeito. Sem os filtros, estes números eram de 16% e 26% respectivamente. Com isso, eliminamos as etapas dos canais e o tempo necessário para a secagem nos pátios. Hoje o produto é carregado diretamente na saída da filtragem para o cliente”, afirma Vieira.

Lu Zheng, diretor da Minexcell, e José Eustáquio Vieira, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da mineradora Ferro+
Os filtros são fabricados em aço inoxidável e a limpeza das placas de cerâmica é realizada a cada sete ou oito horas

A água filtrada é totalmente limpa e cristalina e é armazenada nos reservatórios e reaproveitada no processo de beneficiamento do minério, que também recebe a água nova complementar. Segundo Vieira, com a filtragem, a demanda por água nova foi reduzida. “A nossa filosofia é utilizar os recursos naturais de forma racional e sustentável, buscando o máximo aproveitamento nos processos, minimizando o impacto ambiental e gerando, com isso, valor econômico para o negócio”, afirma.

Economia de energiae mais segurança

Alguns diferenciais da nova tecnologia de filtros com placas de cerâmica são: o ruído é mínimo durante as operações; baixo consumo de energia, de 60 kw/filtro para o modelo KS 100, incluindo a bomba de vácuo e periféricos; a água do filtrado não necessita de nenhum tratamento, sendo retornada totalmente limpa para o processo; equipamento totalmente automatizado. “Se compararmos com filtros convencionais, eles têm um consumo de energia que é cerca de seis vezes menor”, ressalta Vieira.

A questão da segurança também é outro diferencial. Com o produto final mais seco, o transporte para as pilhas é mais estável, assim como o controle das áreas de estocagem, evitando possíveis acidentes de trabalho. O manuseio também ficou mais fácil, principalmente em dias chuvosos. “Quando fazíamos o transporte do material com maiores teores de umidade, acabava caindo pelas estradas e, muitas vezes, o caminhão não conseguia passar pelo caminho novamente, gerando transtornos na movimentação para as pilhas”, conta.

Operação silenciosa, com baixo nível de ruído, e consumo reduzido de energia são características do sistema

Capacidade variade 1 m² a 200 m²

Os filtros são fabricados em aço inoxidável e disponíveis em capacidades unitárias que variam de 1 m² a 200 m². Os filtros são adequados não só para minério de ferro, mas também para diferentes tipos de minerais. A manutenção e limpeza das placas de cerâmicas são realizadas a cada 7 ou 8 horas de uso com a injeção de ácido nítrico diluído dentro das placas, para melhorar sua produtividade.

Na Ferro+ Mineração, a instalação, treinamento e start up dos equipamentos foram acompanhados pela equipe da Minexcell, que está presente no Brasil para prestar assist

ência técnica à empresa.

“Continuaremos estudando e aprendendo ainda mais com os equipamentos, a fim de potencializar o seu uso, principalmente na filtragem dos rejeitos, onde os minérios mais argilosos afetam negativamente a produtividade do equipamento. Já os periféricos, como bombas de vácuo, ainda possuem grandes oportunidades de melhorias”, finaliza.