Estudo comparativo de desempenho dos caminhões no transporte
Pensando em auxiliar as decisões relacionadas a futuras aquisições de caminhões rodoviários adaptados para utilização em áreas de mineração e necessários para operação das áreas de lavra da Mineração Rio do Norte (MRN), a equipe da mineradora desenvolveu um estudo de avaliação para soluções de transporte de forma a comparar portes de equipamentos, em especial caminhões para transporte de Run Of Mine (ROM) das frentes de lavra para os britadores primários localizados nas áreas de lavra em Porto Trombetas, oeste do Pará.
Este relatório apresentou uma análise comparativa entre os caminhões com capacidade de transporte de 42t, 52t e 70t, que atualmente operam simultaneamente nas minas da denominada Zona Leste. Este estudo foi efetuado em março de 2024.
Para que fosse possível fazer tal comparação a metodologia proposta pela MRN abordou aspectos quantitativos, qualitativos e fez uma breve avaliação gerencial sobre os equipamentos em avaliação. A avaliação quantitativa teve como objetivo comparar situações similares de operação e manutenção de forma que fosse ao final possível verificar ganhos e perdas relacionados a cada porte de caminhão. Durante o estudo, verificou-se que a capacidade relativa maior do caminhão de 70t não é refletida por completo em ganhos de produtividade medidas pelo TKPH dos caminhões. Durante a análise foi possível verificar quais equipamentos apresentam melhor performance de velocidades no ciclo cheio, nos tempos de carga e descarga e no tempo total de ciclo.

Pode-se também verificar perdas relacionadas a eficiência do conjunto escavadeira/caminhão e indicadores de performance de operação e manutenção.
A avaliação qualitativa, realizada utilizando a metodologia de matriz de decisão (Pugh Matrix), permitiu levantar quais equipamentos são mais vantajosos em relação aos demais e de forma resumida quais itens considerados da análise crítica são fundamentais para tal percepção. Nesta análise foi possível verificar que caminhões de 42t e 52t são similares e que ambos são melhores que caminhões de 70t em termos qualitativos.
ANÁLISES E RESULTADOS
Alguns itens discutidos na sessão técnica que avaliou os caminhões de forma qualitativa sugerem possíveis impactos nos aspectos quantitativos como consumo de pneus e indicadores de performance de operação e manutenção relacionados a reposição de peças planejadas e assistência técnica de fornecedores.
Aspectos gerenciais relacionados ao ganho de escala dos caminhões de maior porte também foram abordados, de forma a contextualizar os impactos de optar por frotas de maior ou menor porte. Por fim, a MRN concluiu, que os resultados apresentados pela empresa de consultoria Snowden- Optiro, em Agosto/2022, são válidos e que o ganho financeiro relacionado à aquisição deve ser avaliado de forma abrangente. Entende-se também que a MRN está em fase de implantação da solução de transporte (caminhão 70t) e, portanto, decisões relacionadas a alteração no porte do caminhão já definido podem ser tomadas de forma prematura.
Os resultados apresentam que o caminhão de 42t tem uma capacidade de 80,8% em relação ao caminhão de 52t. Já o caminhão de 70t apresenta uma capacidade de 134,6% também em relação ao caminhão de 52t.
Analisando o TKPH de forma absoluta o caminhão de 70t apresenta o melhor resultado. Entretando esta analise não leva em consideração a capacidade maior deste equipamento.
Para fazer uma análise levando em consideração a capacidade foi calculado o TKPH Relativo considerando o caminhão de 52t como base. Nesta análise podemos entender que a maior capacidade do caminhão de 52t não apresenta ganho real de produtividade em relação ao caminhão de 42t, pois o TKPH relativo (79,9%) é bem próximo a capacidade relativa (80,8%) entre os caminhões.
Já quando comparado com o caminhão de 70t o caminhão de 52t apresenta um ganho real de produtividade uma vez que o acréscimo de TKPH relativo é de apenas 126,3% enquanto a diferença de capacidade relativa entre estes caminhões é de 134,6%.
Entretanto como os caminhões de 42t e 52t tem TKPH relativo similar podemos afirmar que ambos tem ganho real de produtividade em relação ao caminhão de 70t.
Já sobre a velocidade dos equipamentos, o estudo observou que a velocidade no trajeto vazio dos caminhões de 42t é inferior à dos caminhões de 52t e 70t, mas que a velocidade cheio é similar para caminhões de 42t e 52t.
Não é possível afirmar, mas entende-se que o tamanho da amostra que é bastante influenciada pela quantidade de equipamentos da frota pode ter mascarado a velocidade média dos caminhões de 52t. Não há levantamento de informações que justifique a velocidade no trajeto vazio dos caminhões de 42t ser mais baixa em relação aos caminhões de 52t uma vez que a velocidade no trajeto cheio é similar.
Observa-se nesta análise que a velocidade do trajeto cheio dos caminhões de 70t é menor que a observada para os caminhões de 42t e 52t. Esta possível redução de velocidade no trajeto cheio pode estar diretamente relacionada a performance do caminhão de 70t nas rampas com inclinação mais elevada, o que reflete a observação de rotina da equipe de operação de mina.
Sobre os tempos fixos, o estudo constatou que ambos os caminhões de 52t e 70t tem performance por tonelada similar e melhor em relação ao caminhão de 42t. Há uma pequena vantagem para o caminhão de 70t, mas que é desprezível e, portanto, podemos afirmar que não há diferença entre os caminhões de 52t e 70t neste aspecto. Já o tempo de ciclo por tonelada do caminhão de 70t é 121,8%
maior em relação ao caminhão de 52t enquanto a capacidade relativa entre os dois é de 134,6%. Em relação ao caminhão de 42t o tempo de ciclo por tonelada do caminhão de 70t é 142,2% maior enquanto a capacidade relativa entre os dois é de 166,6%. Ao analisar o tempo de ciclo por tonelada o estudo concluiu que há um ganho de escala ao se utilizar caminhões de maior porte. Entretanto o ganho do caminhão de 70t em relação aos demais não é diretamente proporcional a capacidade relativa.
A análise indica que as escadeiras atuais de 5,6m3 apresentam eficiência elevada para os caminhões de 42t e 52t. Para os caminhões de 70t o uso deste equipamento pode impactar no ciclo de carga ou na baixa utilização do porte deste caminhão variando a eficiência entre 90,2% e 101,5% conforme a quantidade de passadas.
Já as escavadeiras recém adquiridas de 6,5m3 apresentam eficiência elevada para os caminhões de 70t. Para os caminhões de 42t e 52t esse equipamento fica no limite operacional (100,7%) para caminhões de 52t e se mostra ineficiente para caminhões de 42t seja com mais ou menos passadas. Em geral, com o estudo, foi possível concluir que não há uma preferência operacional por determinado tipo de equipamento de forma que aparentemente todos os portes de caminhões analisados atendem as necessidades de performance operacional da MRN.





