Na disputa: Mota-Engil negocia possível compra da Bamin no Brasil

Na disputa: Mota-Engil negocia possível compra da Bamin no Brasil

Com projetos de mineração de ferro, ferrovia e um porto, a Bamin no Brasil é o pacote completo que vem sendo alvo de interesse e disputa entre grandes empresas e, ao que tudo indica, também da portuguesa Mota-Engil. A companhia que tem como principal sócia a China Communications Construction Company (CCCC), estaria negociando a aquisição da Bamin no Brasil, que é controlada pela Eurasian Resources Group (ERG), principais produtores de recursos naturais.

Com mais de 20 anos na área de mineração, a empresa tem um portfólio de ativos de produção e projetos de desenvolvimento em 14 países, cruzando quatro continentes e empregando cerca de 75 mil pessoas. No Brasil, a companhia detém a Mina Pedra de Ferro, um projeto integrado que pretende produzir 26 milhões de toneladas de minério de ferro por ano; a concessão da Ferrovia de Integração Oeste- Leste (Fiol) na Bahia, que quando concluída terá capacidade de 60 milhões de toneladas e planos de construir um porto multiuso em Ilhéus com capacidade de 40 milhões de toneladas. Todo o projeto deve demandar mais de R$ 30 bilhões em investimentos.

A notícia sobre a possível aquisição pela Mota-Engil foi divulgada nesta quarta-feira, dia 17, pelo jornal Valor Econômico e site BNAméricas com fontes não identificadas. Procurada pela revista O Empreiteiro, a Bamin foi sucinta, e disse que “não comenta especulações de mercado”.

A Bamin conquistou a concessão do trecho 1 da Fiol em 2021, tendo sido a única interessada no leilão do governo federal. Mas as obras do empreendimento, que conectaria Caetité a Ilhéus, não saíram do papel até hoje. Representantes da Bamin têm dado declarações atribuindo os descumprimentos contratuais aos efeitos econômicos da guerra da Ucrânia sobre a ERG.

Antes da Mota-Engil, a Vale em parceria com o BNDESPar (braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES) e a Cedro Participações foi uma das citadas em negociações para compra da Bamin. Além da produtora de ferro, a Brazil Iron também chegou a apresentar proposta à Eurasian Resources Group (ERG), e a Rumo, da Cosan, também chegou a ter um memorando firmado para estudar o projeto, porém, a ideia não foi adiante, segundo informações do Valor.

Maior projeto integrado no Brasil

Considerado um dos maiores projetos de infraestrutura em andamento no Brasil, conheça o corredor logístico integrado da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), a Mina Pedra de Ferro em Caetité (BA) e o Porto Sul em Ilhéus (BA).

Mina pedra de ferro – Representa o mais importante projeto de mineração de ferro em desenvolvimento na Bahia. Em seu planejamento, a Mina inclui extração e beneficiamento de minério e soluções logísticas que envolvem transporte ferroviário e marítimo. A Mina Pedra de Ferro possui minério de qualidade premium, com alto teor de pureza (65,5% Fe DSO e 68,5% DRPF). A capacidade produtiva atual é de até 2 milhões de toneladas por ano, com o processamento a seco da hematita, que não gera rejeitos e não utiliza água durante o processo. A BAMIN divulgou que investirá em processo de filtragem de rejeitos e empilhamento a seco, conhecido como Dry Stacking, que vai eliminar a necessidade de uso de barragens para a disposição dos rejeitos.

Ferrovia FIOL – São três trechos da Ferrovia de Integração Oeste-Leste que farão ligação da cidade de Ilhéus (BA) a Figueirópolis (TO), totalizando uma distância de 1.527 km. O Trecho 1, de 537 km, foi objeto de leilão. A BAMIN assinou o contrato de concessão (35 anos) com o Governo Federal, em setembro de 2021. A FIOL I será construída em bitola larga (1,60 m) e passará por 19 municípios e deve movimentar até 60 milhões de toneladas por ano; 60% dessa capacidade será disponibilizada para outras mineradoras, agronegócio e demais setores. Esse trecho será um corredor logístico de integração, contribuindo para a competitividade da Bahia e de estados vizinhos; já é um dos maiores projetos de infraestrutura em estudos no Brasil e o Ministério de Infraestrutura prevê que ele irá gerar 55 mil empregos diretos e indiretos. O Trecho 2 irá de Caetité a Barreiras (485 km) e o Trecho 3, de Barreiras a Figueirópolis (505 km). Ambos estão sob administração do Governo Federal.

Porto Sul –A BAMIN é responsável pela construção do Terminal de Uso Privado (TUP BAMIN) autorizado pela ANTAQ a ser executado e operado dentro do complexo portuário Porto Sul. O TUP BAMIN – Porto Sul terá capacidade para movimentar até 42 milhões de toneladas anuais de graneis sólidos, podendo receber navios com até 250 mil toneladas de porte bruto (DWT). A BAMIN utilizará 60% da capacidade do TUP BAMIN e os outros 40% serão abertos a terceiros, criando oportunidades para exportadores do agronegócio, mineração e indústria. Já foram executadas as principais estruturas de acesso terrestre e marítimo, que abrangem o desvio da BA-001, a Ponte sobre o Rio Almada, o viaduto sobre a BA-648, o caminho de serviço Sul, acessos BA-262B e BA-262A, a interseção da BA-262 (eixos 1 e 2) e a abertura da pedreira Aninga.

Apresentação do projeto em vídeo

A Bamin apresentou à revista O Empreiteiro durante o Fórum Infra, em 2023, o projeto integrado da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), a Mina Pedra de Ferro em Caetité (BA) e o Porto Sul em Ilhéus (BA). Na palestra, Alberto Vieira, diretor de Implantação de Projetos da BAMIN, e Felipe Heiderik, diretor de Suprimentos da BAMIN, falaram da ferrovia FIOL em Ilhéus, na Bahia e o impacto do projeto na região. Confira a palestra sobre o projeto na íntegra no canal do Youtube da revista OE neste link.