Ganhos em saúde e segurança, eliminando a exposição aos riscos dos colaboradores nas inspeções in loco, e possibilidade de evitar perdas no circuito de britagem estimadas em 30 mil toneladas de minério – o que corresponde a quase R$ 3,5 milhões. Estes foram os ganhos obtidos pela Vale na implantação do sistema de monitoramento remoto Dynamox, utilizando técnicas de vibração e temperatura, na planta de britagem circuito aberto na Mina de Fazendão, MG, que foi finalizado em 2020.
De acordo com a empresa, foi constatado que o ponto mais crítico do circuito é o tambor sem proteção, onde não é possível o acesso (ver foto). Com o monitoramento parametrizado, foi possível a aquisição dos dados globais de vibração e temperatura de 30 em 30 minutos, além de uma espectral diária, aumentando exponencialmente o monitoramento do ativo ao longo de sua operação, possibilitando a identificação até mesmo de desvios operacionais.
Outro ganho foi a maior confiabilidade dos ativos em função do acompanhamento rotineiro do desempenho da função para a qual foi projetado, bem como a realização de monitoramento remoto de pontos onde o acesso é inseguro e/ou onde se faz necessária a utilização de RAC 1 (trabalho em altura). Por fim, a empresa destaca a eliminação da exposição a riscos ao trafegar em áreas de acesso restrito no deslocamento entre as minas de Alegria e Fazendão. Os ganhos com relação à liberação do HH mensal se mantiveram de acordo com o que foi mensurado no projeto (12,8 horas). Considerando as perdas levantadas no check de 2ª camada ao longo da operação do projeto, conseguiu-se evitar uma perda produtiva.
SOBRE O PROJETO
O ramo de mineração, devido a ambientes de produção extremos e agressivos, consiste em um verdadeiro desafio em termos de manutenção de ativos. As máquinas e componentes presentes neste ramo geralmente são expostos a estresse e tensões incomuns a outros ramos industriais e comumente apresentam elevados índices de falhas. Na mina de Fazendão, localizada em Minas Gerais, as dificuldades de manutenção eram diversas, entre elas: grandes distâncias entre equipamentos, localização de difícil acesso para a inspeção e coleta de dados em ativos críticos, e até mesmo trânsito de equipamentos de grande porte. Estas condições resultavam em riscos iminentes aos inspetores em campo.
Uma importante parceria foi então firmada com a empresa Dynamox para a implementação de um projeto de monitoramento de vibração e temperatura de pontos críticos, totalmente automatizado e 100% remoto. A análise de vibração é uma das técnicas mais difundidas e eficazes na detecção de falhas em ativos, fazendo parte dos programas de manutenção preditiva. A análise de vibração é realizada com base em dados temporais e espectrais, coletados em componentes críticos. Os dados são utilizados para traçar tendências e conhecer o comportamento vibratório do maquinário.
Quando ocorrem alterações nos níveis de vibração, os analistas podem investigar o porquê e planejar intervenções de manutenção antes de uma pane grave. Na Mina de Fazendão, o processo de coleta manual de dados de vibração era feito quinzenalmente. Um inspetor se deslocava até as máquinas e coletava os dados para posterior análise. Por mais cuidadoso e atento que o inspetor fosse e mesmo com todas as normas de segurança, esse método acarretava riscos, pois as medições precisavam ser realizadas com as máquinas em operação e requeriam proximidade do inspetor, além de posturas muitas vezes ergonomicamente incorretas. A atividade originava ainda tempo de deslocamento.
PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO
A equipe da Vale iniciou a busca por tecnologias que possibilitassem a retirada dos inspetores de campo e que também trouxessem maior confiabilidade aos ativos. A tecnologia escolhida foi da Dynamox que oferece distintos modelos de sensores de vibração e temperatura sem fio, app mobile ou gateway para coleta, e software web para análise dos dados. Na Mina de Fazendão, de março a julho de 2020, foram instalados sensores em 100% dos equipamentos da planta e seus respectivos subconjuntos, sendo eles: motores, redutores, mancais de transportadores, caixas excitadoras e rolamentos dos queixos do britador, além de gateways para automatização da coleta de dados.
Os sensores coletam aceleração, velocidade, deslocamento e temperatura e são certificados IP66 e IP68, o que significa robustez suficiente para aplicação nos mais diversos locais da planta. O sistema está instalado nas mais distintas máquinas: correias transportadoras, peneiras vibratórias e alimentadores vibratórios, britadores de mandíbula e alimentadores de correia.
CONCLUSÃO E RESULTADOS
Com a implantação dos sensores remotos, foram eliminados os riscos na atividade de coleta de vibração, o que resultou, ainda, na liberação de 12,8 horas de HH mensais. Dessa forma, o colaborador pode executar outras atividades. Em um curto período de três meses após a instalação dos sensores e gateways, foi possível evitar perdas no circuito estimadas em 30 mil toneladas, o que corresponde a quase R$ 3,5 milhões numa estimativa aproximada.
Autores: Bruno Matias (coordenador de Engenharia e Gestão Ativos Usinas Sudeste), Jader dos Santos Miranda (coordenador de Engenharia Usinas Mariana), Rodolfo Lima (analista operacional) e Ronaldo Jabuor (gerente de Engenharia Usinas Sudeste)
