Estudo revela potencial para minerais críticos e estratégicos no RN e na PB
Uma pesquisa realizada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) identificou a presença de minerais estratégicos para a transição energética — como lítio e terras raras — além de rochas ornamentais, em municípios das regiões do Rio Grande do Norte e da Paraíba. O levantamento integra o projeto “Avaliação do Potencial dos Pegmatitos dos estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba”, recentemente concluído pela instituição.
Como resultado dos estudos, o SGB publicou um informe de recursos minerais, quatro mapas simplificados do potencial mineral dos polos analisados e um vídeo descritivo do projeto, todos disponíveis no Repositório Institucional de Geociências (RiGeo). Além disso, está em fase de finalização um painel interativo (dashboard), previsto para lançamento em 2026, que reunirá novos dados, incluindo informações geoquímicas do polo de Tenente Ananias.
As pesquisas foram conduzidas em quatro polos de ocorrência pegmatítica. Três deles localizam-se nos municípios de Currais Novos, Parelhas e Tenente Ananias, no Rio Grande do Norte, e o quarto no município de Picuí, na Paraíba. O objetivo central foi o estudo sistemático dos corpos pegmatíticos da Província Pegmatítica da Borborema (PPB) e do Distrito Pegmatítico de Tenente Ananias (DPTA).
Os levantamentos identificaram mais de 4,7 mil corpos pegmatíticos, número que pode ultrapassar 7 mil ocorrências, dependendo de avaliações adicionais. Os resultados reforçam a elevada potencialidade mineral da região e indicam oportunidades para o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do setor mineral, com impactos positivos para pequenos e médios mineradores, além de gestores públicos.
“Essa é uma área extremamente relevante no que diz respeito à produção de bens minerais. Há décadas que se produz minerais importantes, considerados hoje críticos para a transição energética, para a segurança alimentar e para a indústria de uma maneira geral”, destaca o diretor-presidente interino do SGB, Valdir Silveira, que também é diretor de Geologia e Recursos Minerais da instituição e esteve à frente do projeto em seus primeiros anos.
O pesquisador Eugênio Pacelli, responsável pela condução do estudo, explica que as zonas analisadas apresentam grande diversidade mineralógica. Entre os minerais identificados estão berilo, granada, columbita, tantalita, espodumênio, turmalina e fosfato de lítio. “Além desses minerais, os pegmatitos são importantes por conterem lítio e terras raras. Os minerais que ocorrem nessas zonas possuem grande importância econômica”, afirma.
Segundo Pacelli, o feldspato, na forma de caulim, é amplamente utilizado na indústria cerâmica, enquanto o quartzo tem aplicações em relógios e em diversos equipamentos industriais. As áreas estudadas também são reconhecidas pela formação de pedras preciosas, como a turmalina paraíba, a água-marinha e o berilo.
O pesquisador ressalta ainda o papel estratégico dos pegmatitos no fornecimento de minerais essenciais para a indústria de alta tecnologia. “Hoje, a grande busca por pegmatitos se deve à ocorrência de minerais raros e amplamente utilizados na indústria em geral. Celulares, notebooks, aviões, carros elétricos, equipamentos bélicos e inúmeras inovações tecnológicas só existem devido a esses minerais e, por consequência, aos pegmatitos”, conclui.
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