Com 65 anos de atuação no mercado, o grupo Itaminas está entre os principais produtores de minério de ferro de Minas Gerais. Ocupa hoje a 10ª posição entre as maiores produtoras de minério de ferro no Brasil. As operações do grupo estão localizadas no município de Sarzedo, na região metropolitana da capital Belo Horizonte. Gera mais de 700 empregos diretos e cerca de 2.000 indiretos. Produz quatro tipos de produtos: sinter feed concentrado, sinter feed alta sílica, hematitinha e pellet feed. As operações tiveram início em janeiro de 1958, em lavra a céu aberto. A empresa possui sete instalações para tratamento de minérios e uma unidade de blendagem de produtos.
No ano passado, a Itaminas foi vendida para um grupo de empresários mineiros – Rodrigo Gontijo, da AVG Mineração, Argeu Geo, da Ageo Agropecuária, e Daniel Vorcaro, do Banco Master. As tratativas foram conduzidas pelo presidente da Itaminas e fundador do centro cultural Inhotim, Bernardo Paz. Os valores não foram revelados.
A produção anual gira em torno de 6,5 milhões de toneladas de minério de ferro, mas, em dezembro, a companhia anunciou um investimento de R$ 1,5 bilhão para a modernização da planta em Sarzedo, onde opera duas barragens (B1 e B4) e ampliação do volume de produção, além do aprimoramento dos processos para se obter um minério de ferro de alta qualidade, contribuindo diretamente para a descarbonização da indústria siderúrgica.
A produção da Itaminas saltará de 6,5 milhões de toneladas/ano para 15,5 milhões de toneladas/ano (aumento de 145%), volume para o qual a empresa já possui licença ambiental. A expectativa é que, ao final dos investimentos, 70% da produção seja de minério com alta concentração de ferro. Esse teor é estratégico, uma vez que apenas 8% da produção mundial atinge essa concentração.
A nova gestão tem como um dos pilares centrais a sustentabilidade e a redução de carbono no processo produtivo. A principal estratégia para atingir esses objetivos é elevar o teor de ferro do minério de 62,5% para 67%, consolidando a Itaminas como uma fornecedora estratégica para os mercados europeu e asiático, que lideram metas ambiciosas de neutralidade de carbono. Para isso, a empresa está investindo em processos como moagem, espiral (separação magnética) e flotação.
Segundo a Itaminas, tais aprimoramentos permitirão a produção de um minério com menos impurezas, ideal para uso em alto-fornos de redução direta, destinados à produção de “aço verde”. O investimento total está previsto para ser concluído até 2033, mas a Itaminas trabalha para antecipar esse cronograma para 2030. O aporte inicial, de R$ 150 milhões, foi realizado com recursos próprios, ao comissionar o segundo processo de britagem. Atualmente, a companhia está em fase de captação de recursos entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões, com previsão de investir R$ 350 milhões em 2025. A partir de 2027, novos financiamentos estão planejados para as próximas etapas.
De acordo com Rodrigo Medrado Géo, vice-presidente de Finanças da Itaminas, até 2050, haverá uma lacuna de 200 milhões de toneladas entre a demanda e a oferta de minério de alta qualidade no mercado global. Hoje, esse produto é valorizado em 15% acima do minério padrão. “A produção do aço verde é uma demanda global. A Europa já aplica taxas às siderúrgicas que não produzem aço de baixa emissão de carbono”, apontou Thiago Toscano, presidente da Itaminas.
Complexo de tratamento
Pellet Feed: material fruto da concentração magnética de alto campo, este produto tem como característica teores entre 62% a 64% de ferro e faixa granulométrica entre 0 mm a 3 mm. A venda visa atender o mercado externo onde é destinado a pelotizadoras ou sinterizações, tornando-se insumos da indústria siderúrgica.
Sinter Feed: resultante da concentração magnética de médio campo, o sinter feed tem qualidade entre 56% e 58% de Fe, possuindo granulometria mais grossa que o pellet feed, entre 0 mm e 13 mm. Também é destinado principalmente ao mercado externo, compondo blends que vão suprir siderúrgicas que o utilizarão na sinterização.
Hematitinha: obtida a partir da britagem e peneiramento do minério, tem como característica granulometria entre 13mm a 19 mm e teor entre 56% Fe e 58% Fe. A destinação atende ao mercado interno, alimentando siderúrgicas voltadas à produção de gusa.
A Itaminas conta com uma estrutura industrial composta por:
- Duas unidades de britagem e classificação (ITM 4 e ITM 9);
- Duas unidades de concentração magnética de média intensidade (ITM 2);
- Uma unidade de concentração magnética de alta intensidade (ITM 8), equipada com sistemas de desaguamento para concentrado e rejeitos.
O processo produtivo da Itaminas ocorre em quatro etapas principais:
- Extração do minério, proveniente das minas próprias ou de terceiros;
- Beneficiamento, realizado nas usinas de processamento;
- Logística e escoamento, com transporte da produção até o terminal de embarque;
- Gestão de rejeitos, com aplicação de tecnologias de filtragem e desaguamento, eliminando a necessidade de barragens.
A estrutura industrial da Itaminas inclui operações de britagem e classificação, separação magnética, desaguamento de rejeitos, espessamento e filtragem de lamas. Atualmente, a companhia não utiliza barragens de rejeitos, a gestão dos mesmos é realizada por meio de filtragem a úmido, com quatro unidades de filtro prensa, que tratam as lamas e possibilitam o empilhamento a seco dos materiais.
Etapas de Expansão
A Itaminas está investindo na ampliação da produção e na melhoria da qualidade dos seus produtos, adotando novas tecnologias como concentração gravítica, moagem e flotação. Essas iniciativas visam a produção de insumos de alto valor agregado, contribuindo para a redução das emissões de carbono na cadeia produtiva do aço. O cronograma de expansão prevê:
Até 2027: Implantação das usinas de concentração gravítica, ampliação da filtragem prensa para lamas, instalação de moagem HPGR e novas usinas de britagem;
Até 2028: Construção de um novo terminal ferroviário, dobrando a capacidade de carregamento da empresa;
Até 2033: Instalação das usinas de moagem, flotação e filtragem a vácuo para produtos, em duas fases distintas (a primeira até 2030).