(Foto / Divulgação: Project Blue)
O Ministério do Comércio da China (MOFCOM) anunciou novos embargos de exportação de cinco materiais críticos, uma medida incomum durante o feriado de Ano Novo da China, que dura uma semana. A lista de materiais sob controle de exportação agora inclui tungstênio, telúrio, bismuto, molibdênio e índio.
A justificativa para os controles de exportação cita a segurança nacional como base para a decisão, uma expressão cada vez mais comum usada por líderes globais que pretendem proteger indústrias e cadeias de suprimentos nacionais, segundo informe da Project Blue.
Cabe destacar seus efeitos na cadeia global de insumos minerais. Primeiro, os materiais incluídos são usados em uma gama mais ampla de indústrias, adicionando bens de consumo e o setor de energia à lista de indústrias críticas impactadas anteriormente. Os materiais restritos até então (gálio, germânio, antimônio) foram focados em semicondutores e indústrias de defesa. As restrições à exportação de grafite foram introduzidas no início de dezembro de 2023, afetando a cadeia de suprimentos de baterias.
O índio é usado em eletrônicos, especialmente telas planas e touchscreen. O tungstênio é usado em ferramentas e materiais de desgaste para a indústria automotiva, bem como na de defesa, aeroespacial e fabricação de semicondutores. O molibdênio é amplamente usado em liga de aço em aplicações que exigem alta resistência inclusive ao calor, como tubulações, motores e ferramentas de alta velocidade.
Se as restrições de exportação se mantiverem, o potencial aperto do mercado pode elevar os preços, principalmente ex-China. O antimônio já estava enfrentando restrições parciais em meados de 2024 e, nos últimos cinco meses.
A mudança para impor restrições à exportação de matérias-primas e materiais processados está alinhada com a estratégia “Made in 2025” (MIC2025) da China, que nos últimos dez anos tem como objetivo a atualização do setor de manufatura da China, ou seja, capturar mais da cadeia de suprimentos downstream e de valor agregado, e reduzir a dependência de tecnologia estrangeira.
Em segundo lugar, o anúncio agora inclui restrições à transferência de tecnologia para esses materiais também. Do anúncio traduzido para o inglês: “Tecnologia e informações para a produção do item [x] (incluindo especificações de processo, parâmetros de processo, procedimentos de processamento, etc.)”.
Não é mais uma simples proibição da movimentação de mercadorias, é também a tecnologia para processar e refinar esses materiais para suas aplicações críticas que a China está embargando.
Isso segue as restrições de transferência de tecnologia no setor de baterias de íons de lítio e provavelmente fará parte de quaisquer restrições de ‘comércio’ daqui para frente. No entanto, assim como a DeepSeek surpreendeu os mercados na semana passada com suas capacidades, apesar das restrições à tecnologia de IA para a China, talvez os embargos de exportação da China possam estimular soluções inovadoras para indústrias críticas no resto do mundo.
Quais mercados podem ser os próximos?
Observamos que os mercados de materiais críticos anunciados até o momento são áreas onde a China é dominante tanto na mineração quanto no refino dos materiais. Aumentar a competitividade da produção downstream é muito mais simples quando a maior parte da cadeia de suprimentos está disponível e a tecnologia está estabelecida ou, pelo menos, acessível.
Embora seja difícil especular sobre quais mercados podem ser os próximos — dado que a maioria dos materiais críticos é usado em várias indústrias críticas ao redor do mundo — aqueles onde a China tem expertise upstream e midstream podem ter uma probabilidade maior de serem embargados (incluindo transferência de tecnologia) na próxima rodada, se houver uma. (Fonte-Project Blue).
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