Segurança de barragens pós-Brumadinho: o que mudou na legislação e nas operações

Segurança de barragens pós-Brumadinho: o que mudou na legislação e nas operações

O rompimento da barragem em Brumadinho (MG), em 2019, foi um divisor de águas para a mineração no Brasil. A tragédia deixou centenas de vítimas, devastou comunidades e trouxe uma onda de mudanças legislativas e operacionais para garantir maior segurança nas estruturas de rejeitos.

Desde então, barragens passaram a ser monitoradas com mais rigor, novas leis foram aprovadas e métodos antigos de construção foram proibidos.


Principais mudanças na legislação

Proibição de barragens pelo método a montante

O método construtivo a montante, usado em Brumadinho e Mariana, foi considerado de alto risco e proibido no Brasil.
Pela lei, todas as estruturas existentes deveriam ser desativadas ou descaracterizadas até 25 de fevereiro de 2022.
Fonte: Agência Senado – Lei de Segurança de Barragens

Lei nº 14.066/2020

Aprovada após Brumadinho, alterou a Política Nacional de Segurança de Barragens (Lei nº 12.334/2010).
As principais mudanças foram:

  • Sanções mais severas em caso de descumprimento;
  • Exigência de garantias financeiras (seguro, caução ou fiança);
  • Ampliação das responsabilidades dos empreendedores.
    Texto completo: Lei nº 14.066/2020

Resolução ANM nº 4/2019

Publicada logo após Brumadinho, determinou:


O que mudou nas operações

Planos de Ação Emergencial (PAEBM)

Empresas passaram a ser obrigadas a elaborar planos de emergência com rotas de fuga, simulados e comunicação com comunidades em risco.
Mais detalhes: ANM – Segurança de Barragens

Zona de Autossalvamento (ZAS)

Definição de áreas onde o tempo de resposta a um rompimento é crítico, exigindo sistemas de alerta e evacuação imediata.

Monitoramento em tempo real

Adoção de sensores IoT, drones, radares e câmeras tornou-se prática obrigatória em grandes mineradoras, complementando inspeções presenciais.

Descaracterização de barragens antigas

Diversas estruturas foram desativadas ou adaptadas para atender às novas normas.


Desafios ainda existentes

  • Capacidade de fiscalização: alguns estados ainda não têm equipes técnicas suficientes.
  • Adaptação de barragens antigas: o cronograma de descaracterização enfrenta atrasos em alguns empreendimentos.
  • Comunicação com comunidades: falhas em alarmes e treinamento de evacuação ainda são reportadas.
  • Custo elevado de adequação: mineradoras de médio porte enfrentam dificuldades financeiras para se ajustar.

Impactos práticos para o setor

  • Aumento do custo de operação e manutenção.
  • Necessidade de investimento em tecnologia de monitoramento contínuo.
  • Reforço da governança ambiental e das práticas ESG.
  • Maior transparência com órgãos reguladores e sociedade.

A tragédia de Brumadinho transformou a segurança de barragens no Brasil. Hoje, a legislação é mais rigorosa, as operações estão mais controladas e a sociedade mais atenta.

Ainda há desafios, mas as mudanças trazem oportunidades: modernização da mineração, inovação tecnológica e aumento da confiança pública.

Para mais informações: