Mulheres na mineração: Avanços, desafios e o papel da diversidade no setor mineral brasileiro
Um dos destaques do segundo dia do 14º Workshop Opex de Mineração, realizado na Fundação Dom Cabral, em Nova Lima (MG), foi o painel “Mulheres na Mineração: Avanços e Desafios”, que reuniu lideranças femininas e executivas do setor mineral.
Organizado com apoio da Revista Minérios & Minerales, o encontro mostrou que o debate sobre diversidade de gênero na mineração deixou de ser uma pauta periférica e se tornou um tema estratégico para a sustentabilidade e competitividade das empresas.
WIM Brasil: 40 mineradoras já aderiram ao movimento
A abertura do painel foi feita por Cláudia Villa Diniz, diretora do Women in Mining (WIM) Brasil, que apresentou o papel do movimento voluntário global na promoção da equidade de gênero.
“O WIM existe para construir um novo olhar para o setor mineral — um olhar de respeito, diversidade e valorização da mulher com excelência técnica e operacional”, afirmou Cláudia.
O WIM Brasil já conta com 40 mineradoras signatárias e oferece dois instrumentos principais:
- um plano de ação com oito estratégias sistêmicas;
- e o relatório WIM Brasil em Foco, que traça um diagnóstico sobre a participação feminina nas empresas.
Segundo Cláudia, 34 companhias já responderam à pesquisa e receberam relatórios individuais. “É um trabalho voluntário, mas transformador. Convidamos mais empresas e profissionais a se engajarem”, destacou.
Visão sistêmica e liderança feminina
Com mais de três décadas de experiência na Vale, Vânia Andrade, conselheira da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), reforçou a importância de uma visão sistêmica e plural dentro das mineradoras.
“Por muito tempo achei que o problema era meu, até entender que o olhar feminino é naturalmente sistêmico. As empresas ainda não valorizam isso como poderiam”, afirmou.
“Se não for por convicção, que seja por inteligência: o sucesso dos negócios passa pela diversidade”, completou.
Casos de sucesso: Jaguar, Pan American e Horizonte Minerals
A Jaguar Mining foi citada como exemplo de boas práticas.
Para Rayssa Garcia de Sousa, gerente de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho, o tema é mais do que inclusão — é respeito e dignidade.
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“Trazer mulheres para a mineração é garantir que elas possam trabalhar onde quiserem, com segurança e reconhecimento. Na Jaguar, a mulher tem lugar de fala”, disse Rayssa.
Na Pan American Silver, a executiva Maria Clara Duarte apresentou dados da mina Jacobina, que aumentou em 80% o número de mulheres desde 2020, passando de 105 para 183 colaboradoras.
“Ainda é pouco, cerca de 10% do total, mas avançamos e queremos mais”, destacou.
Já Priscilla Aranha, coordenadora de Pessoas da Horizonte Minerals, explicou que a empresa possui metas de liderança feminina, indicadores de clima organizacional e auditorias internas contra assédio e discriminação.
“O caminho é longo, mas estamos avançando com transparência e propósito”, afirmou.
Homens também fazem parte da mudança
Um ponto simbólico do evento foi a presença expressiva de homens no auditório, sinalizando que o tema da diversidade de gênero na mineração é coletivo.
Para as palestrantes, o engajamento masculino é fundamental para a transformação cultural e a construção de ambientes de trabalho mais inclusivos.
Diversidade como vantagem competitiva
O painel “Mulheres na Mineração” evidenciou que a inclusão de gênero no setor mineral não é apenas uma questão social, mas também de desempenho empresarial.
Estudos globais mostram que empresas com maior diversidade em cargos de liderança têm até 25% mais chance de obter resultados acima da média, segundo relatório da McKinsey & Company.
No Brasil, o avanço de iniciativas como o WIM Brasil e os programas internos de equidade indicam que o setor começa a redefinir seu modelo de gestão, valorizando talento e competência em todos os níveis.



