A hora é de superação

José Mendo Mizael de Souza*
mendodesouza@jmendo.com.br

Desafios não nos faltam.

A Exame (Edição 1094), em sua capa, alerta: “Prepare-se: a crise vai ser longa” e acrescenta: “A crise não para de piorar. A previsão de queda no PIB deste ano (2015) já chega a 2,5% – com mais recessão em 2016. O crescimento, quando voltar, será baixo”.

Por seu turno, André Lara Resende, no “Valor Eu & Fim de Semana”, abre seu artigo “Corrupção e Capital cívico”, enfatizando que “A extração e a profundidade da corrupção no Brasil atual causam perplexidade até aos mais calejados observadores, sempre fomos complacentes em relação às pequenas transgressões, sempre houve corrupção, aqui como em toda parte […]. A gravidade da (nossa) situação paralisa a política e a economia”.

O desafio de “desatar o nó” da situação política também não é pequeno: quando, em apenas 6 (seis) meses de segundo mandato, o principal título da primeira página da Folha de São Paulo é “Dilma passa a ser mais impopular, diz Datafolha: Reprovação de petista supera a de Collor pré-impeachment e é a maior da série histórica do Instituto, iniciada em 87”, o fato é que temos uma Presidente com enorme desafio a ser superado.

Daí a conclusão da Exame: “É bom se preparar”.

E exatamente aí temos um ponto positivo do cenário acima: a Mineração está preparada – claro que à custa de fortes ajustes – para a retomada, tão logo esta nossa situação apresente rumos e tendências de melhorias.

Olhando a médio e longo prazo, não se vislumbra nenhuma razão de o nosso País não vir a deslanchar, evidentemente desde que nos capacitemos mais em Educação (Capital Humano) e abandonemos posturas arcaicas (ideológicas?) em nosso modo de enfrentar os nossos desafios.

E temos excelentes casos de sucesso aqui mesmo entre nós, do qual é um excelente exemplo a empresa catarinense de motores WEG, a “Empresa do Ano” da “Exame Maiores & Melhores 2015”, que, fundada em 1961 pelo eletricista Werner Voigt, o administrador Eggon da Silva e o mecânico Geraldo Werninghaus, chega hoje (2015) com números absolutamente sensacionais, tais como, 32.000 funcionários, receita líquida de US$ 2,7 bilhões, tendo crescido sua receita 42% nos últimos cinco anos, registrando presença global em 17 países, fábricas em 11 deles e vendendo para os 5 continentes, bem como com um Plano para, até 2020, ter receitas que superem 20 bilhões de reais, ao tempo em que entra no negócio de equipamentos para a geração de energia eólica”.

E quantas crises viveu a Weg neste período e não só sobreviveu a todas elas, como cresceu e internacionalizou-se?

Quanto à Mineração, nesta mesma Edição da “Exame Maiores & Melhores 2015”, a Samarco, a “Melhor da Mineração”, conforme bem destaca a citada Revista, “Em um ano de preço do minério de ferro em baixa, a Samarco lucrou mais de 1 bilhão de dólares. Sua cartilha: controle rígido dos custos e gestão focada na preservação dos clientes”. Daí decorre, naturalmente, nossa principal agenda, a meu ver, para a qual temos de estar atentos e trabalharmos local, regional e nacionalmente, para, em especial, contribuirmos para que venhamos, enquanto País, resolver o gargalo dramático da Infraestrutura: ou, como enfatiza o Valor, vencer o desafio de tirar do papel obras no valor de R$ 198,4 bilhões.

*Engenheiro de Minas e Metalurgista, EEUFMG, 1961. Ex-Aluno Honorário da Escola de Minas de Ouro Preto. Presidente da J.Mendo Consultoria Ltda. Fundador e Presidente do Ceamin – Centro de Estudos Avançados em Mineração. Vice-Presidente da ACMinas – Associação Comercial e Empresarial de Minas e Presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da Entidade. Coordenador, como Diretor do BDMG, em 1976, da fundação do Instituto Brasileiro de Mineração – bram. Como representante do Ibram, um dos 3 fundadores da Adimb – Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira. Ex-Conselheiro do Cetem – Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Fonte: Revista Minérios & Minerales