Restauração florestal em área minerada é atestada na Zona da Mata em MG

Restauração florestal em área minerada é atestada na Zona da Mata em MG

Uma das maiores preocupações da indústria da mineração, recentemente, tem sido as formas de como recuperar as áreas mineradas, como compensação de suas atividades em prol da preservação ambiental. Com atuação desde o início da produção do alumínio, na etapa de exploração de bauxita, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) recebeu, no início deste ano, a primeira Declaração de Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas, emitida pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) do Estado de Minas Gerais, atestando que as áreas utilizadas para mineração de bauxita, no munícipio de Descoberto, na Zona da Mata mineira, estão plenamente recuperadas e restauradas.

Desde a promulgação da Deliberação Normativa COPAM nº 220, de 2018, esta é a primeira Declaração de Recuperação emitida no Estado a uma mineradora para atestar uma área de restauração florestal com plantio de espécies nativas da Mata Atlântica, após a mineração. O projeto da CBA se destacou pelo foco em “Agropecuária e Restauração – Conservação Ambiental”, permitindo que áreas antes ocupadas com pastagem são mineradas e recuperadas, voltando a ser produtivas em sua atividade original, assim como nas áreas de mata, que, com os trabalhos de restauração florestal, conservam a biodiversidade.

“Este é um exemplo claro de que a mineração pode e deve caminhar lado a lado com a atividade rural e o meio ambiente. Este feito reforça a importância de práticas sustentáveis na mineração e demonstra como é possível alinhar atividades econômicas com a conservação ambiental”, afirma o gerente de Mineração das Unidades da Zona da Mata mineira, Christian Fonseca de Andrade.

Segundo estudo realizado em parceria com a Universidade Federal de Viçosa – UFV na área utilizada para mineração de bauxita em Descoberto, aponta que o reflorestamento com plantio de mudas nativas está favorecendo o processo de restauração da área minerada, por meio da cobertura e proteção do solo, criando uma área mais adequada para o estabelecimento de espécies nativas.

Dentre os principais bioindicadores utilizados pela equipe do Laboratório de Restauração Florestal (LARF) da UFV para avaliação desta área destacam-se a regeneração natural, serrapilheira (com produção anual de 6.772 kg/ha), banco de sementes do solo, composição de espécies de plantas, biomassa, estoque de carbono e monitoramento de fauna. Nas avaliações do banco de sementes do solo emergiram 2.489 plântulas (nova planta que surge da semente após germinação), pertencentes a 69 espécies. Além do inventário que amostrou 1.664 indivíduos arbóreos, pertencentes a 64 espécies, nas avaliações de regeneração natural, nesta área foram encontrados 705 indivíduos regenerantes, pertencentes a 80 espécies.

Projeto plantio de mudas altas impulsiona biodiversidade

A CBA também foi autora de uma técnica inédita, que foi o plantio de mudas altas de restauração florestal, um projeto que traz benefícios à recuperação e conservação da biodiversidade na Zona da Mata Mineira. A técnica foi desenvolvida pela CBA em parceria com a UFV e viveiristas da região de Dona Eusébia, em Minas Gerais, e foi um dos agraciados no 25º Prêmio de Excelência de 2023, promovido pela revista Minérios & Minerales no mesmo ano.

A ideia do plantio de mudas altas surgiu após a constatação de que a competição por acesso à água, luz e nutrientes com as gramíneas agressivas, como a braquiária e o capim – gordura, resulta em elevadas taxas de mortalidade das mudas plantadas. Já as mudas mais altas desenvolvem rapidamente o seu sistema de raízes, que ocupam uma área grande e profunda do solo, absorvendo água e nutrientes de forma mais eficiente para a sua sobrevivência e o seu pleno desenvolvimento.

Para evitar tal situação, mudas mais altas – com altura média de 2,5 metros, cinco vezes maior do que o padrão (cerca de 50 cm) – foram plantadas nas áreas de reflorestamento da CBA. Com o plantio de mudas altas ocorre o sombreamento mais rápido das gramíneas exóticas, o que contribui para o enfraquecimento e, até mesmo, a erradicação dessas espécies, as quais prejudicam o desenvolvimento das mudas pequenas.

De acordo com o projeto, a implementação das mudas altas reduz o número de adubações, coroamentos e replantios, em função do escape das mudas da competição com as gramíneas exóticas agressivas. A grande vantagem é a tendência a reduzir a competição entre mudas de espécies nativas e de espécies exóticas.

As mudas altas também funcionam como poleiros para a avifauna, contribuindo para a chegada de sementes trazidas pelos pássaros e, consequentemente, 9 para a manutenção e o aumento da biodiversidade na área em restauração. Essas vantagens o correm uma vez que, em diversas espécies, as mudas altas são precoces no florescimento e frutificação, atraindo a fauna desde os primeiros meses do plantio, a exemplo da aroeirinha, da crindiúva, e da pitanga, acelerando o processo de restauração.

Os plantios e experimentos sobre mudas altas são constantemente monitorados por uma equipe especializada em monitoramento ambiental, contratada pela CBA, e alguns bioindicadores são acompanhados por pesquisadores do Laboratório de Restauração Florestal da Universidade Federal de Viçosa (LARF/UFV).

Assim como este projeto, outras iniciativas são destacadas pelo Prêmio de Excelência da revista Minérios e Minerales, que está com inscrições abertas até o dia 09 de maio. Para participar, acesse a página sobre o prêmio aqui.