Troca de peneiras recupera desempenho do circuito CIL na planta de Apoena, no MT

Troca de peneiras recupera desempenho do circuito CIL na planta de Apoena, no MT

Mineradora focada no desenvolvimento e operação de projetos de ouro, cobre e metais básicos e preciosos nas Américas, a Aura Minerals registrou tendência de redução na recuperação metalúrgica entre o período de 2020 e 2024 na unidade de Apoena, localizada no interior do Mato Grosso. Os resultados inferiores ao budget de 93,5% motivaram o desenvolvimento de uma avaliação mais robusta do circuito de lixiviação.

A recuperação metalúrgica é um daos indicadores que requer maior atenção em operações de beneficiamento de ouro. Em 2020, Apoena alcançou recuperação média de 93,8%, resultado que se manteve próximo em 2021.Foram sendo registradas quedas nos percentuais nos anos seguintes até a redução de 3,1% em 2024 quando comparado ao valor máximo atingido em 2020. Estima-se que a não aderência ao budget entre 2022 e 2024 reduziu em 2.518 Oz a produção da unidade.

Com base no estudo desenvolvido foi identificado que as peneiras interestágio da CIL não atendiam a atual produtividade da unidade, o que motivou a troca de todos os equipamentos do circuito. No primeiro trimestre após a implantação das novas peneiras observou-se o aumento médio de 5,8% na recuperação em relação ao último quarter de 2024, resultado que incrementou em cerca de 166 Oz a produção da Aura Apoena, cujas minas estão localizadas no Mato Grosso.

A usina de beneficiamento de Apoena é composta por uma etapa de britagem, moagem SAG, classificação, espessamento, CIL, dessorção e eletro recuperação, Figura 2. Inicialmente o projeto da unidade foi concebido com base na produtividade média de 150 t/h. Nesse contexto, a vazão alimentada na CIL era próxima de 193 m³/h com tempo de residência no circuito, composto por 07 tanques em série, de 20 horas. Contudo, ao longo dos anos a produtividade média da unidade apresentou aumento atingindo a marca de 220 t/h, o que fez com que a vazão encaminhada para o CIL fosse de 284 m³/h, representando um aumento de 46%.

No projeto a alimentação do circuito foi concebida para ocorrem em regime de cascata e zigue-zague, contudo, para compensar a redução no tempo de residência foi adotada a estratégia de alimentação do circuito em paralelo, onde o primeiro tanque recebia a alimentação e distribuía para duas linhas independentes, par e ímpar. Apesar disso, a alteração no fluxo de distribuição do sistema não foi suficiente para garantir que a recuperação metalúrgica retornasse ao seu valor de referência.

MANUTENÇÃO DO PERFIL IDEAL DE CARVÃO

Avaliações em campo foram efetuadas onde observou-se visualmente a passagem de polpa e carvão sobre as peneiras, resultado que era corroborado pela grande variabilidade dos resultados das amostragens de concentração de carvão em todos os tanques entre os turnos e pela presença contínua de carvão na peneira de segurança. A dificuldade de manutenção do perfil ideal de carvão no circuito era, em partes, compensada pela transferência contínua de carvão através do sistema de bombeamento contracorrente. Contudo, o bombeamento contínuo promovia o desgaste acelerado do carvão, gerando maior recorrência de finos que impactavam diretamente no teor de rejeito sólido amostrado após a saída da polpa do circuito de lixiviação. Além disso, o teor de rejeito solúvel também era diretamente influenciado pela distribuição inadequada de carvão entre os tanques.

Por meio de avalições técnicas das especificações dos equipamentos do circuito, a equipe de processos de Apoena identificou que as peneiras interestágio dimensionadas no projeto original não atendiam a operação, considerando a nova taxa de produção. As peneiras em questão possuíam área de peneiramento de 4,5 m², abertura da tela de 0,8 mm ou 1,1 mm e não possuiam sistema de bombeamento, dimensionamento que atendia a antiga condição de 193 m³/h de alimentação.

Considerando o cenário exposto foram realizadas avaliações juntamente a fornecedores e então realizado o dimensionamento de um novo modelo de peneira interestágio para substituição do equipamento adotado na concepção do projeto de Apoena. A análise identificou que para atender a nova demanda da empresa, a área de peneiramento deveria ser de 6,0 m² mantendo-se a abertura de 0,8 mm devido a granulometria do carvão adicionado, 8 x 16 mesh. Além disso, identificou-se também que novo modelo deveria possuir também sistema de bombeamento interno da polpa. Dessa forma, foi realizada a aquisição de oito novas peneiras para os tanques do circuito de lixiviação.

Em janeiro de 2025 foi finalizada a instalação das novas peneiras interestágio no circuito de lixiviação de Apoena. Conforme os resultados apresentados na Figura 3 no primeiro quarter de 2025 a recuperação metalúrgica foi de 95,6%, resultado 2,2% acima do budget e 5,8% superior ao resultado obtido no último quarter de 2024. A recuperação acima do orçado aumentou em cerca de 166 Oz a produção do primeiro trimestre de 2025, gerando a receita aproximada de R$ 2,52 milhões de reais.

Outro ganho obtido com a alteração foi a redução no consumo de carvão ativado, Figura 4. O consumo específico médio em 2024 foi de 66 g/t, valor que apresentou redução de 55 % no primeiro quarter de 2025, alcançando 30 g/t. Em termos financeiros a redução no período representou a economia de R$ 150.412,00. Esse resultado pode ser associado ao menor desgaste do carvão devido a redução da necessidade de movimentação pela melhora na capacidade de retenção nos tanques. Além disso, foi possível estabelecer o cronograma de movimentação das bombas de transferência de tal forma que não fossem observadas variações bruscas e fora do especificado na concentração de carvão entre os turnos, o que contribuiu diretamente para melhor controle do teor de ouro no rejeito solúvel. Ademais, em campo é notável a drástica redução na presença de carvão ativado na peneira de segurança.

Além disso, considerando que o CAPEX envolvido no projeto foi de aproximadamente R$ 4,3 milhões é estimado que o payback do investimento realizado irá ocorrer em meados de agosto, cerca de oito meses após a implantação dos novos equipamentos.