Automação na filtragem de rejeitos: como a Itaminas digitalizou o processo

A filtragem de rejeitos é uma das etapas mais sensíveis do beneficiamento mineral, com impacto direto em custos operacionais, segurança, consumo de água e estabilidade do processo. No Complexo de Filtragem da Itaminas, em Sarzedo (MG), a resposta para esses desafios veio por meio de uma transformação digital completa da área, baseada em automação, instrumentação e monitoramento em tempo real.

O projeto, inscrito no 27º Prêmio de Excelência da Indústria Minerometalúrgica 2025, mostra como a integração de sensores, densímetros radioativos, supervisório e dashboards operacionais permitiu elevar o controle do processo, reduzir falhas e gerar ganhos financeiros expressivos.

O desafio: instabilidade, consumo elevado e desgaste

Antes da modernização, a operação enfrentava gargalos típicos de plantas de filtragem de rejeitos:

  • Alta variabilidade na densidade da polpa;
  • Consumo elevado de floculantes e lonas filtrantes;
  • Trocas frequentes de tecidos;
  • Umidade média do rejeito em torno de 20%;
  • Intervenções manuais constantes para ajuste de parâmetros;
  • Baixa previsibilidade de falhas.

Esses fatores impactavam diretamente o OPEX e aumentavam o risco operacional.

A virada: instrumentação e controle em tempo real

A estratégia adotada pela Itaminas foi clara: transformar a filtragem em um processo totalmente controlado por dados. Para isso, a empresa implantou um conjunto integrado de soluções tecnológicas:

Instrumentação crítica

  • Densímetros radioativos instalados nos espessadores, garantindo controle contínuo da densidade da polpa;
  • Medidores automáticos de interface, permitindo ajustes precisos entre sólido e líquido;
  • Sensores de umidade nas correias, assegurando a qualidade do material filtrado;
  • Sensores distribuídos em todo o complexo para monitoramento e prevenção de falhas.

Controle operacional

  • Válvulas proporcionais no underflow dos espessadores, viabilizando ajustes finos de vazão;
  • Peneiramento diário do material, eliminando partículas fora da granulometria ideal;
  • Padronização de ciclos de lavagem dos filtros.

Digitalização do processo

  • Supervisório integrado, centralizando dados de densidade, vazão, umidade e desempenho;
  • Dashboards operacionais, permitindo decisões em tempo real pela equipe de produção;
  • Área de filtragem 100% automatizada, reduzindo intervenções manuais e variabilidade.

Resultados práticos: estabilidade, eficiência e economia

A automação total do complexo trouxe ganhos mensuráveis:

  • Redução da umidade do rejeito para 17%;
  • Aumento da vida útil dos tecidos para até 15 mil ciclos;
  • Recuperação de 39 mil m³ de água, reforçando a eficiência hídrica;
  • Redução significativa do consumo de floculantes;
  • Economia anual de R$ 2,5 milhões em insumos, mantendo o mesmo nível de produção.

Além dos números, o principal ganho foi a estabilidade do processo, com menos paradas, maior previsibilidade e controle fino das variáveis críticas.

Mais do que tecnologia: mudança de cultura operacional

O projeto não se limitou à instalação de equipamentos. Houve também um avanço na maturidade operacional da equipe, que passou a:

  • Trabalhar com indicadores em tempo real;
  • Antecipar falhas antes que impactassem a produção;
  • Padronizar decisões com base em dados, e não em ajustes empíricos;
  • Integrar automação, manutenção e operação em um mesmo fluxo de informação.

Esse conjunto de fatores transformou o Complexo de Filtragem da Itaminas em referência em filtragem de rejeitos no setor.

Um modelo replicável para outras operações

O case demonstra que a digitalização da filtragem não exige, necessariamente, grandes expansões de capacidade, mas sim uso inteligente de instrumentação, automação e dados.
Trata-se de um modelo replicável para operações que buscam:

  • Reduzir OPEX;
  • Aumentar confiabilidade;
  • Melhorar indicadores ambientais;
  • Ganhar controle operacional sem elevar riscos.

Projetos como o da Itaminas mostram como melhorias operacionais bem estruturadas geram ganhos reais para a mineração brasileira.

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