Ex-mineiros protestam em La Paz e exigem indenização da estatal Comibol

Manifestantes reivindicam pagamento de mil dólares por ano trabalhado e acusam a empresa de descumprir decisão judicial.


Centenas de ex-mineiros bolivianos realizaram um protesto nesta quarta-feira (10) em La Paz, capital da Bolívia, exigindo uma indenização da empresa estatal Corporação Mineradora da Bolívia (Comibol), responsável por sua demissão há mais de 20 anos.

Os ex-funcionários, entre eles dezenas de mulheres, se reuniram em frente à sede da Comibol, bloqueando o trânsito na principal avenida do centro da cidade.
Segundo os manifestantes, a empresa não cumpriu uma sentença da Corte Suprema da Bolívia, que determinava o pagamento de indenizações pendentes desde meados da década de 1980.


Reivindicações e contexto histórico

O grupo de ex-trabalhadores foi demitido entre 1985 e 1986, período marcado pela crise global do estanho, quando a queda acentuada nos preços levou ao colapso de diversas operações de mineração no país.

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Os mineradores exigem que a Comibol pague mil dólares para cada ano de trabalho prestado à empresa.

“Vemos com indignação que a empresa não quer cumprir a sentença da Corte Suprema que saiu a nosso favor”, afirmou Luis Plaza, dirigente dos ex-mineiros, em entrevista à imprensa local.

Após as demissões, muitos desses profissionais formaram cooperativas de mineração para continuar operando pequenas jazidas, principalmente de estanho e zinco. No entanto, essas cooperativas enfrentam novamente dificuldades financeiras devido à queda recente nos preços internacionais dos minérios.


Crise das cooperativas e impacto do mercado

Nos últimos meses, o mercado global de metais sofreu nova retração, especialmente nas commodities ligadas à indústria de base, como estanho, cobre e zinco.
A desvalorização tem impactado diretamente os pequenos produtores bolivianos, que dependem das exportações para manter suas operações.

De acordo com economistas locais, a instabilidade de preços e a falta de apoio estatal colocam em risco a sobrevivência de diversas cooperativas, ameaçando também centenas de empregos indiretos na cadeia de mineração do país.


Comibol e o papel da mineração na economia boliviana

A Comibol foi criada em 1952, após a nacionalização das minas bolivianas, e teve papel central na economia do país durante décadas.
Atualmente, a empresa atua em parceria com cooperativas e companhias privadas, mas vem sendo criticada por atrasos em pagamentos e falta de modernização de suas operações.

Especialistas afirmam que a solução do impasse com os ex-mineiros é essencial para restabelecer a confiança do setor e evitar novos conflitos sociais em regiões mineradoras estratégicas, como Oruro e Potosí.