Harmony avança projeto Eva Copper na Austrália, com parque solar e filtragem de rejeito

Harmony avança projeto Eva Copper na Austrália, com parque solar e filtragem de rejeito

A tradicional produtora de ouro sul-africana Harmony Gold Mining Company vem acelerando na diversificação do seu portfólio para outros metais. Faz parte dessa estratégia o projeto Eva Copper, mina de cobre localizada em Queensland, na Austrália, e que exigirá investimentos de cerca de até US$ 1,7 bilhão para sua implantação. A produção comercial está prevista para o segundo semestre de 2028.

Para a Harmony, o projeto da Eva Copper é central na reconfiguração do seu portfólio para os próximos 20 anos. Tradicionalmente associada ao ouro em suas operações na África do Sul e na Papua-Nova Guiné, a companhia busca ampliar sua exposição a metais críticos para a transição energética, tendo o cobre como elemento-chave. A combinação de teores competitivos, vida útil longa, baixo strip ratio , infraestrutura bem definida, fornecedores globais e ingresso em um mercado de demanda crescente consolida o ativo como vetor estratégico de crescimento.

Desde a aquisição da mina, em outubro de 2022, a Harmony investiu em pesquisas detalhadas para definir sua capacidade e o teor do minério existente. Foram cerca de 166 mil m de sondagens para caracterização dos recursos disponíveis. Graças a esse levantamento, a empresa confirmou que o projeto é maior e mais rico do que se esperava inicialmente.

Segundo especialistas, Eva Copper é um dos projetos de cobre mais relevantes da Austrália dos últimos anos, tanto pela escala quanto pela robustez técnica. O depósito apresenta características geológicas semelhantes aos grandes sistemas de Mount Isa e Cloncurry – região australiana onde se localizam um dos distritos minerais mais prolíficos do mundo. Ele reúne recursos minerais da ordem de 366 milhões de toneladas, com teor médio de aproximadamente 0,40% de cobre e créditos de ouro. A vida útil mínima projetada é de 15 anos, mas a Harmony acredita que o potencial de extensões laterais e em profundidade poderá ampliar essa projeção nos próximos ciclos de sondagem.

Do ponto de vista produtivo, a mina a céu aberto terá capacidade de processar em torno de 18 milhões de toneladas de minério por ano, sustentando uma produção inicial de aproximadamente 65 mil toneladas anuais de cobre em concentrado nos cinco primeiros anos e uma média de cerca de 60 mil toneladas ao longo da vida útil estimada , além de gerar aproximadamente 19 mil onças de ouro por ano como subproduto. A mina deverá estar produzindo em 2028, aproveitando o possível déficit global de oferta de cobre a partir de 2027, conforme levantamento de consultorias internacionais como International Copper Study Group (ICSG), Goldman Sachs, S&P Global e BloombergNEF.

Projeto reduz necessidade de grandes barragens

Em termos de engenharia, o projeto da operação foi desenhado com fluxo convencional de britagem, moagem e flotação, mas com equipamentos de grande escala, integração digital e soluções de extemsa automação para maximizar confiabilidade, rendimento metalúrgico e eficiência energética. A Metso foi escolhida como fornecedora do pacote principal de cominuição e flotação, que inclui um moinho SAG Premier gearless de 24 MW de potência instalada e um moinho de bolas Premier de 18 MW de potência, além de dois britadores cônicos MP800 para processar pebbles.

Já o circuito de flotação contará com 15 células TankCell, um Vertimill VTM3000 e sistemasavançados de controle, como o analisador de polpa Courier 6X SL e o analisador de partículas PSI 500i, que, segundo a empresa, atuam em tempo real na estabilização do processo. Complementam o pacote o MillSense – que monitora o desempenho dos revestimentos e a eficiência de moagem – um espessador de concentrado de 20 m, um espessador de rejeitos de 65 m com tecnologia Reactorwell e um filtro de pressão Larox PF totalmente automatizado.

De acordo com a Harmony, a etapa de disposição de rejeitos foi planejada com foco em eficiência hídrica, estabilidade e redução de riscos. O uso do espessador de grande porte associado ao filtro de pressão produzirá rejeitos com elevada densidade e menor volume de água residual, ampliando o reaproveitamento hídrico na planta e reduzindo a necessidade de barragens em grande escala. A empresa também ressaltou que o sistema de automação integrado permitirá acompanhamento contínuo de desempenho, reduzindo paradas não planejadas e aumentando a previsibilidade operacional.

Outro destaque do projeto é o plano energético híbrido, composto por um parque solar de 118 MW, um sistema de baterias de 62 MW e geradores modulares a diesel. A combinação garantirá cerca de 72 MW de demanda contínua, com previsão de 40% de energia renovável, um dos índices mais altos entre projetos greenfield de cobre na Austrália, segundo a empresa. A solução reduz emissões de CO2, diminui custos operacionais a longo prazo e reforça a estratégia da Harmony de reduzir intensidade de carbono em suas novas operações.