Segurança de barragens na mineração: normas, tecnologias e desafios no Brasil
A segurança de barragens na mineração tornou-se um dos temas mais críticos do setor mineral no Brasil. Os desastres de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) mostraram o impacto devastador que uma falha pode gerar, não apenas em termos ambientais e sociais, mas também na credibilidade da indústria.
Hoje, garantir estruturas seguras não é apenas uma obrigação legal, mas uma exigência estratégica para a sustentabilidade e a imagem do setor.
Importância da segurança de barragens na mineração
Riscos e impactos de falhas
Barragens de rejeitos armazenam grandes volumes de resíduos da mineração. Quando mal projetadas, monitoradas ou mantidas, oferecem riscos de rompimento, com consequências como:
- Mortes e deslocamento de comunidades;
- Contaminação de rios e solos;
- Prejuízos bilionários para empresas e para a economia regional.
Lições aprendidas após Mariana e Brumadinho
Esses acidentes levaram à revisão de normas legais, ao banimento de técnicas consideradas inseguras e à incorporação de novas tecnologias no monitoramento contínuo das estruturas.
Normas e regulamentações vigentes no Brasil
Política Nacional de Segurança de Barragens (Lei nº 12.334/2010)
É o marco regulatório da segurança de barragens no país, estabelecendo regras para planejamento, monitoramento, inspeção e planos de emergência.
Texto oficial: Lei nº 12.334/2010
Lei nº 14.066/2020
Aprovada após Brumadinho, alterou a lei anterior para:
- Proibir barragens construídas pelo método a montante;
- Exigir garantias financeiras das mineradoras;
- Aumentar as sanções administrativas.
Texto oficial: Lei nº 14.066/2020
Resoluções da ANM
A Agência Nacional de Mineração (ANM) reforçou as regras com normas específicas, como:
- Resolução nº 4/2019: fiscalização intensificada e auditorias externas obrigatórias;
- Planos de Ação Emergencial de Barragens de Mineração (PAEBM) com rotas de fuga e simulados com comunidades.
Mais informações: ANM – Segurança de Barragens
Tecnologias aplicadas ao monitoramento de barragens
Sensores IoT e monitoramento remoto
Sensores instalados nas estruturas medem pressão, umidade e movimentação do solo em tempo real, enviando alertas automáticos em caso de risco.
Drones, radares e imagens de satélite
Permitem monitorar deformações, erosões e movimentações de solo em áreas de difícil acesso, aumentando a precisão do controle.
Digital twins e inteligência artificial
Modelos digitais de barragens permitem simular cenários, prever falhas e testar soluções de engenharia, integrando dados de sensores e imagens.
Desafios atuais da segurança de barragens
Descaracterização de barragens a montante
Apesar da proibição, ainda existem estruturas em processo de desativação, o que exige altos investimentos e prazos longos.
Custos de adequação e manutenção
A implantação de novas tecnologias e reforços estruturais demanda investimentos elevados, especialmente para mineradoras de médio porte.
Capacidade de fiscalização e transparência
Órgãos estaduais e federais enfrentam limitações de recursos humanos e financeiros para fiscalizar todas as estruturas de forma contínua.
Caminhos para o futuro da segurança em barragens
Mineração 4.0 e ESG
A integração de sensores, IA e digital twins com políticas de responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG) tende a consolidar novas práticas de segurança.
Cooperação entre empresas, governo e sociedade
O fortalecimento de canais de comunicação com comunidades e a atuação conjunta de empresas, ANM, IBAMA e estados são essenciais para aumentar a confiança pública.
Conclusão: segurança como prioridade estratégica para o setor mineral
A segurança de barragens na mineração não é mais apenas uma obrigação legal, mas um imperativo para a sustentabilidade do setor.
Com normas mais rígidas, tecnologias em rápida evolução e maior pressão da sociedade, o Brasil tem avançado, mas ainda enfrenta desafios importantes na adaptação de estruturas antigas, fiscalização e transparência.
Garantir barragens seguras é assegurar a continuidade da mineração, proteger vidas e reforçar a confiança na indústria mineral brasileira.




