EuroChem aciona em março complexo para 1 milhão t/ano de fertilizantes – 15% da produção nacional

EuroChem aciona em março complexo para 1 milhão t/ano de fertilizantes – 15% da produção nacional

Com capacidade de produção de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano como produto final, o complexo industrial da EuroChem em Serra do Salitre (MG) atingiu 93% de avanço no cronograma das obras, permitindo que possa estar operando até o início do segundo trimestre do ano que vem. Com a conclusão do empreendimento, a capacidade de produção de fosfato na mina, que origina o concentrado e o fertilizante como produto final, atingirá 12 milhões de toneladas por ano.

Batizado de Complexo Mineroindustrial de Serra de Salitre, o projeto avançou na etapa final da implantação das plantas químicas, sendo que as obras devem estar totalmente encerradas entre janeiro e fevereiro de 2024. O investimento total no projeto chega a US$ 1 bilhão. Quando concluído, o complexo produzirá o equivalente a 15% da produção brasileira de fertilizantes. A Construcap é a construtora responsável pelas obras e a Fagundes é a empreiteira contratada para a lavra na mina que já está produzindo.

David Crispim, diretor de operações da EuroChem

“A operação em Serra do Salitre iniciou com a abertura da mina em 2017 e a planta de beneficiamento começou a operar no primeiro semestre do ano seguinte. É uma mina a céu aberto para extração de fosfato com teor de 5%”, relata David Crispim, diretor de operações upstream da EuroChem Brasil.

De acordo com Crispim, que é engenheiro de minas, desde 2018 a mina vem ampliando gradualmente a produção de fosfato. “Lavramos para produzir concentrado fosfático que vendemos no mercado. Hoje estamos lavrando na casa de 5 milhões de toneladas, um volume relativamente baixo porque ainda não temos as plantas químicas em operação. O projeto é para produzir 1,2 milhão de toneladas como produto final da planta de concentração. Para produzir essa quantidade é necessário lavrar 12 milhões de toneladas de minério”, esclarece. 

Atualmente, a EuroChem produz cerca de 400 mil toneladas de concentrado fosfático em Serra do Salitre, que é comercializado no mercado. A nova instalação permitirá à companhia fabricar também o fertilizante acabado, um produto de valor agregado mais alto, que dará a ela a capacidade de ingressar diretamente na briga pela liderança do mercado brasileiro do insumo.

Para 2024, a produção de concentrado vai subir para 670 mil toneladas. Naturalmente, há uma mudança de escala na mina, como destaca Crispim. “Hoje operamos em dois turnos, mas a partir de abril vamos começar a rodar 24 horas por dia, aumentando o volume de extração para 10 milhões de toneladas, devendo chegar a 12 milhões em 2025, a fim de alimentar as plantas químicas para produção de fertilizantes.”

De acordo com o diretor, 2024 é o ano de partida das plantas químicas. “Esperamos no final do ano estar operando acima dos 70% de carga das unidades químicas, subindo naturalmente até 2025, quando a mina estará operando a 100% e as plantas químicas muito próximo disso”, prevê. Quando estiver funcionando plenamente, a unidade será a única planta da empresa totalmente integrada com processos de exploração de fosfato e beneficiamento do minério, com a produção de fertilizantes ao final do processo.

Além do concentrado fosfático, o complexo Serra de Salitre possui capacidade para 950 mil toneladas/ano de fertilizantes granulados, 1 milhão de toneladas anuais de ácido sulfúrico e 250 mil toneladas por ano de ácido fosfórico. A área total do complexo é de 19,7 milhões de m2, com ciclo de vida útil previsto de 30 anos.

Gustavo Horbach – Diretor-Presidente da EuroChem na América do Sul

A obra do complexo foi retomada em julho de 2022 e o marco de 93% foi alcançado antes do estimado, segundo afirmou, em comunicado, o diretor-presidente da EuroChem na América do Sul, Gustavo Horbach. “Alguns desafios são inerentes ao próprio projeto, que ficou dois anos parado em razão da pandemia. Alocamos aqui os melhores recursos para concluí-lo dentro do menor tempo possível. Estamos avançando com segurança, um valor inegociável para nós”, frisou. 

Salitre é estratégico para a EuroChem “pois nos torna um player na produção de fertilizantes na América do Sul. E relevante para o País porque contribuirá com a redução da dependência de fertilizantes fosfatados importados, fortalecendo a competitividade do nosso agronegócio”, afirmou Horbach. Essa é a primeira unidade de mineração do grupo fora do continente europeu.

“O Brasil deu um salto em produtividade agrícola nos últimos anos e o setor continua em franca expansão. O uso de fertilizante é essencial para aumentar a produção e a qualidade das lavouras, além de ser um poderoso instrumento na recuperação de solos degradados, evitando a abertura de novas áreas. O fertilizante é aliado da agricultura sustentável”, acrescentou o executivo.

Segundo ele, o Brasil só conseguirá reduzir a dependência externa de fertilizantes em parceria com a iniciativa privada e no longo prazo. “Neste sentido, o esforço da EuroChem no País está alinhado com o Plano Nacional de Fertilizantes. Quando estiver concluído, Salitre adicionará 1,2 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados no mercado brasileiro. Será nossa contribuição inicial para alavancar a produção nacional.”

“A produção de fertilizantes não acompanhou a pujança do agro brasileiro. Estamos trabalhando para que essa realidade mude nos próximos anos e que Salitre tenha um papel relevante nesse contexto, aumentando em 15% a produção nacional de fertilizantes fosfatados”, acrescenta David Crispim.

Não por acaso, o complexo de Serra do Salitre é o mais importante da EuroChem fora da Europa, onde está a sede da companhia, e também o maior projeto de produção de fertilizantes no Brasil. Considerando a importância estratégica dos fertilizantes, as medidas para reduzir a importação dos insumos, que hoje gira em torno de 85% do consumo interno, precisam ser debatidas, segundo Horbach. 

A segunda fase do projeto consiste na implantação de plantas químicas de ácido sulfúrico e de ácido fosfórico, no alteamento de uma das estruturas geotécnicas e no comissionamento da instalação. “Notamos um avanço expressivo na montagem eletromecânica das torres de resfriamento, das plantas de fusão e estocagem de enxofre, das unidades de acidulação e das misturadoras. Os equipamentos desses setores estão em pré-comissionamento. As principais atividades de movimentação de cargas foram finalizadas e 95% dos maquinários necessários para o funcionamento da planta já foram entregues”, revelou Horbach.

De acordo com o diretor-presidente, entre as metas para o próximo ano, além de concluir as obras de Salitre, está potencializar a atuação da companhia na América do Sul – a empresa tem 23 fábricas na região, sendo 22 no Brasil e uma na Argentina. Para impulsionar o plano de crescimento no País, assim como o de verticalizar a cadeia de produção, ainda em 2016, a EuroChem adquiriu o controle acionário da Fertilizantes Tocantins (FTO), processo que foi completado em 2020 quando incorporou a totalidade das ações da companhia. Em 2018, houve duas importantes inaugurações: em Sinop (MT) e Catalão (GO). No ano seguinte, teve início a expansão para o Sudeste, com a inauguração da unidade de Araguari (MG).

Fundada em 2003 e localizada estrategicamente nas regiões agrícolas que mais crescem no Brasil, a EuroChem Fertilizantes Tocantins apresentou um crescimento de vendas de dois dígitos por oito anos consecutivos, atingindo 2,4 milhões de toneladas de fertilizantes vendidos em 2019, se consolidando como uma das lideres do setor no Brasil. Hoje a companhia emprega mais de cinco mil pessoas no Brasil – considerando todos os negócios: Fertilizantes Tocantins, Fertilizantes Heringer, Emerger e Salitre, tendo sua sede administrativa localizada em São Paulo. 

Líder mundial na produção de fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos (NPK), o grupo de capital russo e com sede na Suíça está integrado com atividades que abrangem mineração, produção, logística e distribuição de fertilizantes. Além da Europa e América Latina, a EuroChem opera unidades de produção também na Ásia. A empresa possui outras quatro minas além de Salitre e nove plantas químicas com capacidade de produção de 13 milhões de toneladas de fertilizantes por ano.

No início de 2018, a EuroChem iniciou a produção de potássio em sua mina Usolskiy e continua a desenvolver uma segunda operação em VolgaKaliy, na Rússia – um dos líderes mundiais em fertilizantes. Tornou-se uma das três únicas empresas no mundo com capacidade de produção nos três principais grupos minerais (NPK) e o único que possui a própria rede de logística e de distribuição. Em seus negócios, os fertilizantes fosfatados representam 65% do total.

Acesse a entrevista com David Crispim, diretor de operações da Eurochem.