Este trabalho apresenta os estudos conduzidos com rejeito da flotação da planta de beneficiamento da Mina Morro do Ouro, na Kinross, com objetivo de elevar a recuperação de enxofre. Para realizar este trabalho foram feitas caracterizações mineralógicas visando identificar os minerais não recuperados na etapa de flotação. Estas caracterizações mostraram que o principal mineral não recuperado é a pirrotita. Estudos realizados na Mina Morro do Ouro mostraram que com o aprofundamento da mina há possibilidade de elevação da concentração do mineral pirrotita.
Com base na literatura, avaliou-se que a pirrotita monoclínica é ferromagnética, possuindo susceptibilidade
magnética suficiente para ser recuperada via separação magnética, sendo o mineral pirrotita complexo para recuperação via flotação convencional. Enquanto que a pirrotita hexagonal é paramagnética.
Testes de separação magnética foram realizados e identificado potencial para redução do teor de enxofre no rejeito a partir de campo magnético de 7500 Gauss, reduzindo 38% do teor de enxofre no rejeito da flotação com recuperação mássica de 1,8%.
A mina da Kinross localiza-se no munícipio de Paracatu e é lavrada desde 1987 através de lavra a céu aberto. O ouro é recuperado via gravimetria e flotação, seguidos por processos hidrometalúrgicos com lixiviação CIL. O teor médio de ouro é 0,452 g/t com recuperação metalúrgica de 76,95%.
O minério é sulfetado e além da recuperação de ouro, há necessidade de recuperar o enxofre cujo teor médio no ROM
varia de 1 a 1,2% – o teor de enxofre no rejeito da flotação deve ser abaixo de 0,500%; caso seja superior há necessidade de fazer a neutralização para envio à barragem.
O objetivo de realizar a neutralização é devido aos minerais sulfetados em contato com água, estando o meio susceptível a micro organismos naturais e/ou agentes químicos, tem potencial para serem oxidados e, com isto, haver formação de ácido sulfúrico. Esta reação culmina na redução do pH da água – este fenômeno é descrito como
drenagem ácida.
O principal sulfeto que interfere na baixa recuperação de enxofre na flotação é a pirrotita, localizada nos bancos mais profundos da mina. Logo, com o aprofundamento da mina, o problema de recuperação de enxofre tenderá a aumentar, elevando os gastos com dosagem de calcário para realizar a neutralização.
Os testes de separação magnética indicaram potencial para a recuperação da pirrotita que quando na forma monoclínica apresenta susceptibilidade magnética moderada, podendo ser recuperada em separador magnético de alto campo.
Logo, para o rejeito rougher, atualmente destinado à barragem de rejeitos, há necessidade de aplicação de um campo magnético superior a 7000 Gauss para recuperação da pirrotita. Quanto maior o campo magnético maior a recuperação. Porém, há necessidade da recuperação mássica ser baixa, pois o concentrado magnético possivelmente
será enviado para o tanque específico.
Há necessidade de realizar testes de separação magnética em escala contínua (teste piloto) para confirmação e validação dos resultados.
Com a redução do teor de enxofre no rejeito rougher para valor abaixo de 0,500%, haverá uma economia de US$ 1,5 milhão com dosagem de calcário. E, oportunidade de avaliar a redução dos reagentes da flotação.
AUTORES: Alvimar Antonio de Sousa, engenheiro especialista de processos; Getulio Gomes Junior, gerente de desenvolvimento tecnológico e Haline Cristina dos Santos Paiva – todos da Kinross