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Uso de inteligência artificial em projetos ferroviários é destaque em evento global

A Vale acaba de receber distinção no cenário tecnológico internacional: a aprovação para apresentar seu trabalho no Rail Summit 2025 (PARS), evento global com foco na transformação digital e no futuro da engenharia ferroviária. O projeto intitulado “Aplicação de Inteligência Artificial na Verificação de Projetos de Terraplenagem de Ferrovias” marca um avanço significativo na otimização de projetos ferroviários e evidencia a excelência técnica das equipes da Vale. A solução desenvolvida integra inteligência artificial generativa com algoritmos clássicos de pesquisa operacional — como Dijkstra e
Stepping Stone — para automatizar e otimizar a distribuição de terraplenagem em projetos ferroviários. Essa abordagem supera os métodos tradicionais ao permitir análises em poucas horas, o que levaria dias no método tradicional. O desafio central da terraplenagem envolve a definição das melhores rotas e volumes de transporte entre centros de origem (áreas de corte) e destino (áreas de aterro), considerando não apenas distâncias e custos, mas também segurança dos trabalhadores, prazos de execução e compatibilidade geotécnica dos materiais. Tradicionalmente, esse processo exigia análises manuais extensas e cálculos repetitivos, limitando a avaliação de alternativas.

Os resultados são expressivos: a metodologia reduziu em 75% o tempo de análise e proporcionou uma economia de 5% no esforço de transporte, respeitando rigorosamente parâmetros técnicos como CBR (California Bearing Ratio), módulo resiliente e coeficientes de expansão dos solos. A automação cobre todo o fluxo de trabalho — da extração de seções no AutoCAD Civil 3D à geração de aplicações web interativas para visualização dos resultados. Essa integração oferece aos analistas acesso imediato a análises complexas por meio de interfaces intuitivas, democratizando o uso de técnicas avançadas de otimização.
O diferencial técnico está na modelagem flexível e na simulação ágil de cenários em tempo real, com verificação automática da compatibilidade geotécnica entre materiais. Isso proporciona soluções não apenas economicamente eficientes, mas também tecnicamente seguras e viáveis. Outro avanço é a padronização automatizada de relatórios e documentação técnica, dando consistência nos resultados independentemente da equipe envolvida e elevando o padrão de qualidade dos projetos.

Reconhecido como um dos principais eventos tecnológicos do setor ferroviário, o Rail Summit 2025 reunirá especialistas, empresas e instituições de pesquisa de todo o mundo. A apresentação da Vale, marcada para 4 de novembro, posiciona a empresa como referência global em inovação aplicada à engenharia ferroviária.
De acordo com Cristian Lourenço, Gerente Geral de Engenharia da Vale, a participação no evento representa uma oportunidade estratégica para estabelecer parcerias e promover o intercâmbio de experiências com outros projetos de vanguarda. Desenvolvido de forma colaborativa por profissionais internos, o projeto é replicável e adaptável a diferentes contextos e setores. Outra iniciativa, inicialmente aplicada à disciplina de Geometria, o protocolo automatizado contemplou parâmetros técnicos de curva horizontal, curva vertical e superelevação. A solução, que atua como co-conferente digital, promoveu uma transformação significativa nos processos de análise: a produtividade da equipe de Engenharia aumentou em mais de 95%, e a qualidade das verificações evoluiu de amostral para completa, com maior assertividade e confiabilidade. O projeto também contribuiu para a redução de retrabalho, minimização de erros humanos e conflitos em campo, além de liberar a equipe para atividades analíticas e inovadoras.
Mais do que uma conquista técnica, a seleção para o Rail Summit simboliza a capacidade da Vale de transformar conhecimento em soluções práticas que geram valor real para seus projetos e para a sociedade. “Com essa participação, a empresa reafirma sua liderança tecnológica no setor ferroviário nacional e projeta a expertise de seus engenheiros para o cenário global, inspirando novas gerações a explorar o potencial transformador da inteligência artificial na infraestrutura de transportes”, afirma Cristian Lourenço.


RECONHECIMENTO LOCAL
No cenário nacional, dentro desse mesmo tema, a Vale também foi reconhecida nesse ano com o primeiro lugar na categoria “Contratante Privado” durante o BIM Fórum Conference 2025, realizado em maio, em São Paulo. A premiação, promovida pelo BIM Fórum Brasil, destaca as melhores práticas na aplicação da metodologia BIM (Building Information Modeling) no país, valorizando iniciativas que impulsionam a transformação digital no setor AECO (Arquitetura, Engenharia, Construção e Operações).
O case vencedor da Vale apresentou a aplicação integrada do BIM ao controle tecnológico no Complexo Mariana, especificamente na Barragem Campo Grande, em Minas Gerais. Desenvolvido ao longo de uma jornada iniciada em 2019, o projeto representa um marco na adoção de soluções digitais para aprimoramento da eficiência, qualidade e rastreabilidade em obras de infraestrutura.
“A conquista reforça o alinhamento da Vale com sua estratégia de transformação digital, promovendo a modernização de processos, o uso de tecnologias inovadoras e o fortalecimento de redes colaborativas. A participação no evento também evidencia o compromisso da empresa com a excelência operacional e a adoção de práticas sustentáveis e eficientes”, reforça o diretor de Projetos de Descaracterização de Barragens, Douglas Carvalho.


SAIBA MAIS SOBRE A ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO DIGITAL NA VALE
“Esse conjunto de iniciativas vem consolidando as metodologias BIM, AWP e LPS como pilares estratégicos de gestão dos Projetos da Vale, reafirmando o compromisso da empresa com a inovação, a excelência técnica e a transformação digital no setor mineral”, é o que explica o diretor de Projetos Serra Sul da Vale, Heuser Hortmann. De acordo com o gestor, a maturidade e disciplina na aplicação de metodologias como BIM, AWP e LPS nas fases de desenvolvimento influenciam na execução das atividades na fase de construção de três maneiras: Planejamento visual com modelos 3D/4D: o uso de BIM integrado a ferramentas de planejamento permite visualizar o cronograma e o progresso físico simultaneamente.
Planejamento orientado à prontidão: a maturidade no uso dessas metodologias garante que as atividades sejam executadas com os recursos certos, no momento certo, evitando atrasos e desperdícios. BIM como base técnica confiável: quando bem implementado, o BIM fornece modelos precisos que alimentam os pacotes de trabalho do AWP. LPS como suporte a rotina: rotinas bem estabelecidas para gerenciamento do plano de implantação, mapeamento e eliminação de restrições, programação semanal, check diário de performance.

Referenciamos Janaína Brito Freitas, Gestão de Projetos, Engenharia e Construção Digital.

STEINERT no Vale do Lítio Brasileiro: Tecnologia de Separação por Sensores para otimizar a concentração do espodumênio

A Companhia Brasileira de Lítio (CBL) é pioneira na mineração subterrânea de pegmatito portador de lítio – processamento de concentrado de lítio – produção de compostos químicos de lítio de alta pureza, consolidando-se como referência no setor de minerais críticos. Com mais de 35 anos de experiência, a empresa atua de forma vertical desde a mineração de espodumênio em Araçuaí, localizado no Vale do Jequitinhonha (MG), recentemente reconhecido como o Vale do Lítio do Brasil, até a conversão química do concentrado em sua planta industrial em Divisa Alegre (MG). Para enfrentar o desafio persistente da diluição, a CBL implementou a tecnologia de Separação por Sensores (SBS) da STEINERT.

A CBL abastece tanto o mercado interno quanto o internacional com produtos de lítio de alta pureza destinados às indústrias de baterias, cerâmica, vidro, farmacêutica e de lubrificantes. Comprometida com a inovação e a sustentabilidade, a empresa investe continuamente em tecnologia e melhoria de processos, posicionando-se entre os principais players de lítio na América Latina. Com o crescimento das atividades de mineração no Vale do Jequitinhonha, a região consolidou-se como um polo de exploração de pegmatitos portadores de espodumênio, atraindo novos projetos ano após ano. A CBL, no entanto, atua na região há mais de três décadas, sendo pioneira na extração e no beneficiamento de espodumênio no Brasil e, atualmente, a única empresa que converte concentrado em carbonato e hidróxido de lítio no país. A empresa mantém seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade, investindo constantemente em tecnologia e na melhoria de processos para permanecer como uma das principais produtoras de lítio da América Latina.

Desafio: Reduzir a Diluição para Otimizar a Concentração de Espodumênio

Desde o início das operações, um dos principais desafios da CBL tem sido a diluição do minério causada pela presença de xisto, a rocha hospedeira dos corpos de pegmatito. Essa diluição impacta diretamente a qualidade do concentrado final e reduz a eficiência das etapas subsequentes de processamento. Com a intensificação da concorrência no mercado de lítio e a eficiência operacional se tornando fator decisivo, encontrar soluções capazes de melhorar a seletividade, elevar a qualidade do produto e reduzir custos tornou-se essencial. Tradicionalmente, o beneficiamento de minérios de pegmatito portadores de lítio pode seguir diferentes rotas, sendo a flotação e a Separação em Meio Denso (DMS) as mais comuns. A flotação é utilizada principalmente para depósitos de granulação fina, explorando diferenças nas propriedades de superfície entre os minerais por meio de reagentes e aeração da polpa. Já a DMS é preferida para minérios de granulação mais grossa, como os da região de Araçuaí, baseando-se em diferenças de densidade para realizar a separação. Embora a DMS seja eficaz, seu desempenho é limitado pelo fato de o xisto possuir uma densidade muito próxima à do espodumênio, o que compromete a seletividade da separação. Nessas condições, a eficiência da planta fica restringida. No Vale do Lítio, operações de mineração tanto a céu aberto quanto subterrâneas enfrentam esse desafio persistente de diluição. As rotas de beneficiamento convencionais, que envolvem britagem, peneiramento e DMS, conseguem produzir um concentrado de espodumênio, mas não conseguem resolver totalmente o problema quando o xisto está presente em altas proporções. Essa limitação não apenas afeta o teor do concentrado, mas também aumenta o volume de material processado nas etapas subsequentes, com implicações diretas no consumo de energia, água e nos custos operacionais gerais.

Separação por Sensores para Remoção Antecipada de Xisto Antes do DMS

Para enfrentar o desafio persistente da diluição, a CBL implementou a Separação por Sensores, também conhecida como Ore Sorting, como uma etapa estratégica de pré-concentração, posicionada imediatamente após a britagem primária. Essa etapa tem como alvo a fração granulométrica de -100 +19 mm, que representa aproximadamente 70% do Run-of-Mine (ROM). O objetivo é remover o xisto de forma antecipada — tipicamente entre 5 a 20% do ROM, antes da etapa de Separação em Meio Denso (DMS), melhorando a qualidade da alimentação e a seletividade do processo. A instalação industrial opera com uma capacidade nominal de 100 t/h e é totalmente a seco, eliminando o uso de água e a necessidade de barragens de rejeitos. O sistema de classificação identifica e separa o material com base em propriedades físicas intrínsecas, como densidade atômica, cor da superfície, forma e brilho das partículas, permitindo a remoção do xisto do minério portador de espodumênio em tempo real e com alta precisão.

A unidade selecionada, STEINERT KSS | CLI XT, conta com um sensor primário de Transmissão por Raios X (XRT), apoiado por câmeras coloridas de alta resolução e scanners a laser 3D. Essa configuração multisensor detecta simultaneamente contrastes de densidade, texturas de superfície e geometria tridimensional das partículas, alcançando uma discriminação litológica precisa mesmo quando as diferenças de densidade são mínimas. Uma das principais vantagens da abordagem multisensor é a flexibilidade operacional. O sistema pode combinar múltiplos critérios de separação e ajustar a lógica de ejeção para acomodar a variabilidade litológica e as mudanças nas características do minério ao longo do tempo. Além disso, pode operar de forma eficiente em uma faixa granulométrica mais ampla, adaptando-se a variações no Run-of-Mine (ROM) e a mudanças na produção. Essa versatilidade e a facilidade de integração à planta existente foram fatores decisivos na seleção da tecnologia, especialmente considerando os planos da CBL de expandir a capacidade de produção tanto na mina quanto na planta química com investimentos adicionais mínimos. Adailton Almeida, Coordenador de Beneficiamento da CBL, afirma: “Ao remover o xisto após a etapa de britagem primária, ganhamos flexibilidade na separação da alimentação da DMS devido à densidade de outros minerais, já que o xisto possui densidade muito próxima à do espodumênio.”

Operação a Seco e Compromisso ESG: Redução do Impacto Ambiental e Uso Consciente dos Recursos Naturais

Desde sua entrada em operação, a instalação de Classificação por Sensores (SBS) tem proporcionado melhorias notáveis ao circuito de beneficiamento de espodumênio da CBL. A recuperação metalúrgica de lítio supera consistentemente os 90%, enquanto a corrente de rejeito apresenta, em média, apenas ~0,3% de Li₂O, evidenciando a precisão e a seletividade excepcionais do processo. A remoção de mais de 95% do xisto antes da etapa de DMS garante uma alimentação mais limpa e de maior teor, aumentando a eficiência da DMS, estabilizando o desempenho da planta e maximizando a recuperação global de lítio. Ao elevar a qualidade do concentrado e aprimorar a seletividade do processo, o Ore Sorter possibilita um uso mais eficiente do corpo mineral, expandindo as reservas economicamente viáveis e reduzindo os volumes de estéril. Trata-se de uma abordagem que não apenas gera valor técnico e econômico, mas também mitiga riscos regulatórios e sociais associados ao uso intensivo de recursos naturais.

De acordo com Priscila Esteves, PhD, Head do Departamento Técnico da STEINERT:
“O depósito da CBL é caracterizado por um pegmatito com cristais grandes, o que permite que alguns minerais sejam liberados logo após a britagem primária. Isso possibilitou a pré-concentração já nessa etapa, reduzindo o volume processado nas etapas subsequentes, resultando em menores custos operacionais e menor geração de finos de rejeito. Há também um efeito positivo na qualidade do material alimentado na DMS.” A experiência da CBL demonstra que tecnologias avançadas, como a Separação por Sensores (SBS), podem transformar estratégias operacionais. Mais do que uma ferramenta de beneficiamento, a SBS se tornou um pilar estratégico — impulsionando maior produtividade, reforçando o compromisso ambiental e garantindo a sustentabilidade e resiliência de longo prazo da operação.

Resultados, suporte técnico e visão do futuro

Após sua implementação em escala industrial, os resultados alcançados com a aplicação da tecnologia de Separação por Sensores (Sensor-Based Sorting) na planta da CBL consolidaram seu papel como parte fundamental do circuito de beneficiamento. A parceria com a STEINERT Latinoamericana vai além do fornecimento de equipamentos, abrangendo suporte técnico contínuo, monitoramento remoto, visitas periódicas e ajustes operacionais adaptados às demandas do processo, às variações da mina e às mudanças sazonais na operação. Esse modelo de colaboração técnica contínua é um dos pilares da evolução do projeto e sustenta a ambição da CBL de incorporar cada vez mais inteligência de processo em suas operações. A aplicação da tecnologia de sensores, combinada a uma operação robusta e responsiva, trouxe ganhos significativos em seletividade, produtividade e sustentabilidade, parâmetros essenciais para o posicionamento competitivo da empresa na atual cadeia global de suprimento de lítio. Mais do que uma atualização do circuito, a introdução do Ore Sorter reforça o compromisso da CBL com a mineração sustentável, um modelo de operação que combina responsabilidade ambiental, máxima recuperação mineral e a adoção de tecnologias de ponta. A parceria com a STEINERT continua sendo uma base sólida para o desenvolvimento contínuo, com expectativas de novos avanços em automação, monitoramento em tempo real e controle de processos, ampliando o impacto positivo dessa aplicação e possibilitando uma mineração cada vez mais limpa, segura e eficiente.

Com sua implementação em escala industrial, a Separação por Sensores (SBS) tornou-se um pilar do circuito de beneficiamento da CBL. A tecnologia trouxe ganhos de eficiência, mas o verdadeiro diferencial está na forma como a parceria com a STEINERT Latinoamericana foi construída: lado a lado, unindo expertise técnica, inovação e suporte. Mais do que o fornecimento de equipamentos, essa colaboração inclui assistência técnica diária, monitoramento remoto, visitas regulares em campo e ajustes operacionais adaptados não apenas às demandas do processo, mas também a desafios naturais, como a variabilidade geológica e as mudanças sazonais. Os resultados já são evidentes: ganhos significativos em seletividade, produtividade e sustentabilidade, fatores essenciais para manter a CBL competitiva no mercado global de lítio. Além disso, a operação totalmente a seco reforça o compromisso da empresa com práticas ambientais responsáveis. A parceria entre STEINERT e CBL não apenas moderniza o beneficiamento de lítio no Brasil, como também estabelece um novo patamar de colaboração no setor, impulsionado pela inovação e pela sustentabilidade.

STEINERT KSS | XT CLI remove o xisto de forma antecipada, de 5 a 20% do ROM, antes da Separação em Meio Denso Foto: STEINERT
CBL e STEINERT cooperam na pré-concentração de lítio Foto: STEINERT
Pilha de alimentação do Ore Sorter na planta da CBL
Foto: STEINERT

Vista da planta operacional da CBL, com o equipamento STEINERT KSS Foto: STEINERT
Resultado após a etapa de pré-concentração Foto: STEINERT

Contato de Mídia:

RUAN MORAIS – Marketing

T: +55 31 3372-7560; M: +55 31 99844-9690;  E: ruan.morais@steinert.com.br

Sobre a STEINERT

Com um legado de 135 anos, a STEINERT GmbH é uma empresa familiar sediada em Colônia, na Alemanha, e uma das líderes globais em soluções de classificação por sensores e separação magnética para os setores de mineração e reciclagem. A STEINERT Latinoamericana, subsidiária integral da STEINERT GmbH, está localizada em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, Brasil. Com uma equipe qualificada, laboratório de testes e suporte técnico local, a empresa é capaz de atender a todas as demandas da América Latina. Atualmente, possui equipamentos em operação no Brasil, Peru e Chile. Além de 50 parcerias comerciais e joint ventures em nível global, a STEINERT GmbH mantém subsidiárias na Alemanha, Austrália, Brasil e Estados Unidos. O Grupo conta com 550 colaboradores e gera uma receita anual de aproximadamente €200 milhões.

Mineração São Jorge: 49 anos de dedicação, fé e crescimento

Em 1975, nasceu um sonho. Eduardo Ruas decidiu trilhar seu próprio caminho e empreender no setor de mineração, em um momento em que a região carecia até do básico: não havia brita disponível. Foi preciso montar uma britagem do zero, enfrentando enormes desafios. Mas com persistência, fé e trabalho duro, o que parecia impossível se tornou realidade.

Quase cinco décadas depois, a Mineração São Jorge continua firme, sendo referência na produção de brita e agregados. Hoje, a empresa fornece de 40 a 50 mil toneladas por mês, atendendo a uma vasta região que inclui a Bahia, Piauí, Goiás e Tocantins, em um raio de até 500 km. O portfólio é completo: da pedra comercial ao pó de brita, brita 3/8, 3/4, 1”, 1 ½, 2” e muito mais, sempre com qualidade e disponibilidade em estoque.

Mas a história da São Jorge não é feita apenas de máquinas e pedras. É feita de pessoas. Muitos colaboradores dedicaram mais de 30 anos de suas vidas à empresa, formando uma verdadeira família. Alguns já se aposentaram, outros seguem firmes ao lado do fundador, que, prestes a completar 80 anos, ainda trabalha com paixão e entusiasmo.

O nome São Jorge tem um significado especial. Em um dos momentos mais difíceis, Eduardo recebeu de um amigo a oração ao santo guerreiro. A fé trouxe forças e abriu caminhos, tornando São Jorge um símbolo de proteção e inspiração para a empresa.

Mais do que fornecer brita, a Mineração São Jorge se consolidou como um pilar de desenvolvimento para São Desidério e toda a região. Sempre comprometida com clientes, colaboradores e com o meio ambiente, a empresa cresceu junto com o progresso local, carregando consigo a mesma essência de quando tudo começou: trabalho honesto, dedicação e a certeza de que com fé e esforço, é possível vencer qualquer desafio.

Terras raras: o “ouro invisível” da era digital – e os riscos que ninguém vê

Por Luciano Perry, Especialista em Mineração da Schmersal

As terras raras têm ganhado relevância estratégica no cenário global por seu papel essencial em tecnologias emergentes e na transição energética. Apesar do nome, esses elementos não são exatamente escassos, mas ocorrem em baixas concentrações em locais economicamente viáveis. Esses elementos, conhecidos como terras raras, incluem 15 da família dos lantanídeos — metais com propriedades magnéticas e ópticas —, além do ítrio, amplamente empregado em cerâmicas industriais, e do escândio, utilizado em ligas metálicas leves na indústria aeroespacial. São aplicados em equipamentos eletrônicos, motores, sistemas de energia, sensores industriais, turbinas eólicas, baterias e dispositivos médicos de alta precisão.

A crescente demanda por essas aplicações colocou as terras raras no centro das preocupações geopolíticas. Atualmente, a China responde por mais de 80% da produção e do refino global desses elementos, o que levou países como Estados Unidos, Japão e União Europeia a buscar fontes alternativas de fornecimento e reduzir a dependência de um único fornecedor. O Brasil surge como uma alternativa relevante, com reservas abundantes ainda pouco exploradas e um potencial geológico que atrai o interesse de especialistas, investidores e formuladores de políticas públicas.

A extração desses elementos, no entanto, impõe desafios específicos que vão além da logística e da infraestrutura. Ao contrário da mineração de ferro ou ouro, que frequentemente exige estruturas como barragens de rejeitos para conter os resíduos das extrações — e que ganharam destaque negativo em função de acidentes recentes —, a mineração de terras raras costuma ocorrer em minas a céu aberto, diretamente na superfície do solo. Ainda assim, os processos de separação e purificação exigem o uso de reagentes ácidos, solventes industriais e técnicas químicas severas, muitas vezes envolvendo minerais com potencial radioativo, como a monazita, que pode conter elementos como tório e urânio. Esses fatores geram situações de alto risco do ponto de vista da segurança, especialmente no longo prazo. Elementos radioativos exigem conhecimento técnico, controle rigoroso e protocolos específicos para manipulação, armazenamento e descarte seguro.

É amplamente reconhecido que os riscos mais críticos, em operações industriais, muitas vezes são aqueles que passam despercebidos. No caso da mineração de terras raras, isso se traduz em riscos associados à contaminação do solo, da água e do ar, assim como à exposição prolongada a agentes químicos e radioativos. A segurança ocupacional, ambiental e operacional depende de medidas estruturais: desde o projeto de instalações com barreiras físicas e sistemas de contenção adequados, até o monitoramento contínuo da qualidade ambiental, o controle de atmosferas internas, a rastreabilidade de efluentes e o tratamento eficiente dos resíduos gerados.

No Brasil, não há ainda uma norma específica voltada exclusivamente para mineração de terras raras. No entanto, existem regulamentações robustas que devem ser seguidas com rigor para garantir a segurança dos ecossistemas e das comunidades no entorno. A NR 22, por exemplo, estabelece diretrizes para segurança e saúde na mineração em geral, abrangendo riscos físicos, químicos e operacionais. Quando o processo envolve materiais radioativos, aplica-se também a norma CNEN NN 4.01, que regula atividades com substâncias como tório e urânio. A Resolução CONAMA 420 trata da qualidade do solo e da remediação de áreas contaminadas. Além disso, a Agência Nacional de Mineração (ANM) define condições e requisitos para o licenciamento ambiental e operacional de empreendimentos minerários. Em situações com risco de formação de atmosferas explosivas, especialmente em processos com solventes inflamáveis, é obrigatório o uso de equipamentos e sistemas certificados conforme a norma ABNT NBR IEC 60079.

A segurança deve estar presente em todas as etapas da operação: no projeto, na execução, na manutenção e no descomissionamento das instalações. Isso inclui o desenvolvimento de processos que minimizem a geração de resíduos perigosos, a adoção de tecnologias que reduzam o contato humano com materiais críticos, o investimento em sistemas de automação e a criação de protocolos eficazes para prevenção e resposta a emergências. Em um cenário onde a rastreabilidade, a sustentabilidade e a conformidade regulatória ganham protagonismo global, operar com responsabilidade é essencial não apenas para mitigar riscos, mas também para garantir a continuidade, a viabilidade econômica e a aceitação social dos empreendimentos minerários.

As terras raras têm papel fundamental tanto no xadrez geopolítico atual como na infraestrutura tecnológica do século XXI. Contudo, sua exploração deve ser conduzida com base em conhecimento técnico atualizado, observação da legislação aplicável e compromisso com a segurança em todas as suas dimensões. A forma como esses recursos naturais serão extraídos hoje determinará os impactos ambientais, sociais e econômicos que deixaremos para as próximas gerações.

CONHEÇA LUCIANO PERRY

Luciano Perry é especialista do segmento de mineração na Schmersal, contribuindo para a disseminação de soluções seguras e inovadoras para o setor. Com mais de 20 anos de experiência em multinacionais de grande porte dos setores automobilístico, logístico, siderúrgico e de mineração, possui sólida atuação na gestão e coordenação de projetos de melhoria contínua, redução de custos operacionais e otimização de indicadores de desempenho e produtividade em plantas industriais.

Além disso, acumula experiência em consultoria corporativa nas áreas operacional, de manutenção e qualidade para empresas de mineração, bem como em gestão de contratos imobiliários e no desenvolvimento de empreendimentos em parceria com investidores, construtoras e imobiliárias.

É pós-graduado em Engenharia Geotécnica e Geoambiental pelo Instituto Minere e possui especialização em Gestão de Projetos, com foco em logística, infraestrutura, mineração e melhoria de processos.

Inovação: Anglo American passa a contar com Centro de Operações Remotas no Minas-Rio

O Sistema Minas-Rio, empreendimento de minério de ferro premium da Anglo American no Brasil, conta desde o início de setembro com o Centro de Operações Remotas (COR). O novo espaço foi concebido para centralizar a operação e o monitoramento de equipamentos de mina. Inicialmente, o COR comandará, de forma remota, a operação de tratores de esteira teleoperados e perfuratrizes autônomas, com planos para incorporar outros equipamentos no futuro.

Resultado de um investimento de cerca de R$ 7 milhões da companhia, o centro de alta tecnologia representa um passo significativo na jornada de transformação digital da Anglo American, em busca de oferecer mais segurança ao ambiente operacional, impulsionar a inovação por meio da automação, e promover a integração em um único local para garantir sinergia entre as equipes.

A mudança também promove uma significativa capacitação profissional, favorecendo novas competências para a operação remota. Além disso, o COR abre portas para a inclusão, criando oportunidades para que pessoas com mobilidade reduzida possam desempenhar funções que antes exigiam deslocamento a locais de difícil acesso.

“O COR representa um avanço no programa Mina Moderna, iniciativa da Anglo American que busca aumentar performance, produtividade e segurança nas operações, utilizando tecnologias de ponta para tornar a mineração mais eficiente, segura e sustentável. Além disso, enfatiza que vemos a inovação como uma aliada do desenvolvimento de pessoas, já que o foco está na requalificação e no aproveitamento interno do nosso quadro de talentos, com a preparação de nossos empregados para as novas demandas do setor”, detalha Aurélio Garcia, gerente executivo de Operações de Mina.

SOBRE A ANGLO AMERICAN

A Anglo American é uma líder global em mineração, comprometida com a produção responsável de cobre, minério de ferro premium e nutrientes agrícolas – produtos essenciais para viabilizar o futuro, impulsionar a descarbonização da economia global, melhorar os padrões de vida e fortalecer a segurança alimentar. Nossas operações de classe mundial e recursos excepcionais nos proporcionam um portfólio robusto, com grande potencial de crescimento em todos os nossos três negócios. Essa combinação estratégica nos posiciona de maneira ideal para capturar as principais tendências de demanda, que se mostram estruturalmente atraentes a longo prazo.

Nossa abordagem integrada de sustentabilidade e inovação impulsiona nossa tomada de decisões em toda a cadeia de valor, desde como descobrimos novos recursos até como mineramos, processamos, movemos e comercializamos nossos produtos para nossos clientes – com segurança, eficiência e responsabilidade. Nosso Plano de Mineração Sustentável estabelece compromissos claros com metas abrangentes em diferentes horizontes de tempo, assegurando nossa contribuição para preservação de
um meio-ambiente saudável, a promoção de comunidades prósperas e o fortalecimento da confiança em nossa posição como líder corporativo. Trabalhamos em conjunto com nossos parceiros de negócios e diversas partes interessadas para gerar valor duradouro de recursos naturais preciosos para nossos acionistas, para o benefício das comunidades e países em que operamos e para a sociedade como um todo. A Anglo American está reimaginando a mineração para melhorar a vida das pessoas.

A Anglo American está atualmente implementando uma série de mudanças estruturais importantes para desbloquear o valor inerente ao seu portfólio e, assim, acelerar a entrega de suas prioridades estratégicas de excelência operacional, simplificação de portfólio e crescimento. Essa transformação do portfólio está focando a Anglo American em sua base de ativos de recursos de classe mundial em cobre, minério de ferro premium e nutrientes agrícolas – uma vez concluída a venda dos negócios de carvão metalúrgico e níquel, e a separação do nosso icônico negócio de diamantes (De Beers).

Uso de inteligência artificial em projetos ferroviários é destaque em evento global

A Vale acaba de receber distinção no cenário tecnológico internacional: a aprovação para apresentar seu trabalho no Rail Summit 2025, evento global com foco na transformação digital e no futuro da engenharia ferroviária. O projeto intitulado “Aplicação de Inteligência Artificial na Verificação de Projetos de Terraplenagem de Ferrovias” marca um avanço significativo na otimização de projetos ferroviários e evidencia a excelência técnica das equipes da Vale.

A solução desenvolvida integra inteligência artificial generativa com algoritmos clássicos de pesquisa operacional — como Dijkstra e Stepping Stone — para automatizar e otimizar a distribuição de terraplenagem em projetos ferroviários. Essa abordagem supera os métodos tradicionais ao permitir análises em poucas horas, o que levaria dias no método tradicional. O desafio central da terraplenagem envolve a definição das melhores rotas e volumes de transporte entre centros de origem (áreas de corte) e destino (áreas de aterro), considerando não apenas distâncias e custos, mas também segurança dos trabalhadores, prazos de execução e compatibilidade geotécnica dos materiais. Tradicionalmente, esse processo exigia análises manuais extensas e cálculos repetitivos, limitando a avaliação de alternativas.

Os resultados são expressivos: a metodologia reduziu em 75% o tempo de análise e proporcionou uma economia de 5% no esforço de transporte, respeitando rigorosamente parâmetros técnicos como CBR (California Bearing Ratio), módulo resiliente e coeficientes de expansão dos solos. A automação cobre todo o fluxo de trabalho — da extração de seções no AutoCAD Civil 3D à geração de aplicações web interativas para visualização dos resultados. Essa integração oferece aos analistas acesso imediato a análises complexas por meio de interfaces intuitivas, democratizando o uso de técnicas avançadas de otimização.

O diferencial técnico está na modelagem flexível e na simulação ágil de cenários em tempo real, com verificação automática da compatibilidade geotécnica entre materiais. Isso proporciona soluções não apenas economicamente eficientes, mas também tecnicamente seguras e viáveis. Outro avanço é a padronização automatizada de relatórios e documentação técnica, dando consistência nos resultados independentemente da equipe envolvida e elevando o padrão de qualidade dos projetos.

Reconhecido como um dos principais eventos tecnológicos do setor ferroviário, o Rail Summit 2025 reunirá especialistas, empresas e instituições de pesquisa de todo o mundo. A apresentação da Vale, marcada para 4 de novembro, posiciona a empresa como referência global em inovação aplicada à engenharia ferroviária.

De acordo com Cristian Lourenço, Gerente Geral de Engenharia da Vale, a participação no evento representa uma oportunidade estratégica para estabelecer parcerias e promover o intercâmbio de experiências com outros projetos de vanguarda. Desenvolvido de forma colaborativa por profissionais internos, o projeto é replicável e adaptável a diferentes contextos e setores.

Outra iniciativa, inicialmente aplicada à disciplina de Geometria, o protocolo automatizado contemplou parâmetros técnicos de curva horizontal, curva vertical e superelevação. A solução, que atua como
co-conferente digital, promoveu uma transformação significativa nos processos de análise: a produtividade da equipe de Engenharia aumentou em mais de 95%, e a qualidade das verificações evoluiu de amostral para completa, com maior assertividade e confiabilidade. O projeto também contribuiu para a redução de retrabalho, minimização de erros humanos e conflitos em campo, além de liberar a equipe para atividades analíticas e inovadoras.

Mais do que uma conquista técnica, a seleção para o Rail Summit simboliza a capacidade da Vale de transformar conhecimento em soluções práticas que geram valor real para seus projetos e para a sociedade. “Com essa participação, a empresa reafirma sua liderança tecnológica no setor ferroviário nacional e projeta a expertise de seus engenheiros para o cenário global, inspirando novas gerações a explorar o potencial transformador da inteligência artificial na infraestrutura de transportes”, afirma Cristian Lourenço.

RECONHECIMENTO LOCAL

No cenário nacional, dentro desse mesmo tema, a Vale também foi reconhecida nesse ano com o primeiro lugar na categoria “Contratante Privado” durante o BIM Fórum Conference 2025, realizado em maio, em São Paulo. A premiação, promovida pelo BIM Fórum Brasil, destaca as melhores práticas na aplicação da metodologia BIM (Building Information Modeling) no país, valorizando iniciativas que impulsionam a transformação digital no setor AECO (Arquitetura, Engenharia, Construção e Operações).

O case vencedor da Vale apresentou a aplicação integrada do BIM ao controle tecnológico no Complexo Mariana, especificamente na Barragem Campo Grande, em Minas Gerais. Desenvolvido ao longo de uma jornada iniciada em 2019, o projeto representa um marco na adoção de soluções digitais para aprimoramento da eficiência, qualidade e rastreabilidade em obras de infraestrutura.

“A conquista reforça o alinhamento da Vale com sua estratégia de transformação digital, promovendo a modernização de processos, o uso de tecnologias inovadoras e o fortalecimento de redes colaborativas. A participação no evento também evidencia o compromisso da empresa com a excelência operacional e a adoção de práticas sustentáveis e eficientes”, reforça o diretor de Projetos de Descaracterização de Barragens, Douglas Carvalho.

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“Esse conjunto de iniciativas vem consolidando as metodologias BIM, AWP e LPS como pilares estratégicos de gestão dos Projetos da Vale, reafirmando o compromisso da empresa com a inovação, a excelência técnica e a transformação digital no setor mineral”, é o que explica o diretor de Projetos Serra Sul da Vale, Heuser Hortmann. De acordo com o gestor, a maturidade e disciplina na aplicação de metodologias como BIM, AWP e LPS nas fases de desenvolvimento influenciam na execução das atividades na fase de construção de três maneiras: Planejamento visual com modelos 3D/4D: o uso de BIM integrado a ferramentas de planejamento permite visualizar o cronograma e o progresso físico simultaneamente. Planejamento orientado à prontidão: a maturidade no uso dessas metodologias garante que as atividades sejam executadas com os recursos certos, no momento certo, evitando atrasos e desperdícios. BIM como base técnica confiável: quando bem implementado, o BIM fornece modelos precisos que alimentam os pacotes de trabalho do AWP. LPS como suporte a rotina: rotinas bem estabelecidas para gerenciamento do plano de implantação, mapeamento e eliminação de restrições, programação semanal, check diário de performance.