Ferbasa programa mina subterrânea em Pedrinhas e nova fábrica de ferro cromo alto carbono
Líder na produção de ferroligas e única produtora de ferrocromo das Américas com integração vertical, a Ferbasa mantém operações mineradoras no interior da Bahia, nos complexos de Campo Formoso e Vale do Jacurici, e um parque metalúrgico em Pojuca equipado com 14 fornos e tecnologia de filtragem de partículas que respeita padrões ambientais rigorosos. O portfólio atende tanto o mercado nacional quanto gigantes industriais da Ásia, Europa e América do Norte, com produtos como Ferrocromo Alto Carbono (FeCr AC), Ferrossilício Cromo (FeSiCr) e Ferrossilício 75 Alta Pureza (FeSi 75 HP), usados em larga escala na produção de aços especiais.
Está entre as dez maiores empresas da Bahia, que faz verticalização de todos os processos, desde a fabricação da matéria-prima até a entrega do produto final. Tem planos de ser auto-suficiente em energia na próxima década.
As principais minas são a Coitezeiro, em Campo Formoso, e Ipueira, localizada no município de Andorinha. Em Campo Formoso, as operações se iniciaram em 1961, pelo método de lavra a céu aberto, que continua sendo utilizado. Já as operações em Andorinha foram iniciadas em 1973 para a produção de minério de cromo, com lavra a céu aberto e, mais tarde, através de mina subterrânea. A maior parte da produção de minério supre a demanda da metalurgia, em Pojuca (BA), para a produção de ferrocromo e ferrossilício cromo.
A Mina de Ipueira é considerada uma das mais modernas, especialmente em termos de tecnologia e segurança. São utilizados os métodos de lavra sublevel caving e open stoping com produção anual de 1,2 mi toneladas de ROM. Os stopes de lavra variam entre 14 a 25m de altura, com perfuração ascendente e em leque usando equipamentos especializados Fan Drill. A recuperação média é de cerca de 80%, com diluição variando entre 10% e 35% de material estéril no minério extraído (ROM). Em 2025 a Ferbasa implementou o uso de emulsão bombeada de baixa densidade nos desmontes de desenvolvimento e de lavra.
Em abril deste ano, durante reunião pública promovida pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec Brasil), a Ferbasa apresentou os principais resultados, avanços estratégicos e os investimentos previstos para os próximos anos. Um dos destaques foi o projeto de lavra subterrânea na mina Pedrinhas, em Campo Formoso, onde, atualmente, a empresa opera a céu aberto. O estudo de pré-viabilidade, concluído ano passado, confirmou a viabilidade técnica e econômica do projeto, e a companhia planeja concluir ainda em 2025 o estudo de viabilidade final. A expectativa é que a nova operação subterrânea entre em atividade antes do esgotamento da lavra atual, estimado em seis anos.
Além disso, a empresa planeja melhorias importantes no processo de beneficiamento na mina de Campo Formoso, incluindo a instalação de um sistema de ore-sorting para aumentar o teor de cromo e aprimorar a separação do minério. Serão também incorporados novos equipamentos, como moinhos, à planta de processamento.
Outro ponto de destaque foi o anúncio de um programa quinquenal de geologia, com investimento de R$ 116 milhões, contemplando mapeamento, sondagem e análises químicas para alvos de cromo, quartzo e novas substâncias. Estão previstos 16 mil metros de sondagem e 1.000 km de levantamento geofísico com drones.
Em 2024, a Ferbasa investiu R$ 288,7 milhões, sendo R$ 112 milhões destinados à mineração e R$ 57,9 milhões à metalurgia, com foco no desenvolvimento de minas, aquisição de máquinas, equipamentos e edificações. Também foi anunciado o projeto de uma nova fábrica de Ferro-Cromo Alto Carbono, com previsão de entrada em operação do primeiro forno em 2029, além de estudos de engenharia para implantação do segundo forno.
No primeiro trimestre deste ano, foram aplicados R$ 42,5 milhões em capex, voltados principalmente à aquisição de equipamentos e manutenção de ativos nos setores de mineração e metalurgia. Neste período, foram produzidas 75,8 mil toneladas de ferroligas. O crescimento de 3,3% em relação ao trimestre anterior é reflexo da combinação entre o aumento de 16,4% na produção das ligas de silício e a redução de 2,2% na de cromo.
O aporte de R$ 16,3 milhões na Bahia Minas Bioenergia, sua coligada, mostra que a empresa vislumbra um futuro em que a energia e a responsabilidade ambiental não são apenas compromissos institucionais, mas ativos estratégicos.
A companhia ainda pretende expandir a comercialização de coprodutos, começando pela sílica ativa, que passará a ser vendida no varejo, e pela cal virgem, cuja fábrica teve a capacidade triplicada – de 50 para 150 toneladas/dia. Outros produtos como brita e finos de quartzo também deverão ganhar mais espaço no mercado.
A Ferbasa possui duas unidades de extração de minério de cromo (uma subterrânea e outra a céu aberto), duas minas de quartzo e uma planta de produção de cal virgem, todas localizadas no centro-norte baiano. Quase toda a produção de minério é destinada à unidade metalúrgica da empresa, situada em Pojuca, onde estão instalados 14 fornos elétricos equipados com filtros de manga, que reduzem o impacto ambiental com a neutralização de material particulado.
Concreto projetado reforçado com fibras
Em julho deste ano, a empresa participou da 16ª edição do Workshop Opex, realizado pela Revista Minérios & Minerales em Belo Horizonte (MG), com os maiores players do mercado. Na ocasião, a equipe da empresa apresentou o trabalho desenvolvido para classificar as resistências iniciais do concreto projetado com reforço de fibra sintética utilizado na Mina Subterrânea de Ipueira, em conformidade com as normas regulamentadoras vigentes. A proposta buscou otimizar o avanço mensal do desenvolvimento subterrâneo estimado em cerca de 70 metros (equivalente a 841 metros anuais) por meio da redução do tempo de reentrada na frente após o jateamento, garantindo condições adequadas de suporte e segurança operacional.
O trabalho foi desenvolvido em conjunto com a equipe técnica da Sika Brasil e as equipes da produção e geomecânica da Ferbasa. O concreto projetado da Mina de Ipueira é feito de forma sustentável com qualidade final. Os resultados obtidos fornecem embasamento técnico para a implementação da redução do tempo de reentrada em áreas com concreto reforçado com fibras recém-projetado na Mina de Ipueira. A proposta estabelece o novo tempo de reentrada em 4 horas, uma redução de 33% em relação ao padrão atual com o uso de 5% de acelerador de pega, buscando garantir a resistência final após 28 dias. Ressalta-se que, em frentes com maciços muito fraturados ou com estruturas críticas, será mantido o tempo de reentrada padrão de 6 horas, utilizando concreto pigmentado para identificação.





