Triplo Zero: transformação cultural altera os fatores humanos

Triplo Zero: transformação cultural altera os fatores humanos

A Mineração Taboca, empresa fundada em 1969, é uma das poucas empresas ativas no mercado mundial a possuir mina própria (Pitinga), localizada na Região Amazônica, no município de Presidente Figueiredo. A empresa atua na pesquisa, mineração e comercialização de estanho, nióbio e tântalo. Além da unidade do Amazonas, a mineradora conta também com a unidade metalúrgica em Pirapora do Bom Jesus, São Paulo, onde é produzido o estanho refinado, com 99,9% de pureza. A empresa faz parte da Divisão de Mineração do grupo empresarial peruano Breca, que tem mais de 130 anos de história, potencializando o progresso, protegendo o entorno e construindo o futuro.

Em sua unidade metalúrgica de estanho em Pirapora, recentemente atingiu um recorde histórico de 2 milhões de horas sem acidentes, marco extremamente importante frente aos desafios encontrados e superados nos últimos anos.

“Quando assumi a gestão da unidade de Pirapora de Bom Jesus da Mineração Taboca, em 2018, um dos maiores desafios era levar a empresa para um outro patamar de segurança. Foi quando começamos a fazer um trabalho intenso para melhorar as condições da planta, eliminar riscos, melhorar a condição física dos locais de trabalho, investir em treinamentos obrigatórios, estabelecer uma política eficaz de gestão de consequências, conversar com as pessoas sobre os riscos e buscar soluções para diminuir os acidentes de trabalho”, explica o diretor de Fundições da Mineração Taboca, Eduardo Orban.

Para Orban, não existe nada que justifique produção recorde e cumprimento de custos, se for para alguém ter que voltar para casa machucado ou não voltar para casa. “Já tive experiências negativas no passado e prometi que nunca mais na vida iria passar por isso novamente”, disse. “Hoje, é raro eu falar de produção com a equipe. Eu falo de segurança, condições de trabalho, sobre as pessoas, que é o que realmente importa”, completa.

Mesmo com todas as iniciativas implementadas, a empresa notou que faltava algo, já que alguns acidentes (mesmo que pequenos) continuavam acontecendo, as pessoas continuavam a cometer erros, mesmo poucos dias após determinados treinamentos ou campanhas acontecerem. “O que separa um acidente fatal de um não fatal muitas vezes é a sorte. E a sorte não está aqui toda hora. Já visitei uma infinidade de indústrias na minha vida e percebi que se você coloca a segurança como prioridade, todo o resto vem como consequência: sua performance é melhor, gestão de custo, produtividade”, afirma.

Dessa forma, a empresa criou uma série de atividades práticas que fomentam a mentalidade dos empregados e com isso conseguiu atingir um resultado adequado em segurança. A estrutura do trabalho foi dividida em 3 pilares básicos: mudanças organizacionais, melhoria estrutural básica para os empregados e depois a busca por um programa comportamental para conseguir sanar todos os problemas levantados. Criou-se um solo fértil para posteriormente entrar com um programa

comportamental de mercado , mas antes disso teve um trabalho muito robusto de melhoria na planta física , de clima organizacional e que envolveu uma série de disciplinas para melhorar a segurança de fato. Após diversas ações avaliadas na área de segurança, a Taboca percebeu como mais assertivo o SafeStart, um programa de conscientização de segurança implementado em mais de 3.500 empresas, em mais de 60 países, totalizando mais de quatro milhões de colaboradores treinados.

O objetivo do treinamento é desenvolver habilidades específicas para reduzir os erros, lesões e incidentes que acontecem diariamente, dentro ou fora do trabalho, tratando os fatores comportamentais envolvidos. “Neste trabalho intitulado como Triplo Zero: gerenciando os fatores humanos, a ideia foi mostrar como chegamos no critério do ICMM, Conselho Internacional de Mineração e Metais, usando a solução dos fatores humanos como tema central para atingir o nível de segurança adequado na nossa empresa. E o triplo zero é o resultado disso. Esse programa veio como a cereja do bolo, para que a gente conseguisse melhorar os fatores humanos na fábrica. Após a implementação, a gente percebe a mudança que ele faz na mentalidade das pessoas, fazendo com que a tomada de decisão de segurança consiga ser mais consciente e assertiva ”, aponta Mário Augusto da Silva, um dos autores do projeto.

Em 2022, a unidade alcançou a marca histórica de 2 milhões de horas sem acidentes. Em setembro do mesmo ano, comemorou 3 anos sem acidentes com lesões registráveis (sem afastamento). “Viramos uma referência, porque estamos mudando a cultura das pessoas de se preocuparem com sua segurança e dos outros, antes de se preocuparem com a produção”, palavras de Eduardo Orban. E completa, “ainda existe um longo caminho a percorrer”.

A experiência demonstra como a integração entre liderança ativa, cultura organizacional, comunicação eficaz e engajamento dos empregados resultou em mudanças sustentáveis no comportamento de risco.

A estrutura do projeto foi baseada no engajamento da liderança, a criatividade nas ações e o fomento contínuo à cultura de segurança.

O resultado foi uma transformação cultural que não apenas reduziu indicadores negativos, mas consolidou um ambiente de trabalho mais seguro, resiliente e centrado no ser humano.