Augusto Diniz
A disposição exclusiva de resíduo a seco na unidade de Alumínio (SP), na produção de alumina, deve começar em 2023. Mas o projeto de implementação de filtro-prensa na planta da mineradora começou em 2016.
Trata-se de uma iniciativa com investimento total de cerca de R$ 300 milhões.
Albino Mercado Junior, gerente-geral de Engenharia e Tecnologia da CBA, explica que a implementação do filtro-prensa é um processo que está sendo desenvolvido em etapas.
Em 2016, a CBA instalou uma planta piloto com capacidade de produzir 10 t de resíduo seco por hora, para testar a tecnologia, que foi aprovada.
Em 2018 e 2019, avançou-se no detalhamento dos parâmetros de empilhamento do resíduo seco sobre a lama já existente na barragem, com a realização de diversos ensaios geotécnicos e aterros experimentais no interior da barragem.
A refinaria da CBA produz cerca de 1,6 mil t/dia de resíduo, conhecido como lama vermelha. “Esse material tem uma concentração de 45% de sólidos que, graças a tecnologia do filtro-prensa, será elevada para 75%, permitindo, assim, o empilhamento do resíduo a seco na barragem atual, aumentando a segurança da mesma e facilitando a reabilitação futura”, conta Albino.
Na planta de alumínio, a água da barragem de lama vermelha é 100% retornada ao processo produtivo.
A água é um insumo fundamental para muitos processos envolvidos na fabricação de alumínio. “No processo de mineração, ela é utilizada principalmente no tratamento inicial da bauxita; e na planta industrial é usada em todos os processos desde a refinaria, para geração de vapor, e em outros processos como tratamento para gases e resfriamento de materiais da linha de produção”, explica o gerente-geral.
Sendo esse um insumo essencial para o processo, a CBA tem investido na modernização de suas tecnologias. Hoje, as unidades contam com sistema de recirculação para aproveitamento de água, que é primordial para a operação.
“Além disso, a companhia busca pela inovação em iniciativas voltadas para reduzir a demanda por água nova captada de fontes hídricas locais”, diz.
Descomissionamento
A disposição exclusiva de resíduo a seco começa em 2023. Depois disso, cálculos mostram que a barragem continuará ativa por mais 20 anos. “Como o processo de disposição de resíduo a seco é similar ao de um aterro, o descomissionamento ocorrerá de maneira concomitante à operação desse sistema”, afirma o executivo.
“Nos últimos dois anos, fizemos um levantamento abrangente dos resíduos do processo produtivo em nossas unidades para identificar aqueles com potencial de viabilidade para aproveitamento como subproduto.
Priorizamos 55 resíduos com viabilidade para se tornarem subprodutos, para os quais definimos planos de ação para aproveitamento ao longo dos anos, em conjunto com as respectivas áreas responsáveis por sua geração, reforçando o conceito de economia circular”.
Os resíduos atualmente dispostos na barragem do Palmital, em Alumínio, como é o caso da lama vermelha, pode ser reutilizada como subproduto no processo de fabricação do cimento, assim como resíduos já dispostos atualmente nas barragens da mineração.
Hoje, o volume da barragem do Palmital é de cerca de 20.000.000 m³, sendo sua capacidade total de 30.000.000 m³. “O filtro-prensa aumentará a vida útil da barragem, sem a necessidade de alteamento da estrutura”, garante Albino.
O filtro-prensa permitirá ainda tornar a barragem do Palmital mais segura.
“A instalação desta tecnologia altera a forma de disposição de resíduos de wet disposal (com baixa concentração de sólidos) para o dry disposal (com alta concentração de sólidos)”, explica.
A CBA informa que possui políticas especificas voltadas para a redução e gestão de resíduos em suas unidades. No que se refere ao material destinado às barragens, em 2018, foi gerado um volume de 1.607.000 t de rejeitos e resíduos das barragens de mineração e industrial.
“Nas unidades de mineração, os rejeitos da lavagem da bauxita são depositados em barragens próprias e são lançados de maneira uniforme, em observância às diretrizes operacionais, para garantir a estabilidade da estrutura e a segurança da barragem e de seu entorno”, afirma o gerente-geral.
“A água dessas barragens, depois de tratada na ETA (estação de tratamento de água automatizada), é reaproveitada em caminhões-pipa que molham as vias para controlar a poeira decorrente do trânsito de caminhões e equipamentos”.
A empresa informa ainda que tais questões conversam com a sustentabilidade da cadeia, que define objetivos e metas para os anos futuros. “As inciativas são vantajosas, pois garante a perpetuidade do nosso negócio em linha com o desenvolvimento de nossa cadeia de valor”, conclui.
Existe um projeto para o reaproveitamento de parte do rejeito depositado na barragem de Itamarati (MG), através de processo de concentração do teor aproveitável do minério, com potencial de 1Mt em 10 anos. A partir dos resultados colhidos, será estudada a aplicação deste mesmo projeto na unidade de Miraí (MG).