“Não há nada como o Riino no mercado de mineração ou, de fato, em qualquer outro setor”, disse Aaron Lambert, presidente e CEO da Riino, em entrevista à revista IM-International Mining, parceira editorial global da revista Minérios&Minerales.
Vale a pena desvendar esse conceito, o que Lambert fez ao assimilar as influências industriais que resultaram no conceito do monotrilho de emissão zero que ele agora procura transformar em realidade, para fins de transporte na mineração subterrânea e a céu aberto.
“O conceito veio da minha experiência anterior em mineração e uso de diferentes tecnologias”, diz ele, referindo-se a passagens em minas subterrâneas na Bacia de Sudbury, no Canadá, como empreiteiro e um período com outra empresa inovadora de transporte ferroviário que o viu ajudar a projetar e instalar três sistemas de mineração sobre trilhos.
“Muitas das coisas que incorporei neste projeto vêm de monotrilhos”, disse ele. “A estrutura do trilho é muito semelhante a um projeto de montanha-russa; também incorpora componentes de um sistema de metrô; e o elemento do trilho também é muito modular– é pré-fabricado e aparafusado na montagem.”
O ponto de referência óbvio que as empresas de mineração procurarão ao avaliar o Riino é o sistema Railveyor – que é composto por um trem leve sobre trilhos impulsionado por estações de acionamento fixas. Os dois têm aplicações em mineração subterrânea e a céu aberto, mas Lambert faz questão de ressaltar a singularidade das duas tecnologias em oposição às suas semelhanças.
“As únicas semelhanças reais entre Riino e Railveyor são o fato de que os dois sistemas alongam o compartimento da carga útil com um perfil baixo e ambos correm sobre trilhos que podem superar rampas.”

A semelhança com os trens de monotrilho vem na disposição de cada locomotiva Riino –várias podem ser utilizadas formando um sistema – com motores internos montados no trem. Esse aspecto, de acordo com Lambert, permite que a empresa aplique uma grande variedade de potência de transmissão em todo o sistema. Também permite adicionar ou remover locomotivas de acordo com as rampas navegadas ou a carga útil transportada, sem comprometer a potência exigida.
A analogia com a montanha-russa refere-se à maneira como as rodas possuem total fixação aos trilhos – por meio de rodas de suporte de carga, fixação lateral e subfixação. Isso elimina o risco de descarrilamento do trem, de acordo com Lambert, evitando possíveis danos ao sistema, bem como o tempo de paralização em casos de acidente.
A inclusão de um barramento capaz de fornecer 750 V de energia CC é inspirada do metrô. “Ele também possui baterias auxiliares a bordo”, explicou Lambert. “Isso significa que você elimina uma quantidade significativa de infraestrutura elétrica – você não está passando cabos de energia para cada motor de acionamento, adicionando subestações, etc. “
O Riino precisa atender uma lista de 50 critérios com os quais Lambert começou no início do processo de P&D. A lista foi projetada para fornecer uma solução que mudará fundamentalmente a eficiência e a produtividade associadas ao transporte, fazendo com que as empresas de mineração parassem para pensar– antes de simplesmente adicionar mais veículos com pneus a cada novo projeto de transporte nas minas.
Embora o objetivo seja “mudar a maneira como mineramos”, o design reflete as realidades da infraestrutura que os mineradores já possuem no local. Os requisitos de energia são baseados nas especificações existentes nas minas a céu aberto e subterrâneas, e os números de carga útil padrão de 120 t (18%) ou 400 t citados se encaixam em muitos perfis de mina subterrânea ou a céu aberto existentes.
A empresa sediada em Sudbury no Canadá também pode adaptar a solução às especificações do cliente, graças à modularidade do sistema. No entanto, Lambert está tentando ‘andar antes que possa correr’ com a tecnologia, reconhecendo que a proposta de Riino exigirá um novo pensamento do setor de mineração que é historicamente conservador.
“A maioria dos caminhões subterrâneos são de 30 a 60 t e, na superfície, de 100 a 400 t”, disse ele. “Eu queria chegar a um design que pudesse ser dimensionado para cima e para baixo com uma configuração padrão. “Concluí um estudo de viabilidade onde podemos transportar 120 t em uma estrada com rampa padrão de 18% de inclinação; conhecemos a velocidade e o consumo de energia associados a isso e sabemos que podemos conectar o sistema à infraestrutura de energia existente da mina e colocá-lo em funcionamento imediatamente.”
A largura da estrada necessária para o Riino é de apenas 1,8 m, enquanto o raio mínimo de curva é de 7,6 m. Oferecendo velocidades de até 80 km/h, o Riino pode transportar material até o tamanho de 700 mm.
Lambert vem trabalhando no Riino há vários anos, com o plano inicial de produzir um sistema que seja eficiente tanto em capex quanto em opex. Os principais números associados a isso são uma redução de 50% nos custos de capital em comparação com os sistemas “concorrentes” e um corte de 50 a 80% nos custos operacionais de transporte.
Com o passar do tempo, o elemento de emissão zero criou mais um ponto de venda, incentivando as empresas de mineração a considerar Riino ao lado de uma série de outras alternativas de transporte ‘verdes’ comparada à frota padrão de caminhões e escavadeiras movidas a diesel.
A empresa recentemente se uniu ao Canada Mining Innovation Council (CMIC) dentro de seu projeto Surface Mining Alternative Haulage para colaborar e co-desenvolver a tecnologia. Isso pode resultar em um protótipo em escala real, capaz de demonstrar as credenciais da tecnologia em local de teste próximo a Sudbury. Até este ponto, um consórcio de empresas, incluindo duas mineradoras, concordou em princípio em apoiar o projeto alinhado ao CMIC.
Trevor Kelly, gerente de inovação da CMIC, disse que “o projeto Riino despertou interesse significativo da indústria. O CMIC continua a divulgar esta oportunidade de projeto colaborativo, tanto dentro quanto fora de nossos membros do CMIC. Sentimos que esta é uma grande oportunidade para outros aprenderem mais sobre Riino e compartilhar os custos e colher os frutos daqui para frente.”
Lambert diz que o projeto apoiado pelo CMIC – que verá o projeto final do sistema concluído, com um protótipo em escala real fabricado e posto em demonstração – pode durar 24 meses e resultar em testes operacionais em uma mina de um dos membros do consórcio.
“O conceito original do Riino é mudar o projeto da mina e mudar a maneira como mineramos”, disse Lambert. “A mineração evoluiu nos últimos cem anos: de cavalos puxando carroças no subsolo, a operar locomotivas no subsolo, que num dado momento se transformou no equipamento com pneus. É hora de repensar esse processo.”

