



O alumínio já foi mais caro do que ouro, tanto que o imperador da França, Napoleão III, reservava seus talheres de alumínio para os seus convidados mais prestigiados. Essa aura se perdeu em fins dos anos 1880, quando Charles Hall e Paul Heroult descobriram a eletrolise do óxido ao invés de usar redutores químicos. E o alumínio se tornou tão banal quanto o aço na medida em que sua produção se multiplicou mundo afora.
Uma empresa britânica anunciou o desenvolvimento de um processo para baratear a produção de tântalo, com potencial para ser aplicado a outros metais exóticos como titânio, neodímio e vanádio. Tântalo é empregado nos capacitores eletrônicos mais eficientes, mas devido ao seu custo, seu uso é mais comum nos celulares. Neodímio é aplicado nos magnetos dos motores dos carros elétricos – e ao lado do lítio empregado nas baterias, são responsáveis pelo alto preço desses veículos, que precisa ser reduzido drasticamente para se popularizarem.
O aço se torna mais resistente se tiver vanádio e tungstênio, o que eleva seu preço ao usuário. O titânio é o material ideal para peças de avião, naves espaciais, carros de F-1 e implantes cirúrgicos, mas custa dezenas de vezes mais do que o aço mais refinado. Ao contrário do processo concebido por Hall e Heroult, que demanda uso intensivo de energia, o novo processo britânico consegue realizar a eletrolise nos óxidos em pó diretamente, sem recorrer à fusão desses materiais.
Essa breve história ilustra a conhecida proposta de agregar valor aos elementos minerais considerados básicos, o que, naturalmente, requer pesquisas para desenvolver tecnologias. Essa ambiciosa idéia poderia ser encampada pela indústria mineral brasileira, em parcerias com universidades, instituições e empresas industriais (consumidoras de novos materiais), inspirando-se em exemplos como a Embrapa e Embraer. É claro que se trata de projeto de longo prazo. Mas a economia brasileira não deve se contentar em produzir automóveis, eletrônicos de massa e matérias primas vendidas como commodities nas próximas décadas, até porque as tecnologias disruptivas do futuro podem tornar esses produtos obsoletos. Por exemplo, o fim do telefone fixo é uma questão de tempo. A mineração brasileira precisa pensar no seu futuro.
Fonte: Revista Minérios & Minerales